Uma das
expressões mais genuínas da cultura nordestina, o forró se renova a cada
geração. Dos tempos de Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga aos dias de hoje,
muitas estrelas surgiram para manter esta tradição viva, com nomes que vão de
Dominguinhos e Alceu Valença a Targino Gondin e Adelmário Coelho, entre muitos
outros. Agora, entre a novíssima geração de forrozeiros, surge o nome de Dr.
Ed, um pernambucano radicado em Feira de Santana que, já em seu quinto CD,
revigora a cena do arrasta-pé com uma marca muito própria e um suingue
irresistível.
O Dr. do
nome não é firula artística. Ed é mesmo doutor, mais precisamente do terreno da
psicologia, com reconhecida atuação nas áreas de Aconselhamento e da Educação
Emocional. Fez Teologia e especialização em Psicanálise Clínica, além de
Psicologia da Educação. O trabalho de Aconselhamento realizado junto ao projeto
Oficina da Alma rendeu a ele o título de doutor honoris causa nesta área.
Dr. Ed
também ensinou na UFES e na Eneb e fez palestras por toda a Bahia na área de
Educação Emocional. Com o tema “Como anda sua saúde mental”, fez palestras para
professores em várias escolas. É também terapeuta familiar e consultor da rádio
Princesa FM, de Feira de Santana, na área de Aconselhamento, no programa “Amor
Sem Fim”, no ar às terças e quintas-feiras, das 22 horas à meia-noite.
E, além
de tudo isso, ainda encontra tempo para escrever poemas e lançar livros. Ele é
autor dos volumes “Arte de Ser Feliz” e “Psicologia na Educação – Diálogo entre
um louco, um filósofo e um psicanalista”. Mas se nos bastidores Dr. Ed se
aprofunda no conhecimento da mente humana, no palco seu forró tem efeito terapêutico
e é um santo remédio para quem anseia por alegria, diversão e alto astral.
É assim
que, entre a ciência de Freud e a música de Gonzagão, ele se estabelece como um
intérprete de sensibilidade e de voz marcante, cujo timbre lembra muitas vezes
o próprio Rei do Baião. É também um compositor de grande espontaneidade – a
inspiração pode surgir nos lugares mais inusitados e de forma muito livre. Seus
discos costumam mesclar sucessos de outros autores, numa releitura muito
pessoal, e canções próprias. Seus shows são um espetáculo de música, jogos
cênicos e coreografia que introduzem sempre um elemento de reflexão no meio do
entretenimento.
“Tem um
esquema todo de produção, desde a roupa à composição de palco”, explica ele.
São shows tematizados, que muitas vezes podem abordar, por exemplo, a cultura
da cidade onde se apresenta, com o intuito de elevar a autoestima da população.
“Trabalho o processo antropológico e social com um show dinâmico, interativo e
terapêutico, além de dançante”, define o doutor.
NOVO
DISCO
O mais
novo disco de Dr. Ed, “Álbum Retrô, As Mais Belas Canções – A Alegria do
Forró”, que está sendo lançado neste 2013,
é uma compilação de 20 músicas já gravadas anteriormente por ele.
Abrange desde canções próprias, como “Quandear” e “Perfume de Mulher”, a
clássicos da música nordestina com a marca do artista, como “Xote das Meninas”,
“Pelas Ruas Que Andei”, “Pau de Arara” e “Gostoso Demais”.
A meta é
fazer o lançamento oficial do álbum no show que Dr. Ed fará no dia 1º de junho
no “Arraiá da Muriçoca”, em Feira de Santana. Nesta época, início da temporada
junina, ele estará a mil, fazendo apresentações por várias cidades do interior
da Bahia. São Félix é uma delas, no “Forró do Zé, Pra Homem, Menino e Muié”,
dia 2 de junho. E o roteiro ainda deve passar por Jequié, Santa Bárbara,
Teofilândia e Cruz das Almas, entre muitas outras.
HISTÓRICO
Natural
de Recife, Ednaldo José da Silva – o nome completo do Dr. Ed – trabalhava na área de metalurgia, como
retificador de motores, quando veio para a Bahia (Feira de Santana) em 1994. A
música entrou na vida dele desde cedo, através da radiola de fichas do bar de
sua mãe, em Pernambuco, que tocava Paulo Sérgio, Reginaldo Rossi e Amado
Batista, dentre outros ídolos da música popular. O pai também gostava de dar
uma de cantor quando tomava umas e outras e procurava ensinar o pequeno Ed, a
esta altura já determinado a entrar para o mundo da música.
Aos 14
anos ele comprou o primeiro violão e, ao tempo em que se desenvolvia no
aprendizado, experimentava os primeiros passos do processo de composição. De
outro lado, a participação no coral de uma igreja ajudou-o muito na educação do
canto.
A
primeira grande chance de brilhar em um palco veio a partir do convite de uma
amiga produtora para dar uma canja no show do cantor Canindé, na cidade de
Ipirá, em 2008. Entusiasmado com a oportunidade, Ed comprou até um violão novo
e esperou ansioso pela hora de subir no palco.
O
problema era que a noite contava também com a apresentação de uma dupla, e esta
acabou ocupando o horário todo reservado para a abertura do show. E Canindé,
que entrou em seguida, só deixou o palco às 3 horas da manhã. Tarde demais!
Àquela altura, o público já estava deixando o espaço para voltar para casa.
Mesmo
assim, a produtora mandou-o subir e, convocado por Canindé, Ed entrou em cena e
mandou “Vou Pedir Pra Você Voltar”, sucesso de Tim Maia. E não é que o público
atendeu ao pedido do refrão da música? Aos pouquinhos, muitos que estavam
saindo resolveram voltar ao recinto, atraídos pela voz de Dr. Ed. “O povo
voltou e começou a pedir mais músicas e o resultado é que acabei fazendo um
show de uma hora e meia”, relata o cantor.
E foi
assim que ele passou pela prova de fogo e tornou-se apto a abraçar a carreira
artística com toda a garra. Ainda em 2008 veio o primeiro CD, “Asas”, com
canções românticas dele e de nomes como Fagner, Flávio Venturini e Biafra,
entre outros.
Mas foi
em 2009 que Dr. Ed entrou com tudo no forró, com o CD “Forrozão do Ed – Volume
1”. No ano seguinte, saiu o “Forrozão do Ed – Volume 2, Perfume de Mulher”, que
emplacou a canção-título, de autoria do próprio cantor. Em 2012, ele prestou
tributo ao Rei do Baião com o CD “Homenagem ao Centenário de Gonzagão”.
Com
“Álbum Retrô”, o disco de 2013, Dr. Ed e sua banda pretendem ir mais longe, não
só na carreira, mas no próprio espaço territorial. “No segundo semestre
pretendemos fazer uma turnê até São Paulo, onde tem festa de São João o ano
inteiro”, planeja o doutor do forró pé-de-serra.
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