Com diversas premiações na carreira, Teresa Cárdenas abre o coração na entrevista inédita. Ela comenta a inquietação por não se identificar com os personagens que lia na infância, menciona os assuntos delicados que trata em sua obra literária e reflete sobre seu doloroso processo criativo. A autora ainda lê um trecho de seu livro "Awon Baba" durante a atração.
A partir deste mês, o Trilha de Letras também pode ser acompanhado em formato podcast no Spotify. A conversa gravada na BiblioMaison para o programa fica disponível no app TV Brasil Play e no canal do YouTube da emissora pública. A produção sobre o universo literário ainda tem uma versão radiofônica que vai ao ar no mesmo dia, mais tarde, às 23h, pela Rádio MEC.
No quadro "Dando a Letra", espaço da atração que traz sugestões de leitura, a booktuber Raíssa Carvalho indica o livro "Uma Jornada como tantas", título do autor sergipano Francisco Dantas. O romance revela o angustiante drama de uma grávida em trabalho de parto que peregrina por estradas sem condições de transporte no interior do país, nos anos 1950.
Incentivo à leitura e busca de identidade
Teresa Cárdenas conta que começou a escrever motivada por não achar, nas histórias publicadas na sua juventude, personagens que se parecessem com ela. "Sempre digo que estou me reconstruindo todos os dias porque aquela Teresa menina que eu era não tinha um espelho onde se refletir. Certamente quando eu era criança não havia meninas como eu nos livros", explica a convidada.
Ao redigir os livros que gostaria de ter lido quando criança, Teresa Cárdenas trata de questões consideradas difíceis para os pequenos. As obras da cubana abordam temas como escravidão, racismo, morte, identidade e ancestralidade, sem dourar a pílula ao confiar na capacidade de seus leitores.
A escritora destaca a importância da família no seu interesse literário. "A aproximação com a leitura foi bastante presente. Li muito", pontua Teresa que teve a mãe como principal influência, além dos clássicos cubanos. "Devo muito a minha mãe mesmo que só tenha estudado até o primário. Ela sabia que eu gostava muito de leitura, então trazia cada papel, cada conto, cada história em quadrinho", recorda.
A identificação com os protagonistas dos livros é uma pauta latente para Teresa Cárdenas que transformou essa lógica para novos leitores em suas publicações. "Essa coisa de me reconhecer e de me ver num espelho, aparece na minha primeira novela 'Cartas para a minha mãe'", observa a autora cubana ao falar sobre sua infância humilde.
"Essa busca da minha própria identidade foi que me fez chegar a ser essa Teresa que sou hoje: saber que sou bonita e tenho uma história, que meus filhos também podem seguir esses caminhos. Eles podem se reconhecer e ter representatividade através dos meus livros", declara a entrevistada.
Ao ponderar que não se considera escritora, mas "uma mãe preta que escreve", Teresa Cárdenas cita, ainda, a influência dos filhos em sua obra. "A maternidade não é a motivação da minha literatura, mas está sempre ao redor de tudo porque sou uma mãe e escrevo. O meu primeiro livro nasceu antes da minha primeira filha", cita ao lembrar do título que marcou seu ingresso no ramo.
Processo criativo e reconhecimento público
Múltipla, a autora Teresa Cárdenas também é atriz, contadora de histórias, dançarina e assistente social. No programa, ela conta que seu processo de criação é doloroso, e afirma não recomendar essa forma de escrita a ninguém.
O mote da cubana serve de inspiração. De sua dor, já saíram personagens marcantes, alguns sem nome, o que permite que o leitor se enxergue como protagonista, mas também remonta à tradição africana de que nomes são geradores de destino.
Teresa Cárdenas coleciona prêmios, incluindo um David, o mais prestigiado prêmio de literatura de Cuba. Recentemente, a escritora também foi indicada ao prêmio sueco Astrid Lindgren, para autores que contribuem com a literatura infantojuvenil. Além disso, os livros da convidada do programa Trilha de Letras são adotados como leitura obrigatória em escolas brasileiras.
Sobre o programa
O Trilha de Letras busca debater os temas mais atuais discutidos pela sociedade por meio da literatura. A cada edição, o programa recebe um convidado diferente. A atração foi idealizada em 2016 pela jornalista Emília Ferraz, atual diretora do programa que entrou no ar em abril de 2017. Nesta temporada, os episódios foram gravados na BiblioMaison, biblioteca do Consulado da França no Rio de Janeiro
A TV Brasil já produziu três temporadas do programa e recebeu mais de 200 convidados nacionais e estrangeiros. As duas primeiras temporadas foram apresentadas pelo escritor Raphael Montes. A terceira, por Katy Navarro, jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A jornalista, escritora e roteirista Eliana Alves Cruz assume a quarta temporada, que também ganha uma versão na Rádio MEC.
A produção exibida pelo canal público às quartas, às 22h, tem horário alternativo aos domingos, às 23h. O Trilha de Letras ainda vai ao ar nas madrugadas de quarta para quinta e de domingo para segunda, na telinha. Já na programação da Rádio MEC, o conteúdo é apresentado às quartas, às 23h.
Ao vivo e on demand
Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, TV por assinatura e parabólica. Sintonize:
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Seus programas favoritos estão no TV Brasil Play, pelo site http://tvbrasilplay.com.br ou por aplicativo no smartphone. O app pode ser baixado gratuitamente e está disponível para Android e iOS. Assista também pela WebTV: https://tvbrasil.ebc.com.br/webtv.
Serviço
Trilha de Letras – quarta, dia 31/1, às 22h, na TV Brasil
Trilha de Letras – quarta, dia 31/1, às 23h, na Rádio MEC
Trilha de Letras – quarta, dia 31/1, para quinta, dia 1º/2, às 3h30, na TV Brasil
Trilha de Letras – domingo, dia 4/2, às 23h, na TV Brasil
Trilha de Letras – domingo, dia 4/2, para segunda, dia 5/2, às 4h30, na TV Brasil
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