Hoje, 19 de março de 2021,o clube das Pás completa 133 anos de fundação. O clube de frevo mais antigo em funcionamento do Brasil chega ao seu 133° aniversário colecionando, histórias, tradições e o pentacampeonato do Carnaval, com cinco vitórias seguidas no carnaval do Recife. Estava preparado para o Hexa, mas a pandemia não deixou. Além de ser um reduto da música romântica da cidade do Recife. A casa já recebeu grandes nomes da música brasileira como Roberta Miranda, Arlindo Cruz, The Fevers, Reginaldo Rossi, Beto Barbosa, Trio Irakitan, Agnaldo Timóteo, Fernando Mendes, Gilliard, Adilson Ramos e muitos outros.
De acordo com o presidente do Clube, Rinaldo Lima, o Clube
havia preparado uma Live Especial em comemoração aos 133 anos, com a
participação de Altemar Dutra Junior, mas foi cancelada por advento do Decreto
do Governo do Estado. “Mas, com fé em Deus, venceremos essa batalha e estaremos
juntos, em breve, nos salões do Clube das Pás!” Ressaltou o presidente.
O Clube Carnavalesco Misto das Pás teve suas atividades
suspensas por conta da pandemia, deixando seus frequentadores assíduos, sócios
e amantes do clube com saudades.
CLUBE LANÇA PROJETO SOCIAL "COZINHA SOLIDÁRIA DAS
PÁS"
Nos últimos anos, o Clube das Pás passou por reformas
importantes e vem investindo em estrutura, mas também em projetos sociais,
levando solidariedade e alegria para as pessoas e comunidades vizinhas, e,
mesmo nesse momento difícil em que todos estamos passando com a pandemia, o
clube vem promovendo ações solidárias.
E é nesse espírito de solidariedade que o Clube das Pás
anuncia seu novo Projeto Social, o “COZINHA SOLIDÁRIA DAS PÁS", que levará
refeição gratuita para os mais necessitados que moram nas comunidades vizinhas
ao Clube das Pás, mediante cadastro prévio. Diariamente o Clube das Pás servirá
almoço e jantar para pessoas carentes. Os alimentos serão frutos de doações que
o Clube receberá diariamente a partir de hoje e as refeições serão preparadas
na cozinha do Clube por cozinheiras voluntárias. “Todos podem e devem ajudar,
doando alimentos não perecíveis ao clube. Já estamos recebendo as doações
diariamente, em qualquer horário. Com os alimentos, nossas cozinheiras
solidárias vão poder produzir almoço e jantar para quem tem fome, num gesto de
amor de todos que fazem o Clube das Pás”, ressaltou o presidente Rinaldo Lima.
NOSSA HISTÓRIA: Da Abolição da escravatura aos bailes mais
apaixonados da cidade
A história do Clube das Pás - o mais antigo de Pernambuco e
um dos mais antigos do País - remonta à sua fundação no dia 19 de março de
1888, dois meses antes da Abolição da Escravatura no Brasil. O Recife fervia de
alegria no carnaval, enquanto um navio cargueiro atracado no Porto do Recife
precisava ser abastecido de carvão, às pressas, para seguir viagem. Como não
tinha nenhum trabalhador interessado naquela tarefa, em plena folia, uma
empresa encarregada do abastecimento do cargueiro, ofereceu pagamento dobrado
aos estivadores. Daí, o comerciante português Antônio Rodrigues reuniu um grupo
de homens dispostos a deixar a folia de lado e tratar de fazer o trabalho por
uma remuneração maior.
Depois do serviço concluído e com muito dinheiro no bolso, o
grupo de foliões, formado por Francisco Ricardo Borges, Manoel Ricardo Borges,
João da Cruz Ferreira e João dos Santos, botou as pás de carvão nas costas e
foi comemorar no Clube dos Caiadores. Enquanto brincavam o carnaval, eles
tiveram a ideia de fundar um clube carnavalesco. Começaram a discutir os nomes:
Clube das Pás de Carvão, Clube das Douradinhas e Anjos da Boa Vista. No final,
foi escolhido Bloco das Pás de Carvão.
Nos primeiros anos, a agremiação funcionou na Boa Vista.
