“Mais do que critérios científicos, a normativa se baseava na percepção de que homens homossexuais são mais promíscuos”, afirma Leandro Cunha, professor da pós-graduação em Direito Médico, da Saúde e Bioética da Faculdade Baiana de Direito. Segundo ele, esse estigma surge com o auge da epidemia do HIV, na década de 80, e atinge principalmente homossexuais do sexo masculino
Para a portaria 158/2016 do Ministério da Saúde e a resolução RDC 34/14 da Anvisa, por exemplo, homens que tivessem relações sexuais com outros homens e/ou as parceiras sexuais destes seriam inaptos para doação por 12 meses, desconsiderando o uso de preservativo e a existência de parceiros fixos. Nenhuma das normativas menciona homens que fazem sexo anal com mulheres, embora este também seja um comportamento de risco.
Imune ao preconceito
Com o avanço das pesquisas científicas e métodos de detecção do vírus, ficou evidente que as restrições baseadas na orientação sexual eram discriminatórias e não refletiam os avanços na área da saúde. Diante disso, organizações da sociedade civil e profissionais de saúde destacaram a importância de revisar os critérios para triagem de doadores, priorizando a análise do comportamento de risco individual, independentemente da orientação sexual.
“Toda vez que ia doar sangue, omitia minha orientação sexual. Chegou um momento que eu cansei. Mesmo tendo condições de salvar uma vida, decidi que enquanto os critérios não mudassem eu não voltaria a doar”, conta Genilson Coutinho, jornalista e ativista LGBTQIAPN+. “Agora eu vou doar com frequência e não noto nenhum tipo de preconceito quando me declaro uma pessoa LGBT”, relata.

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