Para manter viva a memória do Teatro do Parque, provocar avanços e trazê-lo de volta à pauta do dia, o Cineclube CineRua retorna ao centro do Recife nesta terça (25). A partir das 18h30 haverá exibição de sete curtas (quatro inéditos no Estado), debate com ativistas e representantes políticos, além de um atentado poético de Jomard Muniz de Brito, como forma de chamar atenção para a importância deste exemplar único de cinema-jardim, fechado desde 2010.
Inéditos no estado, Time Gap e Nothing to adjust (Duo Strangloscope/SC), Contos de Película (Larissa Lisboa/AL) e o curta baiano A morte do cinema (Evandro de Freitas/BA) são três ótimos curtas que se sustentam na relação entre memória e criação cinematográfica, este último especificamente voltado para a cultura dos cinemas de rua. Completam a sessão importantes títulos pernambucanos, dois deles exibidos no próprio Teatro do Parque, nos anos 2000: Simião Martiniano – o camelô do cinema (1998), de Clara Angélica e Hilton Lacerda, Ave Maria ou mãe dos oprimidos (2003), de Camilo Cavalcante, e Janela Molhada, de Marcos Enrique Lopes.
A proposta é refletir e intensificar o debate em torno de espaços de exibição e a cultura urbana, tendo em vista as diferentes formas de ocupação e projetos de cidade. Além de representantes de movimentos culturais, foram convidados os vereadores Ivan Moraes Filho, Marília Arraes e da deputada estadual Priscila Krause.
Histórico – Lançado em 2015 como projeto de exibição em defesa dos cinemas de rua, o Cineclube CineRua é uma ação do movimento #CineRuaPE, formado por pesquisadores e profissionais da cultura em prol da memória, manutenção e reativação dos cinemas de rua. Desde então o movimento passou a promover mostras, debates e seminários que permitiram avançar nas discussões e incorporar a vibração orgânica de sessões em praças e calçadas. As primeiras sessões foram realizadas em frente ao Teatro do Parque, uma homenagem-protesto pelo centenário deste importante cinema-jardim fechado desde 2010; no Cine Olinda, em três sessões que reivindicaram o retorno deste cinema à beira mar fechado há mais de meio século; e no Cine AIP, denunciando o descaso com um patrimônio da arquitetura moderna recifense. No interior foi realizada uma sessão-seminário no Cine São José, Afogados da Ingazeira, em parceria com a Mostra Pajeú de Cinema.
Serviço:
Cineclube Cine Rua #8: Teatro do Parque
Quando: 25 de abril (terça), às 18h30
Onde: Rua do Hospício, 81 - Boa Vista
Entrada franca
Programação
Ave Maria ou mãe dos oprimidos (PE, 2003, fic, digital, cor, 9’), de Camilo Cavalcante
Sinopse: Diariamente, na cidade do Recife, às seis horas da tarde, as rádios mais populares param a programação para tocar a Ave Maria de Schubert.
Simião Martiniano – o camelô do cinema (PE, 1998, doc, 35mm, cor, 14’), de Clara Angélica e Hilton Lacerda
Sinopse: A história de Simião Martiniano, homem que divide seus ofícios entre camelô e cineasta.
Contos de película (AL, 2009, doc, digital, cor, 15’), de Larissa Lisboa
Sinopse: Uma sessão de cinema onde um crítico de cinema, um cinegrafista e um projecionista relatam suas experiências com a película cinematográfica.
Nothing to adjust (SC, 2014, fic, S8/digital, pb, 5’), Duo Strangloscope
Sinopse: Processos analógicos e digitais de edição, pele recriada. Dilatar os limites do representável para além do existente, reconstituir o ausente (fantasia), aparição (fantásmata), cópia degrada distante da essência.
Janela Molhada (PE, 2010, doc, HD, cor, 22’), de Marcos Enrique Lopes
Sinopse: Nos primórdios do cinema, dois italianos fundaram em Pernambuco a primeira produtora de cinema do estado. Dona Didi, filha de um deles, é hoje a última remanescente do cinema mudo brasileiro. O filme levanta ainda a questão da preservação e restauração de acervos.
Time Gap (SC, 2014, fic, S8/digital, cor, 11’), Duo Strangloscope
Sinopse: Atraso, intervalo, espaço. Como retratar o tempo retirando-lhe o caráter documental que a imagem sempre produz? Time Gap aborda o nascimento da imagem, retomando o negativo fílmico como pele de inscrição para expor e tentar exaurir suas possibilidades de esgarçamento através da tecnologia digital.
A morte do cinema (BA, 2016, doc, HD, cor, 20’), de Evandro de Freitas
Sinopse: Quando levantou a casa, o sonho viveu lá. Depois morreu e tudo mudou: ficou a ruína. Dizem que ruína é coisa alguma, mas não é verdade. Ruína é a casa do abandono.
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