De acordo com projeções de mercado, o setor de geração de vídeo por IA deve crescer de US$ 614,8 milhões em 2024 para US$ 2,5 bilhões até 2032, segundo relatório da Market.us. A aceleração dessa indústria é evidente, impulsionada por plataformas que prometem criar vídeos em segundos, sem a necessidade de estúdios, atores ou edições complexas.
Apesar do entusiasmo, os números escondem uma questão sensível: a percepção do público. Estudos mostram que mais de 50% dos consumidores tendem a se engajar menos com conteúdos quando descobrem que foram gerados por inteligência artificial, mesmo que a qualidade visual seja alta. A explicação está na falta de autenticidade: o público ainda valoriza rostos reais, emoções genuínas e histórias contadas por pessoas — não por avatares.
No marketing, esse comportamento já tem nome: “aversão algorítmica” — quando, mesmo diante de um conteúdo tecnicamente bom, o consumidor o rejeita ao saber que não foi feito por humanos. Outro levantamento apontou que vídeos com pessoas reais geram, em média, duas vezes mais comentários do que imagens estáticas, e até 30% mais engajamento quando fazem parte de estratégias recorrentes.
Um exemplo real recente reforça esse debate. Durante o Jogo 3 das finais da NBA de 2024, a plataforma Kalshi exibiu um comercial de 30 segundos totalmente criado com inteligência artificial, usando imagens geradas por modelos como o Google Veo. O vídeo foi produzido por um único criador em apenas dois dias e custou cerca de US$ 2.000 — uma economia de mais de 95% em relação aos padrões tradicionais de produção, que costumam superar os US$ 400 mil.
O resultado? Mais de 20 milhões de visualizações nas redes sociais, mas também reações divididas. Parte do público destacou a inovação, enquanto profissionais da área apontaram "visuais artificiais" e uma “falta de consistência emocional”. O vídeo cumpriu seu papel de alcance e economia, mas levantou dúvidas sobre a profundidade da conexão gerada com o público.
Outro ponto importante é que, no Brasil, 96% dos criadores de conteúdo já utilizam ferramentas de IA, segundo dados do YouTube. No entanto, a grande maioria ainda recorre à IA para apoio em roteiro, edição e automação — não para substituir a presença humana em frente às câmeras.
A conclusão é clara: a inteligência artificial pode ser uma grande aliada na produção de conteúdo, especialmente para reduzir custos e otimizar processos.
Mas quando o objetivo é gerar conexão real, confiança e engajamento emocional, pessoas reais continuam sendo o elo mais forte entre marcas e audiência.
Empresas que buscam eficiência devem considerar o uso da IA como um suporte — nunca como substituição total. Afinal, em um mundo onde a confiança é um ativo cada vez mais valioso, autenticidade ainda é o que diferencia marcas memoráveis das esquecidas.
Por Leandro Carpegeani – Especialista em Comunicação e Marketing
Leandro Carpegeani é publicitário e formado em Marketing, com sólida atuação em comunicação estratégica, eventos corporativos e marketing digital.
Possui as seguintes especializações:
MBAs:
· MBA em Marketing Digital Global e de Relacionamento
· MBA Executivo em Gestão Empresarial
· MBA em Gestão de Eventos
· MBA em Jornalismo
Pós-graduação:
· Comunicação e Marketing
Atualmente, é diretor da agência Ekoala Marketing Digital, onde lidera projetos de branding, conteúdo, tráfego pago e relacionamento com foco em resultados para empresas de médio e grande porte.
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