quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A Sociedade da Neve: a junção da ficção com os fatos originais trazem uma nova história da tragédia? Por que este tema atrai tanto o público?



O novo filme da Netflix, “A sociedade da Neve”, que narra o acidente de avião sofrido pelo time de rugby uruguaio na Cordilheira dos Andes, se tornou um sucesso no streaming e atraiu milhares de espectadores que se interessam por este tipo de narrativa.


Paulo Ramirez, professor de ciências sociais da ESPM, conta que dentro dos estudos de estética e audiovisual, há um conceito chamado Catarse, que envolve uma identificação sensorial daquilo a que assistimos, fazendo com que haja um interesse por narrativas como essa. “O plano de fundo dessas histórias que fazem tanto sucesso é o grau de sociabilidade, ou seja, quais são as boas ou má relações, se você protege ou não pessoas desconhecidas, então tudo isso acaba trazendo esse espírito da catarse”, afirma Ramirez.


A professora de cinema e audiovisual da ESPM, Adriana Moreira, também acredita que o filme insere a catarse no roteiro, trazendo um didatismo sobre a tragédia nos Andes. “Como aquelas pessoas entraram no avião? Qual era a motivação delas? Todo o processo angustiante de sobrevivência deles durante o filme serve para que depois tenhamos uma experiência catártica. É isso que a ficção permite, que não só entendamos sobre uma história mas que também nos emocionemos com ela”, completa a especialista da ESPM.


Adriana Moreira ainda afirma que muitas obras cinematográficas, ao trazerem de volta as tragédias e crimes que aconteceram há anos e ficaram marcados na história, permitem que o espectador não só conheça sobre determinados acontecimentos, mas que tenha uma real experiência de envolvimento. “Isso é uma das coisas mais preciosas de uma obra cinematográfica ficcional. Mesmo baseada em fatos reais, ela pode trazer tanto informações que o espectador não conhece, quanto uma experiência de entretenimento que permite que ele se conecte com personagens e universos, trazendo também uma conexão empática desse espectador”, diz. 


Por outro lado, durante a produção dessas obras cinematográficas, a junção dos fatos originais do ocorrido com a ficção, pode criar uma nova história? Adriana Moreira afirma que muitos formatos audiovisuais trazem elementos de narrativas ficcionais e não ficcionais para contar histórias, seja para trazer mais informação ou envolvimento emocional ao espectador. “No caso do filme ‘A Sociedade da Neve’, é uma história ficcional baseada em uma tragédia real e não estamos contando uma nova história, estamos trazendo novas contribuições, percepções, e até mesmo a criação de diálogos e cenas que não mudarão o começo, meio e fim da história, mas que permitem uma conexão emocional sobre ela”, diz a professora do curso de cinema e audiovisual da ESPM.


A especialista finaliza dizendo que o limite entre a ficção e realidade é cada vez mais tênue e que no caso do filme ‘A sociedade da neve’ passamos o tempo todo refletindo sobre se o que aconteceu foi uma tragédia ou milagre.


 


Os especialistas estão disponíveis para comentarem sobre o assunto.


 


Paulo Ramirez é Doutor em Ciências Sociais (área de concentração Antropologia – 2014 PUC-SP), Mestre em Sociologia (2007 PUC-SP), bacharel e licenciatura em Ciências Sociais (2004 – PUC-SP); e bacharel em Filosofia (FFLCH-USP). É professor de ciências políticas da ESPM e autor do livro “Sérgio Buarque de Holanda e a Dialética da Cordialidade” (2011).


Adriana Moreira é Mestre em Comunicação, Roteirista, Pesquisadora e Professora das disciplinas Projeto Audiovisual II e Argumento, Pesquisa e Desenvolvimento da Linguagem Audiovisual, no Curso de Graduação em Cinema e Audiovisual da ESPM-SP.


 


 Sobre a ESPM


A ESPM é uma escola de negócios inovadora, referência brasileira no ensino superior nas áreas de Comunicação, Marketing, Consumo, Administração, Economia Criativa e Tecnologia. Seus 12 600 alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação e mais de 1 100 funcionários estão distribuídos em cinco campi - dois em São Paulo, um no Rio de Janeiro, um em Porto Alegre e um em Florianópolis. O lifelong learning, aprendizagem ao longo da vida profissional, o ensino de excelência e o foco no mercado são as bases da ESPM.

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