Em 2020, Arnaldo Sete resolveu “mergulhar” no universo circense, e nem uma pandemia mundial, que paralisou o mundo naquele ano, foi capaz de detê-lo. Foram três meses acordando e dormindo com os profissionais que fazem parte do Circo Alves, que é uma instalação itinerante e que estava localizada em Caruaru, no Agreste pernambucano, quando o projeto foi iniciado. “A forma como fui acolhido pela família Alves foi inesquecível. As imagens que produzi foram feitas a partir do privilégio que tive de conviver com cada integrante e presenciar, de perto, situações que normalmente o grande público não tem acesso”, ressalta Arnaldo.
O projeto "Por trás da lona", segundo o fotógrafo, buscou captar a essência da tradição circense itinerante, documentando a vida desses artistas para além do brilho e da espetacularidade do picadeiro, de modo a contribuir, de alguma forma, com a valorização e o reconhecimento dessa arte milenar. “A minha intenção é ampliar a visibilidade desse projeto documental, garantindo ao grande público a aproximação com a arte, e também garantindo a acessibilidade para pessoas com deficiência visual, disponibilizando audiodescrição das fotografias expostas”.
Arnaldo Sete explica que a exposição comprova a importância das famílias circenses para a manutenção de uma forma de fazer o circo, que resiste à falta de patrocínios e de espaços para a montagem nas grandes cidades. “Resta ao circo itinerante, as pequenas cidades, vilas e povoados, onde a arte simples e extremamente complexa tenta sobreviver se alimentando de arte e cesta básica. Pude flagrar lindos momentos como a mudança do circo de um local para outro, a montagem e desmontagem da lona, o treinamento diário, a preparação para o espetáculo, e a magia que nasce quando são ligadas as precárias luzes que dão vida ao picadeiro. Nesse projeto documental busquei registrar, através do cotidiano, a garra e a força de quem persiste em levar arte aos mais variados lugares, onde a alegria do circo dificilmente chega”, relata o fotógrafo que está em sua segunda exposição documental. A primeira, intitulada “Filhos de Natuba”, aconteceu com famílias que residiam em um lixão situado em Vitória de Santo Antão, a 48 km do Recife.
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