Foi ali que surgiu a pergunta que moveu toda a criação: “Se tirar a música do frevo, o que se dança?”. Substituindo a trilha tradicional do frevo pelo rock progressivo, o artista construiu um experimento cênico-musical que misturou dança, teatralização e música ao vivo — dando origem a DELÍRIO, um espetáculo lúdico, pulsante e profundamente conectado à forma popular de representar a dança em cena.
As raízes do solo, no entanto, vão ainda mais longe. Para Ângelo, sua gênese pode estar em 1992, durante o espetáculo comemorativo dos 15 anos do Balé Popular do Recife (Brasílica: o Romance da Nau Catarineta), quando dançou ao som da música Delírio, composta por seu tataravô, Tonheca Dantas, e interpretou um personagem criado pelo pai e diretor da companhia, André Madureira. Ou, talvez, tenha começado em uma madrugada solitária já em São Paulo, ao reler a carta de recomendação escrita pelo pai — uma carta que carregava nas costas a fábula de um curumim que, ao retornar à tribo, já não se reconhecia.
Essas memórias afetivas atravessam DELÍRIO até hoje, renovadas pela maturidade artística e pela experiência acumulada ao longo de quase três décadas de trajetória. Depois de mais de dez anos sem realizar temporada em Pernambuco, Ângelo volta à sua terra natal em um movimento de reencontro, celebração e renovação. Além das apresentações, o artista também promoverá os Encontros Dançantes — ações que reúnem formação, intercâmbio e performance, abertas ao público interessado em experimentar a dança em diferentes perspectivas.
Ângelo Madureira
Morando há 28 anos em São Paulo, Ângelo Madureira, artista recifense e herdeiro da tradição do Balé Popular do Recife, iniciou-se na dança aos três anos e tornou-se solista da companhia, com a qual realizou turnês no Brasil e no exterior. Em 1995, assumiu a direção artística e as coreografias do Balé Popular, aprofundando sua ligação com a cultura pernambucana. Formado em Comunicação das Artes do Corpo (PUC/SP), é produtor musical, compositor, coreógrafo, pesquisador e performer multifacetado. Em 1998, conquistou a Bolsa de Pesquisa Rede Stagium, onde criou seu primeiro solo, Delírio, marco inicial de sua trajetória autoral. Ao lado de Ana Catarina Vieira, desenvolveu um consistente processo de pesquisa que gerou mais de 50 obras, premiadas pela APCA e apresentadas em diversos países. Atualmente, investiga a relação entre movimento e sonoridades originais, criando trilhas e coreografias para companhias, espetáculos e mídias diversas, além de seguir com sua pesquisa autoral. É também diretor e coreógrafo do Grupo Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira, em São Paulo.
SERVIÇO:
DELÍRIO — Um espetáculo de Ângelo Madureira
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Quando: 11, 18 e 19 de dezembro - 20h
Duração: 45 minutos
Classificação: Livre
Ingressos: Disponíveis online no Sympla, a R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia-entrada).
Ficha Técnica
Criação, interpretação, figurino, cenografia e pesquisa de linguagem: Ângelo Madureira
Direção: Ana Catarina Vieira
Produção executiva: Chris Galdino
Direção técnica e iluminação cenográfica: Juliana Augusta Vieira
Operação de luz: Rodrigo Oliveira
Músicas: Antúlio Madureira
Trilhas do espetáculo: Matinada, Valsa para Bilu, Biu do Pífano, Caldo de Cana, Maracatu Indiano, Mourama, Laursa, Cocão, Kuarupe e A Cobra (Antúlio Madureira); Relembrando o Norte (Severino Araújo).

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