O Big Brother Brasil é um Reality Show onde participantes ficam confinados em um espaço luxuoso, mas com um “preço alto” a se pagar. Ao entrar no programa, perde-se toda a sua privacidade, desde suas atitudes mais básicas, como comer, dormir, dançar em festas luxuosas regadas a comidas e bebidas de primeira qualidade, com trajes e produções invejáveis, até as atitudes mais privadas como tomar banho, trocar de roupa, chorar, demonstração das mazelas humanas, manias, vícios, palavreados, fofocas e intrigas.
Todos de olho no prêmio, um milhão e meio de reais, mas não é só isso, busca-se também o tão sonhado “quinze minutos de fama”, os seguidores, os fãs, os likes, os patrocinadores, o “um lugar ao sol”. Porém, tudo isso pode dar errado quando “a casa mais vigiada do Brasil” começa a ser um local tão familiar que os participantes parecem esquecer das câmeras e se despem de seus personagens ora ornamentados de ética, confiança, espírito de grupo e empatia.
Justamente na edição que sugeria buscar falar sobre diversidade e ser contra a cultura do cancelamento, vemos em demasia posturas egoístas, militância em prol de interesses pessoais e é claro, o cancelamento, uma cultura instaurada em meados de 2017 que tem por finalidade “tirar a voz”, sabotar, boicotar personalidades que são tidas como pessoas que cometem algum tipo de “suposta violência”. O que não quer dizer que não vemos cancelamentos sendo dados a todo momento, a anônimos, e que também não podemos ser canceladores. Parte-se do pressuposto que o cancelamento, embora tenha a intenção de calar uma voz/atitude tida como violenta, é um julgamento de seu cancelador, o crivo pode ser sensato, mas também pessoal.
O cancelamento é uma espécie de julgamento e como tal traz seus danos quando a pessoa cancelada não sente que houve justiça em tal ato. O ser humano carrega em si muitos temores e sentimento de insegurança oriundos de sua infância, muitas vezes por não ter sua autoestima bem constituída. Sendo assim, um cancelamento pode acionar gatilhos de memórias emocionais que estavam adormecidas, deixando a pessoa paralisada, sem saber o que fazer em diversos aspectos, em diversas áreas, sentindo-se fixada a seu “suposto erro”, porém com emoções tão intensas que se misturam, causando um resultado bem devastador.
Militar é fundamental, algo sério e deve ser causa constante com métodos esclarecedores, pois a violência é seu oposto, e o egoísmo é antagônico. A questão é que o confinamento não foi feito para humanos, os gatilhos que são ativados às mais sutis questões podem desencadear uma avalanche de ações e reações que, não estando em confinamento, uma pessoa pode encontrar formas variadas de lidar, extravasar ou ressignificar.
Demonstrar o erro de uma pessoa sem diminuir sua autoestima pode parecer uma tarefa difícil, mas não é. Partindo do pressuposto de que todos os seres humanos estão suscetíveis a erros e acertos, cometer erros não desqualifica uma pessoa ou seu caráter em totalidade.
Artigo escrito pela psicóloga e mentora Sabrina Alves
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