O Ministério da Saúde confirmou nesta terça-feira (11) que atletas, comissões técnicas, demais membros das delegações e jornalistas credenciados para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio serão vacinados contra a Covid.
A medida foi anunciada em entrevista coletiva e também
consta de uma nota técnica da pasta. O cronograma de imunização do governo está
previsto para começar a partir desta quarta-feira (12) em algumas capitais,
como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. Seis delas participarão da
aplicação das doses.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil), porém, afirmou que a
vacinação será iniciada efetivamente na sexta-feira (14). Segundo a entidade, o
limite para a aplicação da segunda dose a todos os integrantes dos Jogos
Olímpicos é 21 de junho, a 15 dias do primeiro embarque para o Japão e a 33
dias da abertura.
"Vamos vacinar nossos atletas olímpicos e as comissões
técnicas para garantir que esses atletas possam desempenhar muito bem suas
capacidades e trazer bastante medalha", disse o ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga.
Segundo ele, a vacinação ocorrerá a partir de doações de
farmacêuticas, que também enviarão doses extras ao PNI (Programa Nacional de
Imunizações) em contrapartida, como forma de não afetar a campanha de
imunização em curso no país.
A estratégia deverá ocorrer com uso de vacinas da Pfizer e
da Sinovac. A escolha considerou a doação das doses intermediadas pelo COI
(Comitê Olímpico Internacional) e o intervalo entre a primeira e segunda
aplicação antes dos Jogos, diz o ministério.
A estimativa da pasta é que sejam vacinadas 1.814 pessoas. O
volume de doses doadas, no entanto, é maior, uma vez que envolve a aplicação da
segunda dose e quantidade extra que será redirecionada ao PNI.
No total, o Ministério da Saúde receberá 4.050 doses da
Pfizer e cerca de 8.000 da Sinovac. Os números exatos não foram divulgados.
Como a carga ainda não chegou ao Brasil, o estoque do país será aplicado no
primeiro momento e depois reposto.
De acordo com nota técnica da pasta, a vacina destinada para
os atletas será a da Pfizer, com intervalo de 21 dias entre a primeira e a
segunda doses.
"Ambas são vacinas muito boas. Mas é preciso verificar
[qual usar e qual doar ao PNI] porque, apesar da Coronavac ser uma excelente
vacina, há alguns países que têm restrições a vacinas não aprovadas lá. O
importante é que essas doses são muito bem-vindas ao nosso programa de
imunizações", disse Queiroga.
A vacinação ocorrerá em Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Brasília, em datas e locais específicos,
alguns deles cedidos pelas Forças Armadas. Em São Paulo, por exemplo, deverá
ser realizada dentro do Centro de Treinamento Paraolímpico.
Segundo o COB, cerca de 190 credenciados já foram imunizados
e outros 200 estão no exterior, por enquanto fora da lista de vacinação
entregue ao governo.
A inclusão da delegação brasileira no plano de vacinação
contra a Covid havia sido revelada pelo Painel no dia 23 de abril, e os
detalhes vinham sendo discutidos desde então.
Em nota técnica, o Ministério da Saúde diz que a decisão do
governo e do COB por ofertar a vacinação para os atletas ocorre
"considerando a relevância mundial dos Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos", as "barreiras sanitárias entre os países e nos percursos
até os locais destinados aos Jogos" e a circulação de diferentes variantes
do coronavírus que despertam preocupação no Brasil e em outros países.
Para Marco Antônio La Porta Júnior, vice-presidente do COB e
chefe de missão nos Jogos de Tóquio, a vacinação dos atletas é uma
"tendência mundial".
"Hoje, 16 países já iniciaram essa vacinação dos
atletas. Temos certeza que é uma ação benefíca", disse ele, que frisou que
a vacinação incluirá também oficiais técnicos que trabalham em diversas
funções, como arbitragem. "Os brasileiros que estarão trabalhando nos
Jogos Olímpicos estarão seguros para desenvolver as atividades."
A princípio, o Ministério da Defesa procurou o COB e
solicitou uma relação com a quantidade de doses necessárias para vacinar toda a
delegação nos Jogos Olímpicos (23 de julho a 8 de agosto) e Paraolímpicos (24
de agosto a 5 de setembro).
O comitê, por sua vez, informou ao órgão que havia recebido
uma promessa de doação do COI, porém precisaria de um acordo com o Ministério
da Saúde para que fosse emitida a nota técnica. Isso porque uma legislação já
em vigor permite que entidades privadas adquiram vacinas, mas precisam doar
integralmente ao SUS enquanto os grupos prioritários não forem imunizados.
?Os organizadores de Tóquio-2020 já disseram que não será
obrigatório estar vacinado para participar dos Jogos, mas incentivam e ajudarão
para que o maior número de pessoas esteja, diminuindo assim os riscos de surtos
durante a sua realização.
A Austrália iniciou a imunização de atletas como grupo
prioritário nesta semana. Alguns países da Europa, como Alemanha, Espanha e
Bélgica, também já começaram a vacinar atletas ou anunciaram essa intenção.
O ritmo da campanha nos EUA permitirá que os representantes
da maior potência olímpica cheguem ao Japão vacinados. Alguns atletas
brasileiros que vivem ou mesmo passaram por período de treinos no país já
conseguiram receber a vacina.
São esperados cerca de 11 mil atletas no megaevento. Eles
precisarão fazer testes diários durante sua participação. Também será exigido
de todos que viajarem ao Japão dois exames negativos de coronavírus antes do
voo. Após a chegada ao país, as pessoas serão testadas diariamente por três
dias. Depois desse período e ao longo da estada, a periodicidade dos exames
será definida de acordo com a função e nível de contato com os atletas.
Além de Queiroga e La Porta, o anúncio também teve a
participação do ministro da Cidadania, João Roma, do secretário especial do
Esporte, Marcelo Magalhães, e do diretor do Departamento de Desporto Militar do
Ministério da Defesa, Major-Brigadeiro Isaias Carvalho.
Folhapress
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