quarta-feira, 26 de maio de 2021

ARTE EM TEMPOS DE PANDEMIA: PROJETEMOS REPRESENTA O BRASIL EM EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DO MAC

 


Com a emergência sanitária da Covid-19, diversos artistas do mundo inteiro exploraram o poder de impacto, informação e transformação da arte, para ajudar comunidades afetadas com a pandemia. Entre os trabalhos que mais reverberaram no Brasil e em países afora, está o PROJETEMOS, que representa o Brasil em uma exposição inédita, do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, a partir deste sábado (29). Intitulada “Além de 2020. Arte italiana na pandemia”, a mostra fica em cartaz até o dia 22 de agosto e traz além do Projetemos, obras de mais 40 artistas das dimensões de Ai Weiwei, Paolo Icaro, Danilo Bucchi, Alberto Di Fabio, Paolo Ventura, Maurizio Savini, Tvboy e outros.

O convite para o Projetemos participar da mostra veio de Ana Magalhães, diretora do MAC – USP, que identificou no grupo, um trabalho pertinente ao tema geral da exposição que envolve expressões artísticas e personalidades do mundo da arte, que contribuíram para aliviar consequências causadas pela pandemia. A mostra é organizada pela produtora italiana Arthemisia e conta com a curadoria de Teresa Emanuele e Nicolas Ballario. O apoio é do Istituto Italiano di Cultura de São Paulo e do Consulado Geral da Itália em SP. 

Projetemos – A participação do grupo, na mostra, ocorre através da Trans Lu(z)cidez, conjunto de nove intervenções, desenvolvidas a partir de vídeos, imagens, traquitanas, objetos projetáveis, performances e vídeo mapping. “O nome “Trans LU(Z)cidez” traz em si vários códigos que trabalhamos diariamente no Projetemos. TRANS de informações que se cruzam, circulam e transformam. LUZ, subjetivamente a de conhecimentos transmitidos e objetivamente as luzes de nossos projetores. E LUCIDEZ, que é o que buscamos para nós e para quem nos acompanha”, pontua o multiartista pernambcano e co-fundador do Projetemos, Mozart Santos.

“Teremos um ambiente de 80 metros quadrados com uma instalação audiovisual multiplataforma que traz a essência do pensamento do projetemos: A construção de narrativas”, comenta a cientista política Bruna Rosa, co-fundadora do grupo.

Vários artistas e projecionistas foram convidados para construir a obra através de suas de suas abordagens e lutas pessoais. Entre eles, Maria Gadú que traz por meio da palavra dos povos originários, um vídeo-arte sobre os rios que existem ou existiam em São Paulo. Achiiles Luciano, que  apresenta uma obra mesclando a pintura analógica com a pintura digital para retratar expressões e grandes personalidades que se destacam nas lutas contra o racismo. E Raquel Diógenes, que desencadeia a linguagem contemporânea do vídeo e da música eletrônica para debater questões feministas.

A coleção de vídeos também conta com obras de Denise Lopes, professora doutora em cinema da PUC - RJ, Luciana Moherdaui, Gisele Beiguelman, Ana Magalhães, Celso Lembi, Demetrio Portugal, Gabriel Furtado, Luciana Marçal e Renan Inquerito.

No todo, o grupo apresenta uma série de intervenções que  “iluminam narrativas que discutem o Brasil século XXI, ao testemunhar uma história do passado, neste país projetado como utopia de um possível desenvolvimento. Conduzindo o espectador a interagir com narrativas que ecoam questões de camadas sociais, culturais e antropológicas, produzidas diariamente com a ideia de reprodução pelo capital dentro das perspectivas da perplexidade e do desencanto do presente", comenta Mamé Shimabukuro que participou da criação e concepção das obras, junto com Mozart Santos.

Desde o século 19 que existem pessoas fazendo projeções de imagens nas paredes. Com lanternas e placas de vídeo desenhadas, se comunicavam e levavam entretenimento para grupos de pessoas. Eram chamados os Lanternistas Viajantes. Nascia ali, os VJs. Hoje as Lanternas Mágicas são os projetores e as telas são as paredes de grandes prédios. A população segue com a necessidade de entretenimento e informação. A arte continua sendo essa ferramenta que une ciência e beleza para falar para milhares de pessoas.

O Projetemos surgiu para "Iluminar pessoas iluminando paredes", comenta o co-fundador do grupo, o paraibano Felipe Spencer, que complementa explicando sobre a necessidade do projecionismo, presente na mostra. “Fizemos um projetor com um cano de pvc e uma lupa. A ideia é simplificar o ato de projetar”, completa o editor projecionista.

Projeto que possibilita agregar muitas vozes e saberes, o Projetemos é uma rede que expõe uma “nova” forma de se relacionar com a cidade, a política, a comunicação e a arte. Fazendo das janelas, fachadas e empenas de concreto, um manifesto político, artístico e afetivo. A iniciativa que se fez ainda mais essencial com a chegada da Covid-19, nasceu emanada do desejo de olhar o mundo com o desejo e a necessidade de recriá-lo.

