A abertura da mostra para convidados será dia 06 de agosto, às 19h, na Arte Plural Galeria (APG), no bairro do Recife. O público poderá conferir a exposição, com entrada gratuita, a partir da quarta-feira (07.08) e segue até 05 de outubro. A APG fica na Rua da Moeda, 140, no bairro do Recife. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h e no sábado, das 14h às 18h.
A exposição conta com cerca de 30 obras, distribuídas em três séries: Peixe planta; Coleção; e Seres Pedras, com esculturas cerâmicas. Ainda, 19 trabalhos, não inseridos nas séries, mas que abordam a mesma temática que se desdobra em um complexo texto visual crítico ao aparato cientificista ocidental.
A pesquisadora Joana D’Arc Lima, curadora da exposição, lembra que crítica ao aparato cientificista (e evolucionista) imposto como verdade absoluta - que desqualificou os demais saberes de povos que foram colonizados pelo ocidente -, é o fio condutor que conecta as séries apresentadas, resultado de oito anos de investigação. “Aurora Caballero, por meio da arte, ecoa outras vozes de intelectuais críticos/as, e abre fissuras no terreno aparentemente hegemônico da ciência e por que não da própria arte”, afirma.
Ela acrescenta que os museus e seus dispositivos de classificação e valoração de uma cultura visual material e imaterial das sociedades não ocidentais, por exemplo, também faz parte da crítica que a artista vem desenvolvendo em seus trabalhos: os modos de classificação, de guarda, de assepsia, de exibição e de construção narrativa das demais culturas estão no horizonte de suas criações.
Natureza - A conexão da artista com a natureza é antiga. Nascida em João Pessoa (PB), estudou biologia, mas não concluiu o curso. Decidiu, porém, seguir pelo universo das artes visuais, graduando-se pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente, é mestranda, em artes visuais, no Programa de Pós Graduação Associado em Artes Visuais UFPE/UFPB.
Em seus trabalhos, Aurora utiliza diversas linguagens para investigar a natureza, abrindo possibilidades para o surgimento de seres híbridos e possíveis de serem fabulados pelas artes.
Visão – “Para meu processo poético, tenho interesse nas reflexões a respeito dos modos possíveis de se representar e descrever o mundo. A gravura gyotaku, por exemplo, é considerada espécie de registro do real, sendo utilizada inclusive como ferramenta de ensino associada à ilustração científica”, explica a artista. Nesse sentido, ela diz apropriar-se da técnica que atesta “a existência ‘matéria’ de um peixe, para criar possíveis outros seres, entendendo que toda representação de mundo é arbitrária e subjetiva, está sob a perspectiva de uma visão de mundo”, afirma.
Sobre a exposição, a artista revela que considera um diálogo entre muitos trajetos poéticos. “Observar isso, que nomeamos de natureza, e pensar as relações que estabelecemos com os outros seres, elementos e organismos são temas centrais em grande parte do meu trabalho”, detalha Aurora, ressaltando que é a partir dessa raiz conceitual que se articulam as suas produções, não somente presentes nesta mostra, mas de toda a sua investigação enquanto artista.
Fabulações – “Aurora se insere, no campo das artes, como uma narradora de ensaios visuais ficcionais, cujos enredos e roteiros são fabulações que anunciam questões em trânsito e em fluxo, entre naturezas e suas espécies reais e imaginadas, construindo um inventário particular de espécies para descrever fragmentos desses mundos inventados e possíveis”, completa a curadora Joana D’Arc Lima.
A mostra, destaca a curadora, apresenta essas fabulações narrativas “de mundos hibridizados, realizando conversas entre a impressão gyotaku e a pintura acrílica sobre tela, friccionando linguagens formais da arte e o sistema dos reinos biológicos – forma que a ciência tem para classificar os seres vivos por sua relação de parentesco na história da evolução -, juntando seres vivos do reino animal e os do vegetal”. Com isso, se propõe a integrar junções possíveis e impossíveis da natureza; e prováveis na poesia e nas artes.
Poética – As obras de Aurora Caballero são únicas e se destacam pela fabricação da fabulação, da construção fictícia de seres animados e inanimados e de (im) possíveis mundos, produzindo, em síntese, uma poética crítica ao modelo cientificista ocidental. Na série, Peixe-planta, figuras híbridas elaboradas por meio de uma pintura delicada e minuciosa - capturadas pela técnica de impressão Gyotaku, criando uma conexão entre seres de mundos distintos.
A série Coleção é composta de pinturas (acrílica sobre tecido), com elementos colecionados por vários anos, como ossos, conchas, pedras, dentes e sementes e selecionados pela artista em caminhadas e trilhas. A série intitulada seres pedras reúne esculturas cerâmicas, dando vida a criaturas imaginárias, quimeras e entes de outro tempo, que podem ser interpretados como uma espécie de fósseis encontrados em tempo e espaço indefinidos.
Gyotaku – Esse é um tradicional método japonês de imprimir peixes, uma prática que remonta a meados do século XIX. Utilizado por pescadores para registrar suas capturas, se tornou uma forma de linguagem artística própria. O nome Gyotaku significa: Gyo significa “peixe” e taku significa “esfregar”.
Serviço:
Exposição "Sonhava-se muito com o mar e as formigas", da artista Aurora Caballero
Quando: 06.08.2023, 19h (para convidados)
Visitação ao público a partir do dia 07.08.2024, no horário de funcionamento - segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 14h às 18h
Onde: Arte Plural Galeria (rua da Moeda, 140, Bairro do Recife)
Entrada franca
Instagram: @arte_plural_galeria
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