sexta-feira, 5 de maio de 2023

Fake News: regulamentação deve ser como reforma de Estado

 


O Projeto de Lei n.º 2.630/2020, que tem como objetivo iniciar uma regulamentação na internet, é o assunto de momento. Tem gerado discussões e dividido a opinião de governo, empresas e população. Uma dos argumentos é de que o chamado PL das Fake News vai provocar censura de conteúdo. Sobretudo, com a edição de normas relativas à transparência de redes sociais e de serviços de mensagens privadas. Como também, irá tratar a responsabilidade dos provedores pelo combate à desinformação e pelo aumento da transparência na internet, à transparência em relação a conteúdos patrocinados e à atuação do poder público.

Muito tem se falado sobre os pontos positivos e negativos do referido Projeto de Lei. Para os defensores da regulamentação, a norma virá para cessar o alto custo de não se fazer nada ou apostar na falsa auto-regulamentação. De outro modo, há o grupo de empresários de plataformas e tecnologias que são veemente contrários à regulação e expõe o argumento de que, se aprovado, o projeto ocasionará a censura legal de conteúdo.

Nesse cenário, prefiro aderir à terceira via. Não se nega a necessidade de uma regulamentação da internet nos tempos atuais. Porém, as mudanças repentinas e apressadas podem trazer outros danos não tratados pelos dois grupos anteriores: os defensores da regulamentação e o grupo de empresários de plataformas e tecnologias.

Censura de conteúdo? 

Aliás, não acho que o projeto de lei tem como foco a censura de conteúdo. Mas meios transparentes de moderação. Acontece que, em tempos de revolução digital, é no mínimo temerário uma regulamentação que não explora os impactos e consequências futuras na economia, no acesso à internet, as novas formas de tecnologia, desenvolvimento sustentável e desburocratização estatal.

Eleições presidenciais 

A preocupação de fundo do PL n.º 2.630/2020 é, sem qualquer dúvida, o fenômeno da desinformação (fake news), que cresceu de forma acentuada nas últimas duas eleições presidenciais no país, com potencial de influenciar no voto. Contudo, diante da complexidade do tema e as repercussões, não podemos tratar um marco regulatório de tamanha dimensão e importância, apenas pelo lado político e eleitoral.

Realidade digital 

O modelo econômico tem se modificado rapidamente. O e-commerce (comércio online) já é uma realidade no Brasil. As profissões têm se moldado à realidade digital. As empresas, as residências, os Tribunais são, cada dia, mais tecnológicos. A regulamentação da internet não se trata de uma regulação tão somente de plataformas. Mas deve ser vista e encarada como uma reforma de Estado, assim como outras de grande importância que são ignoradas ano após ano e que repercutem de forma negativa cada uma ao seu modo.

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