Foto: Bel Gandolfo - @kiddotrixx
Os sete anos que separam “Maravilha Marginal” (2018) da nova sequência de lançamentos trazem um astral diferente para as composições de Letícia Fialho. Solar, esperançoso e alegre, o momento soma a positividade da lírica a um mergulho instrumental amplo e dinâmico, que atravessa as novidades que a artista buscou para a obra. O íntimo do violão deu vez à extroversão das guitarras, a potência de sintetizadores e o brilho das flautas. Na nova faixa, para além da apoteose sonora – na multiplicidade de instrumentos –, a artista se concentra em palavras positivas, carregada pelo espírito que move a composição.
Inspirada pela fartura sonora e a alegria do baile e canção brasileiros, além de grandes nomes da década de 80 e 90 da MPB, Letícia Fialho referenciou inspiração estética em obras que traduzem momentos plurais da discografia de Gilberto Gil, Djavan, Gonzaguinha e outras figuras icônicas. “Eu fui beber na fonte de quando os artistas da ‘Canção Brasil’ começam a usar o eletrônico no som. O Gilberto Gil com ‘Realce’, ‘Lindo Lago do Amor’, de Gonzaguinha, o momento de ‘Lilás’ de Djavan, outros de Marina Lima, além de algumas coisas de Guilherme Arantes”, explicou.
“Pra Sempre Por Enquanto” foi escrita há 20 anos, quando a cantora ainda era adolescente em Brasília. Resgatando a reflexão para mais um momento singular em sua carreira, enxergou nessa composição pessoal um significado particular para si, que dialoga também com as pessoas ao seu redor. Se desafiando a vivenciar dia a dia o movimento de São Paulo desde que se mudou de sua cidade natal, a artista encontrou na mudança o espaço para se permitir enxergar o inédito.
“Soltar essa música também é uma pequena contribuição para uma cura coletiva. A vida é sobre feridas e curas. Eu gosto de dizer que ‘Vamos errar, vamos só combinar de não errar aquilo que já sabemos’. O futuro surpreende tanto que o pra sempre é sempre por enquanto. Essa é a eternidade possível: o presente saudável, feliz.”
Para Letícia Fialho, trocar a rotina de Brasília por São Paulo nem de longe significaria a ruptura com o lugar que cresceu. Até musicalmente, as novidades seguem particulares à sua primeira casa. “O groove é Brasília. É a galera de casa. É o santo de casa fazendo milagre.” Junto de músicos conterrâneos, que acompanharam sua trajetória nos mais de 10 anos de carreira, a artista construiu em banda e dirigiu os arranjos junto a cinco músicos, se dividindo entre a guitarra, a percussão, as flautas, as teclas e a bateria. “A conexão é total”, resume, mantendo ao longo da sua trajetória um elo muito forte de pertencimento à cidade, marcada pelo sucesso de seu primeiro álbum.
Destaques da faixa, os arranjos das flautas são de Thanise Silva, musicista e professora da Escola de Música com Mestrado na Universidade de Brasília, que para além de estabelecer uma relevante pesquisa no campo acadêmico, traz consigo sensibilidades únicas para a música popular. Eles se somam à percussão de Larissa Umaytá, que também esteve junto de Letícia no processo de “Maravilha Marginal” (2018) e é uma das grandes figuras da música da capital do Brasil, dividindo palco com nomes como Chico César e Xande de Pilares. A banda é formada por músicos da cidade, o que reaproxima a cantora desse lugar, num momento mais distante de casa.
Na mudança de capitais, a artista revelou que agora se vê mais imersa nas dinâmicas da música e da cultura: “Eu estava me sentindo um pouco isolada. São Paulo é movimento, encontro. Encontrei o movimento que faz sentido nesse momento da minha vida”.
“Pra Sempre por Enquanto” já está disponível em todas as plataformas digitais via ONErpm.

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