sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Festas de fim de ano: fogos de artifício afetam crianças autistas com sensibilidade ao som


A virada do ano costuma trazer celebrações marcadas por fogos de artifício. Para muitas famílias, no entanto, esse momento se transforma em um período de tensão. Crianças com hipersensibilidade auditiva, condição bastante comum em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), podem vivenciar episódios intensos de desconforto diante dos ruídos altos e inesperados, o que impacta diretamente o bem-estar de toda a família.


A hipersensibilidade auditiva está relacionada a alterações no processamento sensorial, fazendo com que determinados sons sejam percebidos de forma amplificada. De acordo com a psicóloga e analista do comportamento Carla Patrícia, diretora clínica geral do Instituto do Autismo, esse é um fator recorrente entre crianças com TEA. Segundo ela, ruídos como os fogos de artifício costumam provocar incômodo significativo e, em muitos casos, sofrimento.


Carla explica que uma das estratégias mais importantes para lidar com esse tipo de situação é a previsibilidade. “Preparar a criança previamente, explicando que haverá fogos durante as comemorações e mostrando o que vai acontecer, contribui para reduzir o impacto do barulho. O uso de abafadores ou protetores auriculares também pode ajudar a minimizar o desconforto auditivo”, explica.


Durante períodos com excesso de estímulos sonoros, é comum que as crianças demonstrem sinais claros de sobrecarga sensorial. Entre eles estão irritação, choro, tentativa de tampar os ouvidos, incômodo evidente com o ambiente e aumento na frequência de estereotipias. Em situações mais intensas, a criança pode apresentar desorganização comportamental ao permanecer em locais com muito barulho.


Para reduzir esses efeitos, a diretora clínica orienta que as famílias organizem ambientes mais tranquilos dentro de casa ou em outros espaços. Criar um local com iluminação suave, músicas calmas e atividades que ajudem a distrair a criança pode fazer diferença. Ter protetores auriculares ou abafadores sempre disponíveis também é uma medida importante para momentos de maior intensidade sonora.


A preparação prévia, de acordo com Carla Patrícia, tem papel fundamental nesse processo. Manter rotinas estruturadas e avisar com antecedência sobre o que vai acontecer ao longo do dia ajuda a diminuir o efeito surpresa causado pelo barulho dos fogos, tornando a experiência menos angustiante para a criança.


Nos últimos anos, algumas cidades passaram a adotar fogos silenciosos como alternativa para reduzir o sofrimento de pessoas com transtornos ou disfunções sensoriais, além de minimizar o impacto sobre os animais. Ainda assim, em locais onde essa prática não é realidade, muitas crianças com TEA continuam sendo diretamente afetadas durante as comemorações.


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