terça-feira, 28 de maio de 2024

"ET de Varginha passou de um evento inexplicável para se tornar presente no imaginário popular"



Enquanto a população se vê atônita com a “invasão” de extraterrestres em Minas Gerais, algo maior começa a se movimentar no cenário político nacional.
O enredo de Incidente em Varginha, quinta obra de Danilo Dias de Sousa, vai além do misterioso caso que hoje é parte do imaginário popular, para abordar temas como corrupção e ética. É assim, por meio da ficção, que o jornalista e roteirista pretende chamar a atenção dos jovens sobre episódios políticos recentes no Brasil, e os perigos da manipulação de informações em benefício de interesses pessoais.


Primeiro da trilogia Invasores Misteriosos, o livro, então, traça um paralelo com a vida real a partir da suposta aparição alienígena em Varginha, no ano de 1996. Em entrevista, o autor aborda outros detalhes e as motivações para o enredo, e também adianta alguns spoilers sobre a sequência da série.


1 – As aparições extraterrestres em Varginha fazem parte do imaginário popular há muitos anos. Por que, de todas as histórias de alienígenas, você escolheu esta para iniciar a sua série de livros?


Danilo Dias de Sousa: Esse é um caso bem curioso. Eu me lembro que, antes de escrever o livro, eu não fazia a menor ideia sobre o que se tratava o caso Varginha. Para mim, era algo no mesmo estilo do ET Bilu. Porém, um belo dia, assisti a um documentário do History Channel que falava sobre a aparição de OVNIS no Brasil, e aí eu entendi a dimensão do caso. Vi que houve vários envolvidos e que os eventos conversavam entre si e. A partir disso, tive a ideia de escrever o Invasores Misteriosos – Incidente Varginha.


2 – Acha que eventos como este, da vida real, que brincam com o “inexplicável”, podem chamar a atenção dos leitores para uma ficção?


D. D. S.: Sem dúvidas, eu acho que nada prende mais a atenção das pessoas do que uma boa fofoca, ou um caso sobrenatural sem muita explicação. O Brasil possui uma série de lendas urbanas como a Loira do Banheiro e o Jogo do Copo, assim como as lendas folclóricas que fazem parte do imaginário regional. Na minha visão, o ET de Varginha deixou de ser apenas um evento inexplicável que aconteceu em 1996 e se tornou presente no imaginário popular, como uma lenda urbana. Tenho certeza de que parte do público vai sentir curiosidade em saber sobre o que se trata.


3 – O ET de Varginha foi noticiado pela mídia tradicional brasileira e se tornou um assunto viral entre as pessoas muito antes das redes sociais terem o poder de contribuir para os temas mais comentados no país. A partir de suas pesquisas, explica como aconteceu esse movimento? E que perspectivas novas podem ser tratadas na literatura mesmo depois de quase 30 anos dos eventos?


D. D. S.: Excelente pergunta. A televisão ainda é tida como a principal referência em informação e, antigamente, ela era uma unanimidade. Nós, jornalistas, fazemos um trabalho árduo de apuração e checagem dos fatos antes de noticiar grandes eventos, o que reforça a credibilidade. A meu ver, quando começou a pipocar em vários jornais os relatos dos envolvidos - inclusive as mudanças nos discursos - e as reportagens especiais, foi se formando um clima de mistério. A repercussão foi mundial, e ganhou automaticamente o “boca a boca” do povo. Uma série de fatores transformou esse incidente no que conhecemos atualmente.


Se esse caso acontecesse hoje, provavelmente as coisas fugiriam do controle. Haveria produção de conteúdo em massa sendo disseminado através das redes sociais, pessoas dando opiniões, crentes desacreditando, descrentes acreditando. Isso sem mencionar a possibilidade de um clima de pânico ser criado. O Estado precisaria ser muito perspicaz para abafar um evento dessa magnitude em tempos ultraconectados como os de hoje.


