A pesquisa “Tech C-Level Brasil”, realizada pela consultoria EloGroup em parceria com o TEC Institute — responsável pela publicação da MIT Technology Review Brasil —, realizou entrevistas em profundidade com CTOs e CIOs de empresas e entidades como Renault, Boticário, Claro, ONS e BNDES, além de levantamento quantitativo com 115 executivos, para traçar um panorama inédito das TIs e seus líderes em empresas brasileiras.
Segundo os dados, 30,4% dos CTOs e CIOs consideram suas áreas de TI parceiras estratégicas, trazendo oportunidades de negócio e ganhos de eficiência viabilizados pela tecnologia para o centro das discussões. Outros 30,4% as percebem como proativas, apoiando a implementação da estratégia corporativa.
Apesar de esses números demonstrarem um amadurecimento no papel da TI, que se afastou da atuação reativa, como "apagadora de incêndios" (10,4%), a pesquisa demonstra que ainda há margem para um avanço no papel como "trusted advisor" da liderança de negócios (12,2%).
De acordo com o levantamento, o modelo organizacional predominante nas TIs brasileiras é o centralizado (44.3%), com uma área única para toda a organização e responsável pelo ciclo completo a partir de demandas especificadas pelo negócio. O modelo híbrido, adotado por 38,3% das empresas, integra parcialmente TI e negócios para gerir serviços e aplicações. Já 17,4% optam pelo modelo descentralizado, no qual os recursos de TI pertencem ao negócio e são controlados diretamente pelas unidades organizacionais.
“Antes, existia esse senso comum de que a tecnologia não deveria ser um fim, mas um meio para a viabilização dos objetivos de negócio. Hoje, compreendemos que esta é uma visão limitada”, afirma Rafael Clemente, fundador e CEO da EloGroup. “Passamos a ver a tecnologia como uma lente pela qual podemos enxergar uma série de oportunidades. Mas isso exige que a área de negócio tenha também uma fluência e entendimento da tecnologia.”
De acordo com ele, diante deste movimento, a tendência é que as lideranças de TI, além de conhecerem a tecnologia com profundidade, passem a dominar as nuances do negócio. “CEOs passam a ser um pouquinho mais CIOs e CTOs, e vice-versa”, diz.
“Hoje, a tecnologia precisa habilitar a construção de cenários que muitas vezes as próprias áreas de negócios não conseguem imaginar. O CTO/CIO então deixa de ser apenas um viabilizador para ser também um direcionador”, complementa Matheus Americano, sócio da EloGroup responsável pela prática de tecnologia.
'Ressaca' da Transformação Digital
A pesquisa mostra também, tanto em sua dimensão quantitativa quanto qualitativa, que o período de "ganhos fáceis" com a onda de transformação digital acabou. Hoje, as empresas e seus líderes enfrentam crescente pressão por resultados tangíveis.
Os executivos estão cada vez mais focados em produtividade, redução de custos e ganho de eficiência. Apoiando essa conclusão, vemos que, entre os respondentes, os KPIs mais importantes para a tomada de decisão são: ganho de produtividade (30,4%), crescimento de receita (21,7%) e redução de custos (18,3%).
Além disso, destaca-se um horizonte de planejamento da estratégia digital de curto prazo, de 1 a 2 anos (45,2%), seguido por médio prazo, de 3 a 4 anos (32,2%). Planejamento de longo prazo, acima de 5 anos, é priorizado apenas por 13,9% dos respondentes.
Uma TI mais ágil e flexível
Outro ponto relevante é que a necessidade por uma TI mais ágil e flexível tem se tornado uma realidade para as empresas, resultando na adoção de metodologias e frameworks ágeis. A pesquisa reforça essa tendência, destacando que agilidade e flexibilidade são expectativas estabelecidas no setor de TI.
No mapeamento de alocação estimada de orçamento das TIs em 2024, Software como serviço (SaaS) aparece com 16,5%, enquanto Infraestrutura como serviços (IaaS) e Serviços de nuvem pública aparecem com 13,9%, sugerindo um crescimento no interesse por modelos de contratação mais flexíveis.
Agilidade, gestão e projetos aparecem entre as principais competências em número de colaboradores de TI alocados, com 14,8% as priorizando.
Aplicação da IA
A pesquisa “Tech C-Level Brasil” confirma que a adoção de soluções com Inteligência Artificial é uma tendência nas corporações. Praticamente dois em cada três (65,5%) entrevistados declaram que ela é aplicada principalmente para análise de dados e business intelligence. Em seguida, 54% destacam o uso no atendimento ao cliente e 39,8%, no desenvolvimento de produtos e serviços.
“Você precisa de uma boa plataforma de tecnologia para realizar experimentações, testes A/B, coletar dados e entender o cliente. Mas, uma vez que um desses experimentos se mostra interessante, é necessário ter uma tecnologia afinada para transferir isso do mundo da inovação para o da excelência operacional, escalar rapidamente e capturar valor”, diz o CEO.
Para Clemente, os modelos de gestão do futuro serão aqueles capazes de combinar excelência operacional e inovação. “É sobre como fazer com que esses dois motores, o da inovação e o da exploração, gerem ideias e validações para que a empresa possa escalar.”
Metodologia
A pesquisa contou com a participação de 115 executivos C-Level do Brasil. Entre os principais nomes, estão Daniel Knopfholz, do Boticário, Helena Tenório e Fernando Lavrado, do BNDES, Cesar Augusto dos Santos, da Claro Brasil, Carlos Alexandre da Silva do ONS, Everton Schonardie Pasqual, da Itaipu Binacional, Bruno Santos, da Localiza, Caio Nogueira, da Renault, Paulo Eduardo Corcino de Jesus Sousa, da PetroReconcavo, e Marcus Falcão, do Grupo Profarma.
A pesquisa quantitativa utilizou perguntas com escalas variadas a fim de fazer recortes segmentados e entender o estágio atual das organizações pesquisadas em temas relacionados à tecnologia. As respostas foram analisadas de forma isolada e correlacionadas para investigar o impacto de uma resposta na outra.
Sobre a EloGroup
A EloGroup é uma consultoria de transformação digital que combina competências de Tecnologia, Analytics e Gestão em uma jornada integrada de geração de valor, da estratégia ao delivery. Atua desde 2007 e conta com mais de 650 colaboradores que operam no Brasil e no exterior para solucionar desafios em diferentes indústrias. Também é parceira-membro da Cordence Worldwide, uma aliança global de consultorias independentes que opera em 19 países – nas Américas, Ásia, Europa e Oriente Médio.
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