terça-feira, 25 de novembro de 2025

Festivais se tornam a nova frente estratégica das marcas para 2026



Com shows movimentando mais de R$ 300 bilhões ao ano, a música se consolida como o território mais relevante para marcas em 2026

Com um calendário de megaeventos em expansão e o avanço acelerado do streaming, a música se consolida como um dos territórios mais valiosos do marketing contemporâneo. A combinação entre consumo digital em alta escala, experiências ao vivo de forte intensidade emocional e o crescimento dos investimentos de grandes anunciantes transforma o setor em uma plataforma estratégica para marcas que buscam atenção, afinidade e conversas consistentes com seu público alvo.


De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC) e do Sebrae, o Brasil já é o segundo maior mercado de shows ao vivo do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O setor movimenta mais de R$300 bilhões por ano, equivalente a 4,3% do PIB nacional. A força desse comportamento aparece na reverberação digital: o mega show de Lady Gaga na Praia de Copacabana impulsionou um aumento de 316% nas reproduções do álbum da artista na Deezer, por exemplo.


2026 promete ser um dos anos mais fortes da década


O próximo ano se desenha como um dos mais robustos da década em termos de festivais, com eventos confirmados e patrocinadores de grande porte garantindo presença antecipada. O calendário começa com o Planeta Atlântida, maior festival do Sul, que já reuniu mais de 2,2 milhões de pessoas e retorna em janeiro com marcas como Renner, Banrisul, Coca-Cola, PUC RS e KTO Brasil. Em fevereiro, o Carvalheira na Ladeira movimenta Olinda com Ne-Yo, Anitta e Wesley Safadão, seguido pelo Lollapalooza Brasil, em março, que volta a Interlagos com Tyler, The Creator, Lorde e um dos pools de patrocinadores mais robustos do ano — de Bradesco e Budweiser a Fiat, Coca-Cola, Vivo, Airbnb, Hellmann’s e Risqué.


No segundo semestre, o Rock in Rio 2026 mantém sua liderança como maior festival do país, renovando parcerias com Itaú, Heineken, Doritos e Americanas, enquanto o Rock the Mountain segue em expansão. A temporada ainda é reforçada por eventos regionais de peso, como o Festival de Verão de Salvador e o Turá, ampliando o alcance e a diversidade de públicos.


“O mercado entendeu que a música deixou de ser um território complementar e passou a ser um território central. Os festivais concentram atenção, engajamento e cultura, três pilares que nenhuma marca pode ignorar", afirma Bruno Almeida, CEO da US Media.


Por que festivais se tornaram mídia estratégica


A consolidação dos festivais como plataformas de comunicação nasce de três movimentos. O primeiro é o alto engajamento presencial, que gera picos de atenção e compartilhamento difíceis de replicar em outros meios. O segundo é o alcance híbrido: o que acontece no palco se transforma, instantaneamente, em conteúdo nas redes e em transmissões ao vivo, assistir vídeos musicais oficiais e estendendo a vida das ativações. O terceiro é a diversificação dos patrocinadores, antes restrita a bebidas e telecom e hoje ampliada para bancos, varejo, alimentação, cosméticos e startups, tornando o território mais competitivo e valioso.


“Os festivais criam um tipo de atenção que não se compra apenas com investimento, ela é conquistada com presença cultural. É por isso que tantas categorias diferentes de marcas estão entrando nesse território”, analisa Almeida.


A jornada 360° da marca: antes, durante e depois do evento


O sucesso da estratégia reside em entender que o festival é o ápice de uma jornada, mas não o seu todo. "Marcas que integram físico e digital começam semanas antes e permanecem presentes semanas depois, esse é o novo jogo", explica Almeida.


Antes (antecipação): Marcas criam playlists oficiais, veiculam campanhas no conteúdo audiovisual dos artistas (como em vídeos musicais), lançam conteúdos de bastidores e ativam promoções que constroem presença cultural semanas antes. Também se valem de toda aura estética dos videoclipes e das tendências de moda que reverberam nos festivais para articular suas campanhas e ativações de marca. Segundo dados da Pró-Música Brasil, o streaming representa 87,6% do faturamento da indústria musical, consolidando-se como principal ponto de contato entre marcas e consumidores.

Durante (experiência): Em ambientes de alta exposição como festival, a diferenciação está na experiência, em ativações que agregam valor, como espaços de descompressão, serviços e experiências imersivas. Exemplos recentes incluem o tobogã interativo da Trident, a instalação gamificada da Bauducco e a icônica roda-gigante do Itaú, que ampliam o tempo de exposição e viralização social.


Depois (conexão): A etapa pós-evento é onde a memória afetiva se transforma em continuidade de marca. Plataformas como a Vevo, principal rede de videoclipes do mundo, funcionam como extensão natural da experiência ao vivo, permitindo que anunciantes mantenham presença ao veicular campanhas nos clipes dos artistas que brilharam nos palcos, veicular anúncios super segmentados para bases de fãs de artistas ou ao patrocinar playlists de “melhores momentos”. “Essa estratégia reativa, de forma inteligente, as emoções do festival e prolonga a conexão do público com a marca muito além dos dias do evento”, conclui o executivo. 

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