Por Fernando Barros* - No começo de 2017, na expectativa de tentar atrair um dos maiores publicitários da História para trabalhar a imagem projetada pela agricultura brasileira, estivemos no escritório de Washington Olivetto, em São Paulo.
Um clima de cordialidade quase fraternal foi instalado de pronto, antes mesmo que o cafezinho fosse servido. No primeiro contato ficou muito claro que a simplicidade, humildade e o rito acolhedor eram marcas profundas na atitude de ambos.
Paolinelli abriu a conversa com o questionamento sobre o contraste entre as entregas que a agricultura havia feito ao Brasil e a dificuldade resiliente de se trabalhar a sua imagem diante da sociedade, no País e fora dele.
Olivetto fez primeiro algumas considerações sobre o que acreditava ser o eixo de sucesso de qualquer campanha publicitária: tem que atender aos objetivos da marca; tem que ser adequada à mídia na qual é veiculada; “e tem que virar papo de botequim, tem que entrar na cultura, na vida das pessoas”.
Parece simples e óbvio. E é. O ensinamento, de profundas repercussões, provavelmente marcou a visão do Ministro: é preciso haver uma conexão entre o discurso de venda de qualquer produto e a sociedade. Daí porque a proposta dos Polos Demonstrativos evoluiu a partir dos propósitos da transparência e da credibilidade proporcionada pela aferição confiável.
Para mim, o papo representou um sublime encantamento. No mesmo ano conseguimos realizar no CNPq, com o apoio de Evaldo Vilela, o primeiro Seminário do Brasil ( e seguramente um dos primeiros em todo o mundo) sobre o tema: “Diálogo entre o Agro a Ciência e Sociedade”.
Mas, ao ser provocado se poderia contribuir diretamente com o propósito do Fórum do Futuro, Olivetto foi respondeu:
- Todas as vezes que tentei trabalhar a imagem da agricultura esbarrei no problema da representatividade. Nunca existe um interesse unificado. Simplesmente, não consegui.
O momento é triste, mas nos permite jogar uma luz sobre o significado histórico e estratégico do Seminário Fórum do Futuro-Noruega, voltado para a promoção do diálogo entre o Agro Sustentável brasileiro e a sociedade escandinava. Pela primeira vez ousamos ir além do mercado, falar fora da bolha. Ou, na síntese de outra genialidade, Dominique Wolton, “comunicar é negociar”.
E só estamos conseguindo concretizar esse sonho porque visionários como Cesar Souza acreditaram na receita deixada por Alysson/Olivetto e porque temos o Paulo Romano como coautor da História e testemunha viva desse legado.
O Fórum do Futuro levará a Oslo algumas das mais sólidas lideranças da Ciência e do empreendedorismo sustentável do Brasil, mas com o cuidado de conclamar pela empatia. Não vamos chutar a porta de ninguém impondo a nossa numerologia. Temos a convicção de que a única alternativa para enfrentarmos este momento complexo é a parceria, a visão colaborativa, transparente e orientada pelo interesse maior da humanidade.
O celular emprestou ao consumidor final a condição de “decision makers”. A Ciência e os Negócios precisam encarar essa nova realidade como uma oportunidade. Sabemos que o passado só retorna como farsa. Bem-vindo a uma nova Era.
Algumas frases clássicas de Olivetto ajudam a construir um novo “mindset” para os desafios desta quadra do Século XXI:
“Toda publicidade é uma intromissão. E o mínimo que um intrometido deve ser é charmoso e bem-educado”.
“O cartão é mais importante do que as flores. Dois rapazes parecidos podem mandar flores iguais para uma mesma moça, mas certamente faz mais sucesso quem escreve o melhor cartão”.
“É bem melhor ser coautor de coisas brilhantes do que autor solitário de coisas medíocres”.
“Uma das grandes coisas que impedem, muitas vezes, de se fazer coisas brilhantes é o medo e a busca excessiva de segurança”.
“Mas difícil do que ter uma grande ideia é reconhecer uma. Especialmente se for de outra pessoa”.
*Fernando Barros - Jornalista e Diretor-Executivo do Instituto Fórum do Futuro
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