Pela alcunha de Decada Explosiva, Marcos retorna ao universo musical com o EP “A Distância Entre as Cidades”, lançado agora em todos os streams. “Esse nome Década Explosiva é em referência a uma coletânea antiga que pegou diversos hits românticos dos anos 1970, que tocava na rádio com tradução das músicas. E eu cresci ouvindo esses sons nas casas de parentes, que sempre tiveram essa coletânea em casa”, comenta Marcos. Sobre o nome do disco, ele explica: “Na época que fiz essas canções eu estava num relacionamento a distância, então é uma coisa concreta. Mas também tem uma obra do artista cearense José Leonilson, um bordado que tem a seguinte frase: se você sonha com nuvens, a distância entre as cidades, que gosto bastante e junta o nome do álbum com o nome da terceira faixa”.
O primeiro lançamento de Década Explosiva é um disco fácil de escutar. “Easy listening”, como dizem os nativos de língua inglesa. Fácil de gostar talvez o defina melhor, pois o disco requer atenção para ser apreciado em suas nuances, camadas, arranjos. É melódico e romântico com responsabilidade, dentro da realidade. Difícil traduzir ou etiquetar a música feita por Década Explosiva. Com influências que vão de Tom Jobim a My Bloody Valentine, passando pela música brasileira setentista, aquela que flertava com o jazz e a psicodelia. Muito do pop rock também está presente na obra. Boa parte das melodias vêm do rock sessentista dos Beach Boys e dos Beatles e fazem naturalmente ponte direta com o Clube da Esquina.
Seja na melancolia contida nos acordes da guitarra de “1 + 1= 1”, nas percussões do pernambucano Gilú Amaral e nas poucas palavras jogadas ao vento no final. Há espaço para alusões cinematográficas a Emir Kusturica, em “Arizona Sonho”, canção que mescla português com inglês, junto a versos cantados com sotaque alagoano. Na faixa “Se você sonha com nuvens”, a veia indie rock aparece com mais sem vergonhice. A guitarra outra vez é o grande condutor da música com belos arranjos e riffs que parecem mais preocupados em causar conforto do que soarem pungentes ou agressivos. Na penúltima canção, intitulada “Década Explosiva Romântica”, nós temos talvez a faixa mais oriunda da música popular brasileira. Vale ressaltar que o título indica o norte de todo o disco, que é o romantismo presente nas belas trilha de novelas, nas madrugadas da rádio. Tudo isso é também reverenciado com muito respeito no álbum. Fechando o disco, “Raisa”, uma “bossa gaze”, misturando as diversas fases do projeto e do artista com maestria.
Por fim, “A Distância Entre as Cidades”, de Década Explosiva, é um retrato maduro, adulto e ousado de mais de quinze anos de música independente nordestina. E mesmo assim soa leve e otimista. O álbum foi gravado em Maceió (Estúdio Montana), Olinda (Toca do Lobo) e Fortaleza. Mixado e masterizado no estúdio Toca do Lobo (Olinda - PE). Quem assina a arte da capa e demais ilustrações é a artista cearense Raisa Christina.
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