terça-feira, 18 de julho de 2017

A CRIANÇA QUE BRINCA, O ADOLESCENTE QUE OUSA E O ADULTO QUE EMPREENDE

As férias chegaram e com ela o período de brincadeiras. O que para muitos é apenas diversão, para especialistas é o momento de experimentar a vida. “Ao brincar, a criança exerce sua criatividade livremente. Ela experimenta gostos, prazeres, sons, cria imagens e até com os aromas ela faz experiências que a entretêm”, comenta Leo Fraiman, psicoterapeuta e Mestre em Educação.

O exercício de brincar e criar, porém, não é um mero passatempo. Segundo o psicoterapeuta, é um dos exercícios mais importantes que fazemos na vida. "Por meio destas atividades aparentemente simples, aprendemos a inovar, a encontrar soluções, a viver novos papéis, a lidar com as frustrações, a formar laços e, com isso, áreas do nosso cérebro relacionadas à capacidade de tomar decisões, à memória, ao raciocínio lógico, à antecipação de consequências e até aquelas ligadas à empatia e à inteligência emocional são desenvolvidas", ressalta Leo Fraiman.

Uma maneira de estimular estas atividades aparentemente simples é promover a interação da criança com livros e brinquedos e/ou brincadeiras. Não por acaso, grandes empresas entendem a importância e estimulam essa ação. “Um belo exemplo que concretizou estas ideias foi a campanha “Ler e Brincar” realizada pela empresa McDonald’s, cujo objetivo é estimular a criatividade e a imaginação das crianças”, comenta.
Para a psicóloga Lívia Vieira, do Hapvida Saúde, o ato de brincar auxilia no desenvolvimento da aprendizagem da criança tanto no âmbito cognitivo quanto no intelectual. “É no brincar que ocorre a assimilação de conhecimentos da criança e isto a impulsionará melhores experiências futuras. É brincando que a criança
aprende”, ressalta.

Criatividade
Então, não seria um exagero dizer que o cérebro como um todo é aprimorado com o brincar e o criar. Infelizmente, porém, diversos fatores têm conduzido a uma redução nesta importante atividade humana. Um estudo baseado em testes da NASA nos dá números chocantes: aos 5 anos de idade, 98% das crianças se mostram criativas. Aos 10 anos esta porcentagem cai para 30%, acima dos 25 anos são apenas 2% das pessoas que demonstram criatividade.
“Crianças que crescem em um ambiente que lhes permite e estimula a serem criativas podem ter uma chance muito maior de obterem sucesso e até felicidade. Isso, pois, quando chegarem na vida adolescente, em que terão que criar projetos de vida nas diversas áreas da sua existência, contarão com a percepção treinada e internalizada ao longo dos anos de que a distância entre seus sonhos e suas conquistas depende em boa parte de sua própria atitude”, afirma Leo Fraiman,  especialista em Educação.
Segundo ele, na fase das paixões, das oscilações e dos impulsos, contar com um cérebro aberto ao novo, com uma atitude leve e flexível diante da vida e ter formado laços saudáveis com amigos dos mais diversos, pode ser a diferença para uma transição bem sucedida da adolescência para a vida adulta, pois na hora em que se deparar com as decepções, quando os planos infalíveis não derem certo, ou no momento em que precisar ajustar seus desejos aos dados e fatos da realidade, lá estará ela: a criatividade, que é a base essencial da resiliência diante da vida.
E isso reflete também na vida adulta. Pessoas empreendedoras, profissionais que criaram algo novo ou se reinventaram, aplicativos que fazem a vida mais fácil, empresas, times e equipes de sucesso. Em praticamente todos estes contextos veremos adultos que têm muito da atitude das crianças, quando brincam. “Essas pessoas pensaram fora da caixa, ousaram. Elas criaram, pois se permitiram brincar com as ideias e recriar a realidade. De certo modo podemos dizer que o empreendedor é aquele que “lê” a realidade por novos ângulos e “brinca” com as possibilidades gerando prosperidade”, diz Leo Fraiman.
Então, o que está esperando para dedicar algum tempo para brincar e criar com seus filhos, com seu cônjuge, consigo mesmo?

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA CRIAR / BRINCAR:
*Reunir sucatas (garrafas, caixas, papéis e outros materiais) e montar brinquedos diversos, tais como cofrinhos, porta-retratos, objetos decorativos, porta lápis, entre outros.
*Selecionar roupas que estão sem uso e criar novas possibilidades. Por exemplo, pregar botões coloridos; fazer bordados; cortar e costurar retalhos e pedaços de tecidos com novas formas, bolsos ou outros detalhes; pensar novos usos para as roupas.
*Pegar uma foto antiga ou fazer uma foto no celular e depois tentar reproduzir por meio de pintura ou desenho em um papel sulfite ou uma tela.
*Realizar a leitura de um livro ou de uma história em quadrinhos e inventar novos desfechos: um final engraçado; um final dramático; um final feliz; um final trágico; um final inesperado; um final sem graça; um final divertido.

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