quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Papel da Mulher no Cinema é tema de Seminário no 8º Curta Taquary

Festival internacional de curtas-metragens acontece até esta sexta (27) em Taquaritinga do Norte, agreste pernambucano.  
A 8ª edição do Curta Taquary - festival internacional de curtas-metragens contou em sua programação da tarde desta quinta (26) com um seminário que discutiu o papel da mulher no cinema. A mesa composta por Rosa Urbes, Kátia Mesel, Carla Osório, Amanda Ramos, Gilda Nomacce, abordou questões sobre a atuação da mulher no audiovisual em diversos aspectos.


Cineasta premiada internacionalmente, Kátia Mesel destacou durante o seminário a acessibilidade da mulher na produção cinematográfica. “Pernambuco teve a oportunidade de ter mulheres pensantes no cinema”, relatou. Sobre o preconceito em relação ao gênero, Kátia pontuou que sofreu mais preconceito por ser nordestina, do que por ser mulher. “Na época, fiz o filme Fora do Eixo, porque tudo estava em São Paulo e no Rio de Janeiro. O que nós precisamos é de estímulo”, disse ela.

Outra questão abordada durante o seminário foi sobre as realizações feitas por mulheres. Nara Normande, também cineasta, colocou à mesa a participação de mulheres nas diversas funções da produção no cinema. “A equipe ainda é muita masculina, tem poucas mulheres dirigindo”, ressaltou. Carla Osório, curadora e produtora executiva que mediou a mesa durante o seminário, acrescentou que "lugares onde a função desempenhada tem prestígio social, tende a ser ocupada por homens”.

Rosana Urbes, cineasta e ilustradora, relatou que em boa parte dos estúdios que freqüentou durante a adolescência, era a única mulher. “Somos fruto de um processo histórico, requisitando a atenção desde os anos 60. A questão do feminismo não é só uma questão da mulher”. Contou que teve dificuldades de encontrar referências femininas na ilustração. ”Os desenhos sempre tendiam à um estereótipo do masculino”, relatou.

A atriz Gilda Normacce tratou sobre a atuação e a competição das mulheres no cinema. De acordo com a atriz, a competição muitas vezes é pela questão da estética. ”A grande parte das protagonistas são atrizes jovens”, contou. Destacou as dificuldades que teve no início da carreira. “Sofri assédios, abusos. Não foi fácil, é preciso ter muita estrutura”, confessou ela. A limitação de funções foi outro ponto colocado na mesa. “A sociedade nos impõe optar entre ser mãe e ser profissional. Não temos creche no set de filmagem”, colocou Carla Osório.

Outro ponto discutido no seminário foi sobre o machismo no audiovisual. Amanda Ramos, membra fundadora da Federação Pernambucana de Cineclubes – FEPEC contou sobre o projeto Desconstruindo o Machismo no Audiovisual em Pernambuco. ”Ele surgiu a partir de dois episódios da cena do audiovisual no Estado. O primeiro, em março deste ano, onde cinco cineastas se uniram para lançar o projeto “Cinema de Mulher”, como resistência ao preconceito existente. O segundo foi em setembro, também este ano, quando dois cineastas foram alvos de uma série de discussões sobre o assunto”, contou ela. De acordo ainda com Amanda, o preconceito no cinema não está somente relacionado ao gênero, mas à classe e à raça. Ao final, à mesa foi aberta para comentários e perguntas.

O 8º Curta Taquary acontece até esta sexta (27) em Taquaritinga do Norte, agreste pernambucano com exibições de 165 filmes de 25 países. Idealizado por Alexandre Soares, diretor e curador do festival, o Curta Taquary teve início em 2005. Reúne artistas, ativistas e amantes da sétima arte com a proposta de apresentar uma grande diversidade de curtas-metragens nacionais e internacionais ao público da região. Desde a primeira edição o festival já apresentou mais de 1000 curtas para mais de 25 mil pessoas.

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