O roteiro do show é inspirado em canções gravadas pela multiartista nos dois pontos extremos de sua carreira. Primeiro, quando chegou a São Paulo, em 1983, a gaúcha se apresentava no simbólico Lira Paulistana, berço da vanguarda e resistência cultural, com a música “Gata da Rua”. Em plena efervescência cultural pós-ditadura, Laura deixava claro a que veio: “Sou uma gata da rua/Ando nua com a lua/ Ninguém pode me prender/ Trilho os caminhos escuros/ Mas minha luz me ilumina/ Nada nesse mundo pode me parar”.
Quatro décadas depois, em “Mulher de Púrpura”, single lançado no início do mês de setembro, Laura empunha sua mesma guitarra rosa para sinalizar os novos tempos: “Sombra de mim esta cicatriz/Sol do meu vir nesse porto feliz/Ver esta voz, escutar esse rosto/Quando foi a última vez que eu senti?/”.
A canção inaugura parceria com o sobrinho Ricardo Finocchiaro, filho da baixista, roqueira e compositora Lory F, que morreu há 30 anos. Os versos foram compostos por Ricardo para a mãe, mas resume também esses tempos de rupturas maiores: “Vivemos em um mundo onde o maior exercício é resgatar nossos sentimentos, voltar a sentir, sentir coisas que deveriam ser próprias da humanidade”, diz a cantora.
Entre “Gata da Rua” e “Mulher de Púrpura”, Laura faz um breve passeio pela carreira e inclui homenagens a roqueiras que “fizeram sua cabeça”, como Rita Lee, Cássia Eller e sua irmã de sangue Lory F. “É também uma apresentação para celebrar todes que lutam pelo o mundo mais justo e inclusivo”, pontua.
A percussão e engenharia de som é do VJ Teo Ponciano. Nos sopros, Mario Afonso III; nos teclados, Ricardo Severo. Para apresentar seu novo projeto sonoro, Laura Finocchiaro mixa as bases eletrônicas, toca guitarra, canta, assina as composições em parcerias com seus parceiros, como Leca Machado, Cazuza, Glauco Mattoso e Roberto Firmino, além de responder por toda a produção musical.
Carreira e papel na visibilidade do movimento LGBTQI+
Além de ter lançado 20 álbuns, Laura Finocchiaro costuma dar uma pausa na preparação de seus novos discos para compor trilhas sonoras, discotecar, dirigir musicalmente realities shows, filmes e novelas, além de se engajar em campanhas de diversidade na sociedade civil e ser voluntária em projetos de arte-educação.
Um das pioneiras da música eletrônica, Laura foi também uma das primeiras artistas da cena pop que aderiram oficialmente à causa lésbica no Brasil. Fez isso nos anos 1990, quando teve coragem de falar de amor entre mulheres em uma época que as cantoras evitavam levantar bandeiras, com receio da reação do público e, principalmente, das gravadoras, que ditavam as regras do mercado em um país extremamente conservador.
Serviço
Show: “Mulher de Púrpura”, com Laura Finocchiaro
Onde: Centro Cultural da Diversidade (R. Lopes Neto, 206 -
- SP, 04533-030) - Telefone: (11) 3079-3438
Quando: 30 de setembro, às 19h
Quanto: Grátis
Nenhum comentário:
Postar um comentário