Para Nanini, que é recifense, é sempre uma emoção voltar a sua cidade natal. “Estou muito feliz em chegar ao Recife com essa obra, que é um trabalho que divido com minha grande amiga e também grande artista, que é Camilla Amado. Sou pernambucano e cada vez que volto ao Recife, me sinto em casa. Será uma alegria receber o público no Teatro do Parque”, revelou o ator.
Clássico do dramaturgo romeno Eugène Ionesco, ‘As Cadeiras’ nasceu do desejo profundo de seguir fazendo teatro durante a pandemia, tanto de Marco Nanini, como de Fernando Libonati e Camilla Amado (in memorian), cujo trabalho acabou sendo o derradeiro ato de uma trajetória intensa dedicada aos palcos. Com a incerteza de quando seria possível reencontrar o público, Nanini, Camilla, Fernando e a equipe começaram a fazer leituras e ensaios virtuais, em 2020 e, com o prolongamento da pandemia, resolveram que apresentariam a obra em dois formatos: ao vivo e gravado. Filmaram o espetáculo no turbulento janeiro de 2021. O espelho entre a ficção e a realidade era inevitável, ao encenar esse clássico do Teatro do Absurdo que fala justamente sobre incomunicabilidade, com dois personagens isolados em uma ilha.
O resultado é o projeto “Teatro na tela”, em que, através de recursos do audiovisual e um texto universal, a história é contada com o que há de mais precioso no teatro: os intérpretes. Ambientado em um farol, numa ilha qualquer do planeta, ‘As Cadeiras’ coloca em cena um casal de idosos que espera ansiosamente por seus convidados para no momento certo revelar a uma plateia imaginária sua mensagem ao mundo. É quando os dois deixam aflorar alienação, isolamento, solidão, tédio e uma busca desesperada para entender a humanidade.
Uma obra cercada de amigos
‘As Cadeiras’ marca a primeira direção de Fernando Libonati, cuja carreira como produtor teatral engloba uma série de grandes êxitos à frente da produtora fundada por ele e por Nanini há mais de trinta anos, a Pequena Central. Conhecido por ser um produtor extremamente ligado ao processo de criação, Fernando resolveu, pela primeira vez, assinar, efetivamente, uma função artística. Na primeira leitura do projeto, Camilla chegou a comentar: ‘Na verdade, Nando sempre nos dirigiu, mesmo como produtor, sempre esteve ali nos guiando e cuidando dos atores. Agora só está oficializando isso’.
Para a empreitada, Fernando esteve cercado de uma ficha técnica que também circula com desenvoltura entre o teatro e o audiovisual, como Gringo Cardia, na concepção visual; Deborah Colker, na direção de movimento; Antonio Guedes, no figurino; e iluminação e efeitos assinados por Julio Parente.
Toda a concepção do trabalho visa privilegiar a performance dos atores. Fernando filmou as sequências sem cortes, praticamente, com as cenas na íntegra, como no teatro. No estúdio, duas câmeras captavam as interpretações de Nanini e Camila, em 360 graus, registrando detalhes e também a força cênica do clássico texto. O projeto é uma iniciativa do Ministério do Turismo e Porto Seguro, com produção e execução local da Fervo Projetos Culturais e apoio da Fiat Italiana e Restaurante Leite.
O ato final de uma dupla que o teatro uniu
‘As Cadeiras’ celebra a amizade entre Nanini e Camilla, que se inicia na década de 1970 e perdura pelas cinco décadas seguintes. A primeira parceria profissional foi em ‘Encontro no Bar’ (1973), seguida pela lendária montagem de ‘As Desgraças de uma Criança’ (1974). Ao longo dos anos, a relação deles se consolidou para além dos palcos e, desde então, eles buscavam um texto para encenarem juntos.
Camilla já havia protagonizado uma montagem de ‘As Cadeiras’, na juventude, e sugeriu a leitura da peça com Nanini, em 2017, na época em que o ator, ao lado de Fernando, organizou um ciclo de leituras antes de ensaiar ‘Ubu Rei’. A semente foi plantada e, em plena pandemia, houve vontade de resgatar a peça e finalmente pensar em um retorno aos palcos.
Infelizmente, Camilla faleceu cinco meses após a conclusão das filmagens. Semanas antes de morrer, ela conseguiu assistir ao resultado do último registro de sua brilhante e irretocável trajetória como atriz.
SERVIÇO:
OBRA AUDIOVISUAL ‘AS CADEIRAS’
Onde: Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81, Boa Vista
Quando: quinta e sexta-feira (2 e 3 de março de 2023)
Horário: 19h
Ingressos: R$20 E R$10 (vendas no site www.guicheweb.com.br)
Classificação: 12 anos
Informações: +55 (81) 3097.5268 ou +55 (81) 99301.9483 (Fervo Projetos Culturais)
NOITE DE AUTÓGRAFO DO LIVRO ‘O AVESSO DO BORDADO (PRESENÇA DE MARCO NANINI)
Onde: Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81, Boa Vista
Quando: quinta-feira (2 de março de 2023)
Horário: 17h
Aberto ao público (gratuito)
BATE-PAPO SOBRE PRODUÇÃO TEATRAL NA PANDEMIA (PRESENÇAS DE FERNANDO LIBONATI, SAMUEL SANTOS E EDJALMA FREITAS)
Onde: Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81, Boa Vista
Quando: sexta-feira (3 de março de 2023)
Horário: 17h
Aberto ao público (gratuito)
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