domingo, 21 de março de 2021

Zagueiro e fisioterapeuta em setor Covid de hospital, os sacrifícios de Caio, herói e anjo: "Às vezes, treinava sem tomar café"

 

Um trecho da rotina de Caio César mostra o sacrifício dele de atuar em duas funções diferentes. O zagueiro do 4 de Julho, clube da cidade Piripiri, a 170km da capital Teresina, também é fisioterapeuta de um hospital em Tianguá, no Ceará, e dedicou os últimos meses para cuidar de pacientes com Covid-19 na unidade de saúde. O jogador ganhou repercussão em todo o país ao marcar o gol da classificação inédita do Colorado para a segunda fase da Copa do Brasil, e a história de superação viralizou.

 

- Meu telefone não parou, graças a Deus só com mensagens positivas, de felicidade e admiração. Aqui no 4 de Julho, trabalho com futebol. Lá, no hospital, trabalho ajudando o próximo - contou Caio, ao Esporte Espetacular.

 

Caio começou a dar plantão em Tianguá em agosto do ano passado, e a vida do jogador mudou completamente. Em dezembro, janeiro e fevereiro, ele precisou se multiplicar para dar conta dos seus dois compromissos: jogar futebol e pegar a estrada para atuar no combate ao coronavírus como fisioterapeuta nas enfermarias e na UTI do hospital.

 

O hospital onde Caio passou a trabalhar fica a mais de 100km de Piripiri, um trajeto que ele precisava fazer três vezes por semana, que demorava mais de 1h. Nesse período, pelo 4 de Julho, o zagueiro foi campeão estadual, e o título do Piauiense rendeu ao clube as vagas na Copa do Brasil, Série D do Brasileiro e Copa do Nordeste.

 

- Todo o dia era um novo dia. A rotina é pesada, a gente trabalhava diretamente com pacientes com Covid, que puxavam muito da gente. Em casa, tinha que estudar, ver o perfil do paciente. Às vezes, tenho que treinar até 10h. Depois, viajar 110km para a cidade. Entrava 12h no plantão e trabalhava até 22h. No outro dia, saía 5h para dar tempo de treinar, às vezes treinava sem tomar café, sem se alimentar porque não dava tempo. Treinava normalmente até 10h, par voltar lá (hospital) e cumprir a escala. Não podia ficar lá os dois dias seguidos porque treinava – narrou

 

Não descansava. Às vezes só dormia 3h ou 4h por dia, tinha a questão da viagem, bastante cansativo

 

Tamanho esforço recebeu o apoio da diretoria do 4 de Julho. Mesmo com a rotina pesada, Caio nunca faltou aos treinos do Colorado. Graças ao gol do zagueiro, o clube faturou mais R$ 675 mil pela classificação na Copa do Brasil.

 

- É um motivo de orgulho para clube, é um atleta que foi feito aqui no 4 de Julho, iniciou conosco. Ele está até hoje nos ajudando, isso é importante para gente. A gente sabe da responsabilidade do atleta, do profissional, do cidadão. A situação foi levada para a comissão técnica, que sensibilizada – narrou Edilson Moreira, diretor de futebol.


Fonte: G1 Piaui 


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