sábado, 19 de outubro de 2024

PC Silva lança álbum com participações de Zeca Baleiro e Juliana Linhares



Cantor e compositor de destaque na nova safra da música brasileira, PC Silva lança o álbum “Me dê notícias do universo” no dia 18 de outubro nas plataformas digitais.
Com participações de Zeca Baleiro, Juliana Linhares e dos conterrâneos Marcello Rangel e Ezter Liu, o novo projeto apresenta uma versão mais festiva e vibrante do artista sertanejo, entremeada pelas letras bem costuradas nas quais ele ora abre caminhos para idas e voltas reflexivas sobre os mistérios e as agruras do mundo ora se entrega a flertes sensuais e provocantes.



Com sonoridade mais preenchida e marcada pela bateria e percussão, o álbum conta novamente com produção musical do requisitado Juliano Holanda, amigo e coautor em mais de uma dezena de músicas, e foi gravado com Juliano (guitarras), Rostan Junior (bateria), Miguel Mendes (baixo), Gilú Amaral (percussão). Pensado como uma amostragem de vários núcleos sonoros possíveis que se comunicam entre si, leva o ouvinte a interpretar e criar os próprios universos a partir da sua imaginação e referências individuais. Com 11 faixas, foi construído a partir de parcerias - são sete ao total -, apontando para um novo momento do artista, que em seu primeiro álbum dividia apenas duas canções..



Em seu segundo álbum, PC Silva volta a mesclar retratos conceituais e visuais com o refino poético que marca sua trajetória de letrista. A faixa-título, “Me dê notícias do universo”, é canção de amor não romântico que parte do Sertão do Pajeú. “Cada frase é sobre uma característica que acho bonita na pessoa do meu pai. Muito além disso, é uma declaração de amor à vida e à nossa existência nesse plano”, explica. Ele também presta tributo, em “A flor das algarobas”, à poeta Severina Branca, conterrânea quase octogenária sem oportunidade de educação formal e autodidata na arte de transpor para os versos as inspirações captadas em amores, saudades, perdas, tradições, decepções e sofrimentos no dia a dia e nos cabarés frequentados na sua juventude boêmia. 



Como indica na canção de abertura, “De Nova Orleans até Taperoá”, na qual aproxima o berço do jazz e a cidade do interior paraibano conhecida por ser onde nasceu Ariano Suassuna, ele viaja por múltiplas referências para ilustrar mensagens sociais sobre cor e injustiças. Sem recorrer à pressa dos atalhos, como versa em “Sinto que estou bem”, composta e gravada com o conterrâneo Marcello Rangel, o cantor degusta as palavras embaladas na percussão volumosa de Gilú Amaral. 



Em dueto com a potiguar Juliana Linhares, curte o deleite de matar o desejo e descer ladeira sem freio nas estrofes da sensual “Arrodeio”, com a qual se apresenta como certeiro compositor de amores quentes. O mergulho se repete em “Lambada exuberante”, parceria dançante e provocante com o maranhense Zeca Baleiro. “Depois desta já compusemos outras quatro músicas. PC é um cara muito musical, bom melodista, bom cantor. A música ficou incrível, estou muito feliz com essa parceria e honrado com o convite para participar da gravação”, comemora Zeca. 



O novo álbum também vibra na frequências dos desafios contemporâneos, intensificados pela realidade dos dias pós-pandemia. “Nós tivemos que fazer parte de um fim do mundo a cada dia, nos últimos e terríveis anos, especialmente aqui no Brasil. Pela pandemia e pela tensão política que tornou tudo mais difícil. Os avanços tecnológicos, a nova agenda de exploração espacial, a chegada da inteligência artificial e a ascensão de tantos bilionários ao redor do mundo, entre outros pontos, por mais controverso que pareça, também dão impressão de fracasso da humanidade que assiste à fome crescer, à destruição das florestas e das reservas de água, as guerras, aos genocídios, ao fascismo e a tantas outras pragas”, reflete o artista. 



PC enxerga o trabalho do artista como um beija-flor ao tentar apagar um incêndio em uma floresta. “Sinto que nosso papel é esse no mundo e devemos continuar apagando esse fogo, enquanto pudermos”, diz ele, cujas músicas responsáveis por torná-lo um dos compositores mais festejados da nova geração já foram escolhidas para serem gravadas por nomes como Ney Matogrosso, Mariana Aydar e Simone. O sentimento fica explícito em “Beira de Mar”, primeiro single lançado, em que ele e Ezter Liu cantam um futuro distópico no qual apenas trilionários sobreviveram e questionam a forma como a humanidade lida com o meio ambiente e a ganância. 



As reflexões sobre sentimentos, a falta do lar e a passagem das horas, herdados do álbum de estreia, “Amor, saudade e tempo”, persistem em “Rosa das horas”, tecida a partir de tema lançado por Juliano Holanda tal qual num desafio de repente, no passeio por vários destinos de “Lá vou eu” - que se torna ainda mais especial para o artista com a presença da voz de sua filha Nina, de 5 anos -, nos olhos fechados para recordação de “Águas da lembrança”, gravada com o violão da coautora Joana Terra, e na sina existencial de “Idas e voltas”. Entre os passos para a imensidão do mundo a conquistar pela música e o retorno poético às origens inspiradoras, PC Silva entrega um álbum dedicado à beleza da vida aqui e agora de lugares físicos e abstratos, das pessoas com as quais cruzou ao longo da vida e de possíveis Brasis. 



