À beira do Açude das Pedras, um dos 3 sítios arqueológicos no interior de Petrolina (PE), um grupo de 82 estudantes havia aprendido sobre a formação de 660 milhões de anos daquelas rochas, quando o professor guia apresentou, submersas nas águas, diversas gravuras rupestres que datam entre 4 e 6 mil anos.
Era o começo de uma incursão acadêmica ao distrito de Rajada, há 78 km do centro do município. A viagem, promovida pelo Colégio Plenus, foi em comemoração ao Dia Nacional da Caatinga, ocorrido no último sábado (28).
“O passeio é dividido em 4 etapas. Duas aqui no Riacho Pontal, onde os alunos aprendem sobre a formação geológica do açude e a importância histórica dos povos que habitaram esse local milhares de anos antes de existir o Brasil; e outras duas no Sítio Lajedo, onde eles conhecem algumas das plantas símbolos do Bioma Caatinga e têm um momento de lazer, com brincadeiras típicas dessa região, como atirar de estilingue, andar de carroça ou jogar queimada”, explicou o coordenador de Projetos e professor do Plenus, Genivaldo Nascimento.
Um patrimônio aqui perto
Há 4 anos a instituição de ensino realiza incursões ao interior de Petrolina, sendo o distrito de Rajada o destino mais escolhido pelos alunos. Povoado da zona de sequeiro, com cerca de 9 mil habitantes e duas escolas públicas, Rajada conta com pelo menos 3 sítios arqueológicos catalogados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) também fez estudos na área e constatou vestígios tanto pré-históricos quanto coloniais.
Foram essas constatações que surpreenderam Jirreh Hermógenes Souza, de 13 anos. O estudante sabia da existência das gravuras no Açude das Pedras, mas desconhecia a presença dos jesuítas na região. “Enquanto os professores vão contando as histórias, eu olho para este local e fico imaginando como era naquele tempo”, disse Jirreh.
O passeio pelo interior não terminaria sem antes concluírem uma trilha ecológica pela Caatinga. Os estudantes aprenderam sobre a utilidade e a história por trás da faveleira, umbuzeiro, juazeiro e o xique-xique, plantas extremamente adaptadas ao ambiente semiárido nordestino.
Segundo Genivaldo Nascimento, o objetivo da incursão vai além do educacional. “Uma atividade de sensibilização”, diz ele. “A aula de campo no açude e na Caatinga visa também estabelecer afetividade dos nossos alunos com o bioma e a região. Aprender a valorizar o que temos, tornando-nos conscientes de que esse sítio ou a Caatinga não têm em nenhum outro lugar do mundo”, concluiu.
“Saio daqui orgulhosa porque conheci mais sobre nosso bioma e sobre a existência dos povos pré-históricos bem aqui perto”, completou a aluna do 9º ano, Millena Maria Fonseca, de 13 anos, ao ouvir a explicação do coordenador de Projetos do Plenus.
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