Essas foram as três principais características apontadas no levantamento realizado com 590 profissionais de todos os níveis hierárquicos, mas comportamentos que demonstram excesso de controle, falta de reconhecimento e de feedback construtivo, abordagem autoritária e assédio moral/ sexual também foram mencionados.
Ainda de acordo com a pesquisa, 87% dos pesquisados admitiram ter convivido com uma liderança tóxica em algum momento de suas carreiras e 62% já pediram demissão por causa de superiores abusivos. Para os entrevistados que se demitiram, os principais impactos gerados por essa forma de liderança são a piora da saúde mental, baixa autoestima e confiança no ambiente de trabalho, além de desmotivação e desengajamento.
Violência silenciosa
A liderança tóxica espalha medo entre os colaboradores e, com isso, inibe o espírito de colaboração essencial para o trabalho coletivo. Essa é uma forma de “violência silenciosa” que, se não for combatida, provoca a sensação de que comportamentos abusivos são aceitáveis e fazem parte da cultura das empresas.
A busca por resultados organizacionais é legítima, mas não justifica um superior valer-se de sua posição privilegiada para intimidar e assediar outros profissionais. Como pessoas chave da organização, os líderes não devem ser vistos como parte do problema, mas da solução, destaca a psicóloga organizacional Patricia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP).
“Mesmo em organizações que buscam altos padrões de desempenho e excelência, é importante reconhecer que a perfeição é inatingível e que os líderes também são humanos, com falhas e imperfeições. Organizações que não estão neste estágio de consciência vão perder funcionários engajados e não vão sobreviver a longo prazo.”
No livro “Livre para falar - Como a segurança psicológica pode ser a principal alavanca para garantir a sustentabilidade do seu negócio (Editora Paraquedas, 2023)”, Patrícia escreveu o capítulo “Organizações não violentas”, onde chama a atenção para ambientes dominados pelo medo e intimidação que criam distanciamento e hierarquização nas relações.
Para mudar a lógica da violência silenciosa, é preciso incluir na dinâmica social e nas práticas diárias da organização formas de ajudar líderes a se tornarem embaixadores da segurança psicológica.
Patrícia lista algumas ações:
1) Aceitar a vulnerabilidade: para um líder, é essencial reconhecer e aceitar a própria vulnerabilidade e imperfeição. “Ele precisa ter autoconsciência de suas limitações e estar disposto a aprender com os erros”, afirma Patrícia
2) Promover a Cultura de Aprendizado: a mudança de chave, que substitui a busca ilusória da perfeição pela cultura de aprendizado contínuo e melhoria dentro da organização, consiste em encorajar a experimentação. Isso inclui aceitar os erros e riscos do caminho (mas aqueles causados pela vontade de acertar) e valorizar novas ideias e perspectivas
3) Valorizar a autenticidade: um líder é o reflexo da própria pessoa. Buscar a autenticidade é o caminho para que todo o potencial criativo do líder desperte e gere conexões e vínculos mais fortes de confiança com os membros da equipe. “Não é possível separar as duas coisas. Seremos líderes incompletos se deixarmos parte da gente do lado de fora ou se continuarmos colocando ‘máscaras’”, argumenta Patrícia
4) Encorajar a colaboração: é indiscutível reconhecer, em tempos de produção acelerada de conhecimento, que não existem pessoas no mundo que tenham todas as respostas. Para que as decisões sejam inteligentes em um cenário ágil, é preciso valorizar pontos de vista e diferentes contribuições. “Hoje, os processos de decisão são cocriativos e colaborativos”, afirma a psicologia
5) Humanização: acreditar em uma abordagem de liderança mais humana e imperfeita é o que vai garantir o sucesso e a sustentabilidade do negócio e das pessoas. “Promover ambientes onde todos se sintam permitidos a falar sem julgamento, se sintam auto responsáveis em encontrar uma dinâmica de aprendizado e conversas saudáveis e produtivas e se sintam valorizados é crucial para que a vontade de colaborar e contribuir para o sucesso da organização aumente”, defende Patrícia
Sobre o Instituto Internacional em Segurança Psicológica
O Instituto Internacional em Segurança Psicológica (IISP) é uma organização lançada com o propósito de apoiar empresas corajosas a liderar a transformação do jeito de fazer negócios, preparando a liderança para uma gestão mais consciente e humana, por meio da Segurança Psicológica.
Precursora do conceito de Segurança Psicológica no Brasil, a psicóloga organizacional Patricia Ansarah - com mais de 20 anos atuando em RH e como executiva de grandes empresas - criou o instituto para endossar o pioneirismo e dar visibilidade ao tema no Brasil e levar soluções integradas por meio da segurança psicológica para o desenvolvimento de times e organizações.

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