Depois, para erguer a sede do Clube, o grupo de foliões comprou na Rua das
Hortas, por seis mil cruzeiros, um terreno de propriedade do Recolhimento de
Nossa Senhora da Glória do Recife, Conceição de Olinda e Sagrado Coração de
Jesus de Igarassu. Até que, muito tempo depois, a Associação Carnavalesca de
Pernambuco comprou um terreno localizado na Rua Odorico Mendes, em Campo
Grande, e o doou ao Clube das Pás. Meses depois, a senhora Maria do Carmo, que
era sócia das Pás, arcou com as despesas de legalização do terreno junto à
Prefeitura do Recife.
Àquela época, na Rua Odorico Mendes só havia casas muito
simples. Assim, foi erguida uma palhoça, até ser construída uma sede maior em
alvenaria. Depois de duas grandes reformas, o espaço ganhou um primeiro andar e
recebeu o nome de Universidade do Frevo Reitor Josabat Emiliano, em homenagem a
um de seus ex-presidentes, falecido no domingo, 21 de agosto de 2016, aos 98
anos.
O Bloco das Pás de Carvão desfilou nos carnavais de 1888,
1889 e 1890 e em março do último ano mudou o seu nome para Clube Carnavalesco
Misto das Pás. A primeira notícia impressa sobre as Pás foi publicada no dia 4
de março de 1905, no jornal Diário de Pernambuco. A cada 13 de Maio - dia da
Abolição da Escravatura - o clube realizava uma passeata pelo Recife, em homenagem
ao pernambucano e abolicionista Joaquim Nabuco.
Alguns clubes carnavalescos criados na época eram oriundos
de corporações de operários urbanos e impregnados de elementos presentes nas
procissões religiosas, que foram proibidos pelas autoridades eclesiásticas.
Alguns dos elementos transplantados se encontravam em cordões de lanceiros,
mascarados, diabos, balizas, bobos, morcegos e damas de frente. No final do
século XIX e início do XX, surgiram no Recife, além do Clube das Pás, os clubes
de carnaval Vassourinhas (1889), Lenhadores (1889), Toureiros de Santo Antônio
(1914), Pão Duro (1916) e Pavão Misterioso (1919), entre outros.
O Misto do nome das Pás é porque nesta agremiação podiam
brincar homens e mulheres. O clube, que representa o mais tradicional espaço de
gafieira de Pernambuco, possui o estandarte mais antigo, datado no início do
século XX, possivelmente nos idos de 1910. O responsável pelo desenho foi
Manoel de Matos, onde estavam evidenciadas folhas de acanto e outros elementos
barrocos, a monograma do Clube, franjas e pingentes dourados, duas máscaras e
uma boneca fabricada em porcelana francesa, trazida pelo antigo
porta-estandarte, o alfaiate Manuel das Chagas. A confecção, que foi em veludo,
acolchoado de algodão, forrado com cetim e bordado com fios de ouro, ficou a
cargo das monjas beneditinas do Convento do Monte de Olinda.
O atual estandarte das Pás foi confeccionado por Maria do
Monte, uma antiga aluna e bordadeira do mesmo convento de Olinda, em 1980. O
desenho tem a figura de um anjo, representada por uma boneca trazida de
Portugal. O estandarte traz, ainda, os dizeres “Amor e Ordem”, bordados sobre
uma esfera azul que simboliza o globo terrestre. O estandarte pesa cerca de 60
Kg e é conduzido durante o desfile na avenida por três porta-estandartes, que
se revezam durante a apresentação na segunda-feira de carnaval. Em julho de
2007, a Prefeitura do Recife patrocinou a ida de doze integrantes do Clube para
duas apresentações do seu estandarte no Rio de Janeiro, uma em Niterói e outra
na Quadra da Mangueira.
O Clube das Pás tinha entre seus dirigentes uma personagem
que fazia parte da história do carnaval pernambucano, que era a vice-presidente
Josefa Ribeiro da Silva, a Marly das Pás (in memorian), que figura no livro
"Sem elas não haveria carnaval", de autoria da pedagoga e produtora
cultural Claudilene Silva e da historiadora Ester Monteiro. Lançado em 2011
pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife, o livro traz depoimentos da
carnavalesca.
Os bailes das Pás mantêm a tradição mais que secular de começar com a execução de três frevos. Afinal, o clube nasceu durante o carnaval. Depois é que vêm os ritmos mais dançantes, com destaque para as músicas latinas e os boleros.
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