Desde seu lançamento através do espetáculo "A Ópera do Malandro", a canção "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque, vem sendo constantemente interpretada por atores e atrizes cisgenero. Com uma canção que ilustra de forma poética e ainda atual as realidades de milhares de travestis ao redor do país, fazem-se necessárias novas interpretações com atrizes transvestigêneres. É daí que parte este escopo, como uma forma de retratar a canção de forma mais contemporânea, atual e, sobretudo, representativa.
Guilherme Gila assina a direção e roteiro com Olívia Lopes, travesti que também protagoniza o clipe. Através da linguagem de videoclipe, o roteiro do filme trabalha com duas narrativas simultaneamente: a da canção, retratada através da letra, e outra original, ilustrando o dia a dia de uma travesti em 2021. O clipe se passa em 3 locações: o Minhocão, um banheiro público e uma boate. Uma nova versão da instrumentação traz para a parte musical vertentes do pop, hip hop e trap brasileiro.
As realidades e vivências travestis ainda possuem pouco espaço em todos os âmbitos sociais. No teatro musical brasileiro, Geni é uma das raríssimas personagens travestis que existem, e sua canção tema, "Geni e o Zepelim", se consagrou como uma das mais famosas e interpretadas da obra. É necessário dessa forma promover novas discussões acerca da canção, abordar as atuais vivências trans-travestis brasileiras e expandir as possibilidades de linguagem e representatividade.
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