Recife, 11 de março de 2021 - No imaginário coletivo, o Sertão está ligado ao forró de Luiz Gonzaga, ao resfolego da sanfona, ao tempo que não passa e à resistência. No campo afetivo, o Sertão se traduz em fartura, boa mesa e receptividade; mas também em cultura e arte (da tradição oral aos seus patrimônios). Discutir o Sertão para além da relação territorial é o foco do novo episódio do podcast Raízes Sertanejas, produto que recebeu incentivo da Lei Aldir Blanc (LAB PE) e apoio do Centro Cultural Cais do Sertão. O programa está disponível gratuitamente pelo Spotify, plataforma que já abriga o canal de playlists do museu.
No episódio liberado nesta semana, o músico-educador e
idealizador do projeto, Diogo do Monte, recebe o também educador do Cais Sandro
Santos para discutir a relação temporal e de espaço do Sertão. O bate-papo
possibilita reflexão de questões como o cotidiano sertanejo, moradia, relações
sociais e a falsa relação entre o sertão e o atraso tecnológico.
De acordo com Sandro, torna-se imprescindível analisar o
Sertão para além do lugar de silêncio e repouso, mas tê-lo como objeto de
contemplação, criação artística e de transformação social. “O Sertão sempre foi
muito rico. À época da graduação, pude compreender o Sertão como lugar onde
mora a saudade. A partir da vontade de trazê-lo para a experiência acadêmica, é
possível perceber este lugar de descanso, repouso, em produções
cinematográficas, musicais e literárias”, analisa.
O Raízes Sertanejas reúne as análises de artistas e
pesquisadores sobre a cena musical nordestina, além de episódios inéditos com
aspectos da cultura sertaneja, como religiosidade, e personagens históricos. O
programa já trouxe à baila debates sobre
o protagonismo da mulher no forró, o forró e as mídias sociais, cangaço,
cultura e estética e a relação entre o
sagrado e o profano.
Além do podcast, o internauta interessado em cultura popular
pode navegar nas playlists temáticas do Spotify do Cais. Há seleções para todos
os gostos: desde repertórios dedicados ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga -“Gonzaga
em Outras Vozes” e “O Sertão cantado por Gonzaga”-, ao centenário de Zé Dantas.
O agregador também abriga listas com sucessos de músicos da cena local, a
exemplo de Chico Science, Cristina Amaral e Quinteto Violado. Destaque para as
homenagens ao Recife, como a lista Saudade do Recife, proposta por Johnny
Hooker, além de um tributo a Naná Vasconcelos.
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