4 – Em “Incidente em Varginha”, você deixa claro que grandes eventos podem servir de ferramenta política para manipular a população. Como você abordou isso e que mensagem deseja passar?


D. D. S.: Uma coisa é fato: não existe maneira melhor de desviar a atenção de um grande problema do que utilizando um problema ainda maior. Isso é conhecido como a Estratégia da Distração e apareceu pela primeira vez em um documento divulgado pelo linguista norte-americano Noam Chrosmky. No livro, temos o ataque dos alienígenas acontecendo, furando a bolha e chegando a milhares de cidadãos, mesmo com o belo esquema de segurança montado para conter essa crise.


E, para contornar essa situação, os responsáveis decidem provocar um acontecimento ainda maior e bem mais palpável para desviar o foco do real problema enquanto pensavam em estratégias para abafar o caso. Acredito que a mensagem principal é que a comunicação, nas mãos de pessoas muito bem articuladas, pode elevar uma nação, assim como destruí-la.


5 – Você é um aficionado por teorias da conspiração e histórias que mexem com a imaginação. Como foi o processo de construção dessa narrativa a partir dessas teorias? Pode citar algumas delas espalhadas pelo enredo?


D. D. S.: Super, mesmo mantendo a minha suspensão de descrença ativa, adoro um caso sem resposta. O processo de escrita desse livro se deu na época em que virei o “louco dos documentários”, e consumir esses produtos me deu uma baita inspiração pra criar o universo de Invasores Misteriosos usando esses eventos como plano de fundo. Além do tema principal, que é o ET de Varginha, a obra ainda faz referência aos Anunáqui e aos Reptilianos, além de abordar temas controversos, como a ética por trás da possibilidade de se clonar uma pessoa.


6 – A série “Invasores Misteriosos” será composta por uma trilogia. Os leitores já podem ter uma previsão de quando saem os próximos volumes? E quais serão as temáticas e inspirações extraterrestres? Pode dar algum spoiler?


D. D. S.: Sim. A partir de um determinado momento, os personagens tomam suas próprias decisões, e a história passa a seguir um rumo diferente, deixando uma série de pontas soltas. Para os próximos livros, pretendo explorar os eventos da Operação Prato e o da Noite de OVNIS, mas isso pode mudar se eu encontrar casos ainda mais emblemáticos. Ainda não há uma previsão definitiva de quando eles sairão, mas acredite que no início de 2026.


7 – Você tem outros livros publicados, e de gêneros diferentes. Quais temáticas você costuma trazer nas suas obras de ficção?


D. D. S.: Antes de publicar oficialmente o primeiro livro da série Invasores Misteriosos, eu me dediquei a amadurecer minha escrita, melhorar a forma como desenvolvo os personagens, como construo os cenários e como conduzo a narrativa. Eu me aventurei em quatro gêneros específicos: aventura infantojuvenil, terror, ficção cientifica e drama. Algo que notei é que não importa o enredo, sempre as minhas histórias se desdobravam em um momento de suspense e investigação policial, e, a partir disso, me dei conta de que esse é o meu gênero.


Com relação às temáticas, sempre acabo esbarrando em questões políticas, religiosas ou que envolvam o caráter humano. Adoro psicologia e, principalmente, brincar com esse aspecto na construção dos meus personagens. 



Sobre o autor: Danilo Dias de Sousa, também conhecido como D. D. Sousa, é escritor, jornalista, analista de Comunicação Corporativa e roteirista. Nascido em Franco Rocha, grande São Paulo, é apaixonado por ficção científica e o universo geek. Desde adolescente, gosta de criar mundos e desenvolver personagens, mas foi somente aos 25 anos, com incentivo de professores e familiares, que lançou seu primeiro o livro A Foice, um terror psicológico. A obra Incidente em Varginha é sua quinta publicação e a primeira da trilogia Invasores Misteriosos.

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