Glamour: Você diz que por muito tempo a obra do seu pai foi intocável para você. Agora, decidiu mexer nesses trabalhos. Como se deu essa evolução?
Maria Luiza Jobim: Minha relação com o meu pai já passeou por muitos lugares… Quando comecei com a música eletrônica, fui no movimento de me descolar completamente dele, e acho que era um movimento saudável, inclusive para conseguir me discernir dessa árvore frondosa que ele era. Depois, aos poucos, fui fazendo as pazes, me sentindo segura para transitar e tocar na obra dele. O centenário é em 2027 e, conforme essa data se aproxima, tenho me aproximado dele também. Me sinto cada vez mais livre. O meu trabalho esbarra no dele, porque é de onde eu vim, ele é a minha origem. Muitas músicas que toco no show ou que já gravei são faixas que eu tenho uma relação íntima, são minhas também. Eu tinha medo de ficar uma coisa mimética, de estar reproduzindo alguma coisa dele. Agora, me sinto inteira e segura o suficiente para encostar naquilo que é sagrado.
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