O novo trabalho é uma investigação criativo-teórica em dança que teve como ponto de partida conhecer as obras e os pensamentos de seis arquitetos contemporâneos e a partir daí criar estímulos para explorar na dança. O enfoque maior da pesquisa está nas criações da dupla de arquitetos japoneses, Kazuyo Sejima e Ryüe Nishizawa (escritório de arquitetura SANAA), e do holandês, Kas Oosterhuis (grupo de pesquisas Hyperbody). O grupo Cláudio Lacerda Dança Amorfa é dirigido pelo bailarino e coreógrafo pernambucano, Cláudio Lacerda, que também compõe a pesquisa, junto à bailarina Juliana Siqueira, Stefany Ribeiro e os estudantes-pesquisadores Kailah Sousa e Jonas Alves. A pesquisa tem produção executiva assinada por Clarisse Fraga, da Bureau de Cultura, e conta com o incentivo do Funcultura/PE.
No processo, os bailarinos se alimentaram de leituras de autores da dança, filosofia, arquitetura, artes visuais e sociologia, engrossando uma rede de referências que aborda 4 âmbitos: intracorporal, que são as sensações e fluxos percebidas no próprio corpo; sobre a pele, ou seja, o território energético sobre a pele; relações e interferências entre os próprios componentes; e por fim, o lugar que os cerca, valorizando espaços vazios.
Dança Líquida é a continuidade de uma trajetória que o grupo percorre desde 1999, de trabalhar com a experimentação no campo da dança contemporânea, com ênfase na pesquisa de movimento. “Vivenciamos um processo que envolveu desde nossos fluxos internos, muito movidos por diferentes noções de liquidez, nosso campo energético sobre a pele e possibilidades de experimentar nossas inter relações a partir da noção de “enxame” sugerida por Oosterhuis (2020)”, enumera Lacerda, reforçando que a dança criada até o momento é um material em estado bruto, ainda com uma potencialidade grande de ser trabalhado e gerar outros desdobramentos artísticos como espetáculo, videodança, e, também, de investigação teórica e de produção escrita.
Desde 2008, Cláudio Lacerda tem nutrido, junto ao grupo, um interesse especial pela arquitetura como inspiradora e estimuladora para a criação em dança, inicialmente, mais especificamente pelo que se denominou “arquitetura desconstrutivista”, e, mais abrangentemente, a arquitetura contemporânea. Cláudio e Juliana iniciaram em 2008 o trabalho Deserto Aresta, produzido no contexto no projeto O Solo de Outro do Centro Apolo Hermilo (Recife/PE), inspirando-se pela arquitetura desconstrutivista em suas características gerais mais marcantes, com um primeiro contato com arquitetos revolucionários como Frank Gehry, Zaha Hadid, Bernard Tschumi, Peter Eisenman. Em seguida, o grupo debruçou na obra do arquiteto Frank Gehry, que gerou o espetáculo Espaçamento (2011), tendo no elenco Juliana, Cláudio e Jefferson, e gerou também o livro Pesquisa trilogia da arquitetura desconstrutivista (2011).
Em seguida, Cláudio e o grupo tiveram a chance de mergulhar na obra fascinante de Zaha Hadid, que foi o objeto de doutorado em Artes Cênicas de Cláudio na UFBA e a partir da qual o grupo realizou a pesquisa Contraespaço (2015). Além de Juliana, Jefferson e Cláudio, entraram Stefany e Orun Santana. Essa pesquisa gerou os espetáculos Transiterrifluxório (2017), Inverso Concreto (2021), a videodança Transiterrifluxório REC (2021) e o livro Contraespaços: criação coreológica em dança e a arquitetura de Zaha Hadid (2021).
SERVIÇO:
Ensaio aberto da pesquisa Dança Líquida: investigando-dançando a ampliação da experiência a partir de uma arquitetura líquida, do grupo Claudio Lacerda Dança Amorfa
Quando: Sábado (17 de dezembro)
Horário: 17h
Onde: Studio de Danças. Rua das Pernambucanas, nº 79 – Graças.
ENTRADA GRATUITA
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