sexta-feira, 31 de maio de 2024

Abertamente gay, vocalista do Scissor Sisters discute a nova era da música: 'Há muito mais artistas LGBTQ do que nunca. É fantástico!"



Vocalista da icônica banda Scissor Sisters, o norte-americano Jake Shears retorna ao Brasil para duas apresentações solo neste final de semana, vésperas da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo.
O artista se apresentará trazendo sua energia e repertório vibrante na “Festa Kevin”: no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (31), e em São Paulo, no sábado (01). 


Em sua última visita ao Brasil, Jake Shears viveu momentos que marcaram sua carreira e vida pessoal. Em entrevista concedida a Vinícius Yamada, editor-chefe do portal Gay Blog BR, o frontman da banda nova-iorquina lembrou alguns dos fatos mais marcantes do Brasil e curiosidades sobre sua trajetória como artista abertamente gay. 


"Os Scissor Sisters tocaram em São Paulo em 2011 e foi uma apresentação realmente muito divertida. Mas a coisa mais importante dessa viagem foi que Del Marquis, o guitarrista dos Scissor Sisters, conheceu seu marido, o Pablo. Hoje eles vivem em Nova York juntos, casados. Foi uma viagem transformadora", relembra Shears, destacando a importância pessoal e profissional dessa experiência.


Shears também está interessado na música contemporânea brasileira e menciona sua curiosidade pelo funk. "Alguém acabou de me dizer para ouvir 'Funk Generation', da Anitta. Estou muito curioso para ouvir o que é popular agora no Brasil, realmente ansioso para saber o que as pessoas estão ouvindo no momento."


Ser um artista abertamente gay na indústria musical traz desafios únicos, contou: "O primeiro álbum dos Scissor Sisters já tem 20 anos e era uma época muito diferente. Eu estava tão 'assumido' e simplesmente não me importava com qualquer obstáculo que houvesse. Acho que superei esses obstáculos com ambição e sorte. Hoje, vejo muitos artistas LGBTQ se assumindo e fazendo música, o que é fantástico."


Sobre o impacto do ativismo LGBTQIA+ na música, Shears observa mudanças significativas. "Há muito mais artistas LGBTQ do que nunca. A maior mudança que eu gostaria de ver é que artistas mais jovens possam ganhar dinheiro com música. Isso é algo que tem se tornado mais difícil com o tempo."


Confira a entrevista na íntegra neste link.


 


“Last Man Dancing”: o mais recente álbum de Jake Shears


“Last Man Dancing” é último álbum lançado por Jake Shears. O projeto apresenta o novo single e a faixa-título, uma nova colaboração com Kylie Minogue (“Voices”), além dos singles recentes “Too Much Music” e “I Used To Be In Love”. 


Repleto de referências aos pioneiros da dance music - um falsete de Sylvester aqui, um cowbell de Patrick Cowley ali e um ritmo de Berghain - o caso de amor de Shears com a cultura dos clubes abre novos caminhos enquanto soa como uma volta espiritual ao lar. Isso é evidente em “Voices”, que testemunha a reunião criativa de Jake com Kylie Minogue, com uma sirene italiana e sonhadora "chamando você para a ação... chamando você para o amor".


Aqueles que confirmarem presença na festa Last Man Dancing perceberão rapidamente que há mais coisas acontecendo do que parece à primeira vista. O disco foi apresentado em estilo imersivo com o groove de “Too Much Music”, seguido por “I Used To Be In Love” (uma explosão sinfônica de house, prazer e de se sentir em casa em meio a uma multidão de estranhos). Como em qualquer grande noitada, as coisas tomam rumos mais estranhos: o funk “Do The Television” (diz Jake) "é sobre a linguagem e a perda de significado, símbolos mutáveis e história esquecida", enquanto há um retrato do narcisismo moderno no eletro-clash de “Really Big Deal”. O álbum atinge seu ponto alto no que Shears chama vagamente de "The Suite": uma mistura instrumental ("Mess Of Me", "Doses", "Radio Eyes") que faz com que a festa atinja profundidades quase distópicas, em uma sala que também apresenta as vozes de Big Freedia, Jane Fonda, Iggy Pop e Amber Martin. Encerrando com o glamour cinematográfico de “Diamonds Don't Burn”, Last Man Dancing é, em última análise, um lembrete para continuar se movendo, não importa o que a vida jogue em você: um tema presente no vídeo da faixa-título, no qual Jake ganha seu troféu não apenas como o “Last Man Dancing”, mas como uma das estrelas pop mais inovadoras dessa geração.


Mesmo em meio à sua energia, o novo álbum de Jake Shears oferece ao vocalista do Scissor Sisters a oportunidade de refletir sobre como ele chegou onde está hoje. Em suas próprias palavras, Last Man Dancing é "uma jornada através da melhor festa em casa. A primeira metade oferece aqueles momentos de cantoria que fazem com que todos se divirtam no início da noite. À medida que as horas passam, você pode ir um pouco mais fundo e mais escuro, mais para onde vai a segunda metade do disco. Ele é inspirado em todas as festas em casa exageradas que dei ao longo da minha vida. Nasci para ser anfitrião, adoro ser DJ e minhas horas favoritas de uma festa são das 4 às 6 da manhã. Não há nada mais luxuoso do que fazer o barulho que você quiser durante a madrugada. Talvez nem todo mundo chegue até o fim, mas os últimos a dançar possivelmente serão recompensados com os momentos mais mágicos da noite."


Em uma carreira que inclui vários milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, Brits, Ivor Novellos, um livro de memórias aclamado, um show na Broadway, além do musical "Tammy Faye", vencedor do prêmio Olivier, a vontade de Jake Shears de se manter em movimento permaneceu constante: seja no calor da pista de dança ou na criação de arte. Com um trabalho que ainda fala de maneira equilibrada para as pessoas de fora e para as massas, veja Jake Shears na estrada pelo Brasil durante a Parada do Orgulho LGBTQIA+.

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