Debatendo o espaço da mulher negra escritora, a professora, escritora e crítica literária, Iaranda Barbosa, doutora em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e a arte-educadora, produtora e gestora cultural Sthepany Metódio debateram a temática “Esse lugar também é meu: mulher, negra e escritora”. A mediação da conversa foi guiada pela poeta e escritora Débora Ramos, bacharel em Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
“São assuntos, são formas de nos aproximar da literatura este tipo de evento, essas mesas de conversa. Quando a gente lê escritoras negras, a exemplo de Conceição Evaristo, quando acessamos os pensamentos delas sobre o que escrevem, entendemos o legado que elas deixam para a gente sobre escrevivência, que é a questão de nada de nós sem nós. Não há como outra pessoa, que não seja uma mulher negra, escrever como ser uma mulher negra. Isso nos ajuda a debater de forma eficaz políticas públicas que efetivamente diminuam o racismo estrutural e a violência de gênero”, enfatizou Sthepany.
Nos painéis de debates, o público pôde contar com diversas visões e histórias de autores e produtores da literatura e da cultura negra, como a Mestra Zeza do Coco, que conquistou em 2023 o Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia na Categoria de Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres, premiação promovida pelo Governo de Pernambuco. Ela participou do painel ao lado da professora Márcia Félix, doutora em estudos literários pela UFAL, que durante a mediação trouxe ao centro da mesa a importância da representatividade e da ancestralidade.
“Para nós, filhas da Mestra Zeza, é motivo de orgulho tê-la como exemplo de resistência. Superar todas as barreiras, os preconceitos, e ser premiada por exaltar a cultura da nossa terra é a coisa mais linda que temos. Sem contar que estamos inspirando e encorajando futuras gerações a sentirem orgulho de suas origens”, enfatizou Edvani Lopes.
A 3ª edição do festival recebeu também o escritor, poeta e declamador César Monteiro e Nilson Carvalho, escritor e docente de Estudos Literários do curso de Letras da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE). O bate-papo, mediado pela escritora, compositora e violonista Celina Berto, debateu “O poder da literatura e da intelectualidade na construção social e política”.
“Estar neste evento, ser convidado para o Festival Pernambucano de Literatura Negra, tem um significado: é por causa da minha Curiquinha, é assim que chamo a minha comunidade quilombola dos Negros do Brejão, onde moro e nasci. E por causa da minha poesia, e por causa dessa resistência que a gente vem se alimentando dela. E resistência que, no hábito que você se alimenta, as demais pessoas acabam seguindo esta culinária”, enfatizou César Monteiro.
A literatura é parceira histórica do jornalismo, por isso, finalizando os painéis de debate desta edição do festival, a jornalista e escritora Jaqueline Fraga, contando com a mediação da escritora e pesquisadora, Fernanda Limão, debateram com os convidados o tema “Livros-reportagens: quando jornalismo e literatura se unem”. A mesa apresentou perspectivas voltadas às histórias, emoções, críticas e reflexões do jornalismo, aliadas à expansão, horizontes e imaginação da literatura.
Durante o evento, Jaqueline Fraga também realizou o lançamento do livro “Movendo as Estruturas”, que apresenta uma coletânea de artigos e traz conexões e visões sobre questões étnico-raciais e, também, sobre o empoderamento da mulher negra. “É um livro em que celebramos as conquistas que nós, mulheres negras, estamos alcançando, apesar das dificuldades. A obra também é uma forma de discutirmos sobre a busca pela igualdade racial e a equidade de gênero. Fico muito feliz em lançar o Movendo as Estruturas também aqui em Garanhuns, uma cidade que é palco de muita representatividade e resistência”, destacou.
Fotos e texto: Allan Novato
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