FAIXA A FAIXA, por PC Silva



De Nova Orleans até Taperoá (PC Silva)


Essa canção foi se modelando através da sonoridade das palavras dentro da temática que eu estava interessado em falar que é a valorização da contribuição da cultura negra, base fundamental daquilo que conhecemos como brasilidade. Queria falar sobre a beleza da cor que dá o “toque que colore a alma brasileira”, as injustiças sociais e violência policial por conta do “aspecto físico fácil de detectar” dessa população que também é a mais marginalizada. Quis falar da caricatura alegre do futebol e do samba, quando o país inteiro espera e pede, nas Copas e nos carnavais, “traz pra nós a felicidade na ponta dos pés”. Uma igualdade (talvez ingênua) de que não importa a cor da pele pra quem pratica o amor. 



Sinto que estou bem (PC Silva e Marcello Rangel)


Nasceu de uma necessidade de dizer pra nós mesmo que o tempo das coisas pode ser diferente. A correria em que nos metemos diariamente pode ser diferente. É um recado nosso, pra todo mundo, que diz que é preciso enxergar a paisagem do caminho e que leva muito tempo construir uma kalimba, mas que a sonoridade compensa. Plantamos a ideia de que a “pressa dos atalhos” nem sempre é mais valiosa do que poder e saber abrir suas próprias veredas e seus próprios caminhos.



Arrodeios (PC Silva)


É uma canção de amor. Um amor quente. Uma poesia de amor quente. Quando convidei Juliana Linhares, que é uma das maiores cantoras desse Brasil, eu tinha ainda mais certeza que seria uma das minhas favoritas do disco. E sem dúvidas é. Juliana Linhares trouxe uma interpretação teatral pra música que só ela poderia trazer. Ela gravou a distância e eu não vejo a hora de poder cantar com ela, ao vivo, em algum show.



Rosa das horas (PC Silva e Juliano Holanda)


Essa parceria surgiu da provocação dele, por mensagem de texto: “O tema é: Rosa das horas”. Logo depois, eu mandei a letra, como quem escreve um poema, sem imaginar melodias ou sonoridade. Pouco tempo depois, ele já mandou a música prontinha. Como sempre. Essa forma de compor em parceria, enviando apenas uma letra a partir de uma frase tema, deixou aberta a subjetividade, o que achei ótimo.



Me dê notícias do universo 


Essa é sobre a figura do meu pai. Cada frase é sobre uma característica que acho bonita na pessoa do meu pai. Muito além disso, é uma declaração de amor à vida e à nossa existência nesse plano. É sobre o mistério do infinito e sobre as certezas que temos naquilo que acreditamos através do amor. Quando compus essa música, eu senti que se abria um portal para começar a pensar nesse novo disco. Todas as demais gravitam ao redor dela.



A flor das algarobas (PC Silva e Juliano Holanda)


Juliano mandou uma melodia e eu rapidamente escrevi a letra. Fomos lapidando e considero mesmo uma joia preciosa. Foi a última das canções a ser feita e parecia que o disco só poderia começar depois que ela chegasse. Essa música me conecta com o meu lugar de origem, com a poesia do Pajeú e faz uma singela homenagem a Severina Branca, poeta no alto dos seus quase 80 anos que viveu e vive a poesia da forma mais intensa.



Beira de mar (PC Silva e Ezter Liu)


Fala sobre um futuro distópico onde humanidade tem que conviver à beira do fim da linha, enquanto trilionários flutuam à deriva tentando não afundar, enquanto carregam todo o peso do orgulho mais imbecil que encaminhou a humanidade até ali, sem saber que a salvação só pode ser alcançada através da simplicidade, coisa que um trilionário não pode alcançar.



Lá vou eu (PC Silva)


É sobre lugares onde já fui, onde já morei, onde já quis morar e onde nunca pensei alcançar. Lugares físicos, mas também subjetivos. Isso de ser artista, de carregar esse ofício de compositor como atividade principal na vida. Sobre a chegada da minha filha e o norte que isso me deu. Por isso mesmo eu quis ter a voz dela registrada nessa faixa, pra poder ouvir sempre a voz da criança que é a coisa mais incrível que tenho dentro de mim.



Lambada exuberante (PC Silva e Zeca Baleiro)


É a mais antiga do disco. Nasceu da ideia de brincar com as possibilidades da língua portuguesa. Do X com som de Z. Dessa malícia de poder usar a nossa língua de várias maneiras e o trocadilho, obviamente, sugeriu a sensualidade toda que está presente. A voz de Zeca Baleiro é uma assinatura. Feliz demais com essa parceria e com o resultado que conseguimos. Certamente é uma das minhas prediletas do disco.



Águas da lembrança (PC Silva e Joana Terra)


Ela se encaixou de uma forma muito bonita dentro do conjunto de canções do álbum por conta do violão que Joana Terra, parceira na composição, me mostrou quando mandou a melodia onde fiz a letra. Trata do sentimento de ir embora e voltar. Seja de onde for. Trata do peso e das alegrias que isso tem. É sobre pertencer a um lugar e não necessariamente deixar de pertencer a outro.



Idas e voltas (PC Silva)


Mais uma canção sobre permanência e impermanência. Muito mais no sentido metafórico dessa vez. Outra parceria com Juliano Holanda. Música pra encerrar o disco, mas também é ela quem precede a primeira no looping eterno das idas e voltas, “arremedando as marés”. É uma das que mais dialogam com o primeiro disco, ao mesmo tempo que é uma das que mais conceituam esse novo álbum.

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