Júlia Aragão realiza pinturas em pequenos formatos por entender ser um convite à contemplação mais demorada, ao desenrolar de um cortejo premeditado de aproximação entre o observador e a pintura. Delicadas e memoriais, as obras representam um lugar seguro como uma morada, repleto de pequenas relíquias que remetem ao tempo e ao cuidado. Aragão apresenta narrativas que entrelaçam fatos e ficções ao espelharem percepções autobiográficas, familiares e coletivas, que se aproxima a expressões da cultura visual nordestina vivida pela artista.
A exposição conta com 19 obras expostas na ETEL, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1834 - Jardim América, São Paulo.
Sobre ETEL
Com seu trabalho pioneiro de reedições, a ETEL dá nova luz a desenhos primorosos da produção moderna no Brasil, descoberta tardiamente e hoje considerada uma das mais relevantes do período no mundo. Uma produção caracterizada pelo fazer artesanal e uso de matérias-primas preciosas, criada por arquitetos e artistas empenhados em evidenciar a cultura local sob influência das vanguardas internacionais.
O resgate é baseado em metodologia rigorosa, fidelidade aos originais e intenso diálogo com institutos e famílias que representam obras. Compõem a coleção, curada por Lissa Carmona, peças de: Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Jorge Zalszupin, Sergio Rodrigues, Oswaldo Bratke, Branco & Preto e Giuseppe Scapinelli, entre outros. A continuidade do legado moderno se dá por preeminentes criadores contemporâneos, entre eles: Isay Weinfeld, Arthur de Mattos Casas, Claudia Moreira Salles, Carlos Motta, Etel Carmona, Lia Siqueira e Dado Castello Branco.
Sobre Júlia Aragão
Júlia Aragão é bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará, encontrou na pintura e nos fazeres manuais uma maneira de lidar com o mundo concreto, de estar ao sabor do tempo das coisas. De 2018 a 2021 foi aluna de desenho e pintura da artista Paula Siebra, em 2021 iniciou seus estudos no ateliê Oruniyá. Em 2022 fundou com mais três jovens artistas o Ateliê Cinco Sete, espaço de ateliê coletivo e que trabalha para a divulgação da pintura em Fortaleza.
Tem a pintura como principal eixo do seu trabalho, onde elabora sobre seu imaginário afetivo, originado de sua vivência e dos contos familiares que cresceu ouvindo. O etéreo, a melancolia e o misticismo do cotidiano se fazem presentes em sua elaboração pictórica, profundamente influenciada pelos simbolistas, a Escola de Barbizon, os impressionistas e pela cultura popular do Ceará - pelos interiores das casas, as vistas da janela, os barulhos do telhado à noite, o mistério das plantas e das histórias contadas em sussurro.
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