Durante a conferência mundial Rio-92, a Organização das
Nações Unidas (ONU) sugeriu a criação do Dia Mundial da Água, que passou a ser
comemorado anualmente no dia 22 de março. A data é um marco, pois é um dos
maiores incentivos à preservação ambiental e a valorização dos recursos
naturais. Porém, mais de vinte anos se passaram e pouco mudou no cenário
nacional e mundial.
A poluição permanece como um dos maiores problemas do
planeta e a escassez de água é uma realidade para grande parte da população. De
acordo com a ONU, que este ano tem como tema ‘Água e Desenvolvimento
Sustentável’, estima-se que em dez anos 48 países não tenham água suficiente
para atender a população. Além disso, a ONU afirma que até 2030 a demanda pela
água será 40% maior do que a oferta.
A responsabilidade por esses problemas não é só da
população, que representa apenas 10% do consumo de água no país, mas também das
empresas, já que muitas desperdiçam os recursos hídricos e ainda poluem o meio
ambiente através da fabricação dos seus produtos. Um dos principais
responsáveis pelos problemas ambientais é o setor agrícola, que consome cerca
de 70% da água do Brasil, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação, e da construção civil, que lança no ambiente uma
quantidade excessiva de dióxido de carbono (CO2) e resíduos.
Porém, pequenas mudanças no processo construtivo e de
finalização da obra trazem não apenas melhorias para o ambiente, mas também
vantagens financeiras para as construtoras e investidores. De acordo com João
Pina, diretor da JCP Construções e Incorporações S/A, é preciso atentar para as
necessidades do ambiente. “A sustentabilidade já faz parte do nosso cotidiano e
as construtoras para obterem êxito terão, cada vez mais, que adotar estas
soluções, ou seja, é uma questão de sobrevivência e qualidade”, explica.
Segundo Selma Alves, professora de Tratamento de Água e Efluentes
do grupo DeVry Brasil, a consciência da
importância da economia mudou a rotina nos canteiros de obra, que hoje
preocupam-se em coletar água da chuva, restringir o uso da mangueira e
reaproveitar a água para lavar ferramentas. "Existe uma preocupação com a
questão da sustentabilidade. Além disso,
as construtoras buscam reduzir o desperdício, porque isso implica em redução de
custo da construção", finaliza.
E as empresas também estão envolvendo toda sua cadeia
produtiva. Em uma iniciativa inédita, o McDonald’s reuniu cerca de 60
fornecedores da sua cadeia produtiva e a organização The Nature Conservancy
para sensibilizá-los sobre a crise hídrica e incentivá-los a discutirem
alternativas para a redução drástica no consumo de água nos processos produtivos.
Segundo o Diretor de Supply Chain do McDonald’s, Celso Cruz, o desafio é obter
resultados para toda sociedade. “Estamos rompendo paradigmas em busca de
mudanças relevantes, com resultados positivos não só para os restaurantes, como
também para a sociedade como um todo”, explicou.
Outra empresa que investe em inovação e sustentabilidade
para implementar estratégias para redução do uso e neutralização de impacto
ambiental na água em todo o ciclo do negócio é a Natura. Em 2010, se tornou a
primeira empresa de cosméticos do mundo a calcular sua pegada hídrica,
metodologia da Water Footprint Network (WFN) que mapeia o impacto do
fornecimento de insumos (matérias-primas e materiais de embalagem), da fase de
produção e distribuição dos produtos até o uso e descarte dos itens pelos
consumidores. O diagnóstico está fomentando a estratégia de gestão da água e
deve influenciar positivamente todos os envolvidos.
Outro indicador da Natura que vem registrando avanços se
refere ao reuso da água, que cresceu 67% entre 2011 e 2012. A água reciclada é
usada nos sistemas de irrigação, nos sanitários e, atualmente, também nas
caldeiras para gerar vapor, no resfriamento ou aquecimento de equipamentos e no
resfriamento do ar-condicionado da empresa. A água da chuva também é
aproveitada, inclusive na fabricação de sabonetes.
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