“Além de 2020” conta a história da arte contemporânea italiana, especialmente durante a pandemia, e homenageia o historiador, crítico de arte e curador, Germano Celant, que morreu em decorrência da Covid -19, em 2020. Celant batizou a Arte Povera, movimento de vanguarda artística da década de 60, marcado pelo uso de recursos não convencionais que promoveu uma arte mais simples e humanizada.

Brasil - Não por acaso, São Paulo foi escolhida para receber a mostra. Trata-se da cidade brasileira com uma das maiores comunidades de descendentes de italianos no mundo - estima-se cerca de 5 milhões de pessoas só na capital paulista. A escolha também ressalta o vínculo indissolúvel que une São Paulo à Itália, inclusive durante a pandemia. Os milhares de registros de proximidade e solidariedade, as cartas abertas, as ofertas voluntárias, com as quais nos primeiros meses de 2020 os paulistanos estenderam a mão à Itália, não só metaforicamente, uniram ainda mais estes dois mundos entre os mais afetados pela emergência sanitária. Além de 2020 é uma celebração a essa relação.

Na base do projeto expositivo está um verdadeiro “apelo" dirigido aos artistas que foram convidados a compartilhar o resultado de suas reflexões deste último ano emprestando uma ou mais obras que pudessem contar sobre o seu estado de espírito e o caminho de suas pesquisas. Alguns deles, com grande entusiasmo, juntaram seus meios de expressão usuais a mídias novas ou secundárias, como Paolo Icaro que, “a despeito de si mesmo”, desenhou; ou Danilo Bucchi que transferiu sua assinatura da tela para o monitor; ou Alberto Di Fabio que, incapaz de criar seus afrescos, trabalhou em esboços usando caixas da Amazon e bonecos Playmobil; ou Paolo Ventura, que, na impossibilidade de fotografar, se dedicou ao desenho, assim como o escultor  Maurizio Savini; e finalmente Tvboy, artista de rua, que transferiu seus estênceis para a tela.

Outros artistas elaboraram o momento através de seus próprios canais expressivos, ora se sentindo seguros na certeza de sua própria consciência criativa, ora refletindo sobre novos temas. Outros ainda, investiram os dias intermináveis de lockdown trabalhando em seus próprios arquivos para descobrir, como no caso de Mimmo Jodice, como as fotografias de décadas atrás pareciam mais relevantes do que nunca; ou para encontrar, como Vittorio Messina, motivação e inspiração para retrabalhar uma sua cela. A estes se juntam Matteo Basilé, Riccardo Beretta, Maurizio Cannavacciuolo, Tommaso Cascella, Bruno Ceccobelli, Aron Demetz, Gianni Dessí, Giuseppe Gallo, Emilio Leofreddi, Giovanni Ozzola, Benedetto Pietromarchi, Cristiano Pintaldi, Francesca Romana Pinzari, Davide Quayola, Rebor, Pietro Ruffo, Fabrizio Spucches, Marco Tirelli, Gian Maria Tosatti, Massimo Vitali e Abel Zeltman.

Entre as iniciativas de art-sharing estão as do Studio Azzurro, que disponibilizou na internet vídeos antigos de seu arquivo; ExtraFlags, que por meio do Centro Pecci di Prato encomendou a diversos artistas bandeiras a serem hasteadas fora do museu, Oliviero Toscani, que através do jornal La Repubblica convidou a comunidade a compartilhar seu autorretrato; 1 meter closer di Ater Balletto que mostra como o distanciamento não impede a dança.

As de fundraising são, por sua vez, "DaiUnSegno" promovido pela Academia Nacional de San Luca; “Art for Covid-19” da Fundação Paolini; “Art per la Vita in Val d'Aosta, 100 Fotografi per Bergamo” de Perimetro; “L’abbraccio più forte” de Valerio Berruti; “COme VIte Distanti” de ARF e a venda de máscaras de Aiweiwei, graças à qual centenas de artistas doaram seus trabalhos, arrecadando centenas de milhares de euros que foram doados para apoiar o sistema de saúde posto à prova pela emergência sanitária.

Para visitar a mostra é necessário fazer um agendamento prévio, gratuito através do: sympla.com.br/visitamacusp

FOTOS PARA IMPRENSA:

https://drive.google.com/drive/u/1/folders/1ctHStTfX2h7AEh_AQAfroMkEYhKKnudK


SERVIÇO:

Para Além de 2020. Arte Italiana na Pandemia

De 29 de maio a 22 de agosto de 2021

Curadoria Geral: Teresa Emanuele e Nicolas Ballario

Organização: Arthemisia

Apoio: Istituto Italiano di Cultura e Consulado Geral da Itália em São Paulo, MAC –USP

Informações: (11) 2648.0254

Para visitação e agendamento gratuito: sympla.com.br/visitamacusp

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