De acordo com a neurocientista e coordenadora do Ensino Fundamental I do Colégio Salesiano Recife, Regiane Melo, o período é importante para a reorganização completa da atividade cerebral. A profissional sugere que, nesses 30 dias, as crianças tenham contato com a natureza, praia, convívio social com crianças da mesma idade, novas culturas, praticar esportes, fazer leituras prazerosas e tempo com a família.
“Sugiro que deixe o mínimo possível em telas. A criança que passa muito tempo em telas não estimula várias partes do cérebro, vai perdendo a vontade do contato social, não consegue tomar decisões assertivas, e se frustra com facilidade. Pode causar ainda déficit de atenção, atrasos cognitivos, diminuição da habilidade, distúrbios de aprendizado, aumento de impulsividade e não consegue por muitas vezes regular as próprias emoções. Por esses e outros motivos é importante estimular brincadeiras para que a criança possa canalizar suas energias e estimular a criatividade”, explicou a coordenadora do Salesiano.
APRENDER BRINCANDO
No descanso, as crianças têm a dopamina e a serotonina liberadas. Esses, são neurotransmissores que ajudam na concentração e motivação. Além disso, a criatividade é estimulada e cresce a produtividade na volta às aulas, segundo Regiane. Por fim, a neurocientista destaca que, quando ocorre a combinação da brincadeira com o aprendizado, é o “casamento perfeito”.
“O ato da criança brincando faz com que o cérebro libere tanto a dopamina (hormônio do prazer) que ajuda na concentração, quanto a noradrenalina, que ajuda nas questões de memória e outros neurotransmissores importantes que também são ativados auxiliando assim a neuroplasticidade cerebral e facilitando a aprendizado. Uma brincadeira de balanço estimula a parte psicomotora, facilitando que a criança pegue melhor no lápis, estimulando a escrita e a organização”, acrescentou Regiane, que sugeriu jogos como dominó, memória, amarelinha, telefone sem fio, bola e quebra-cabeça.
OLHOS
Quanto aos olhos, Regiane destacou a importância de que se evitem as telas. Mas todos os pais sabem que nem sempre é possível. Sobre esse tema, a oftalmologista Kátia Dantas, do Instituto de Olhos Fernando Ventura, deu algumas dicas para que esse impacto seja diminuído.
“A distância ideal do pequeno para a televisão é de, pelo menos, um metro e meio. Mas é preciso que não fique tão focado, que interaja com brinquedos no entorno dela ou com os pais. Têm de ser evitadas a alimentação em frente às telas, pois as crianças não conseguem perceber o sabor da comida e ingerem uma quantidade de alimento acima do que precisam”, destacou Dantas, do IOFV.
Com os pais mais próximos dos filhos nessa época, alguns sinais podem ser notados. “Apertar os olhos para visualizar objetos de distância maior, ficar atento às tarefas de pontilhado, se cobrem corretamente em cima da linha. Verificar na leitura se está pulando linha, se os olhos ficam vermelhos. E o celular, não deixar passar de uma hora com crianças a partir de 4 anos; não permitir além de 2h com as crianças de 6,7 anos; e não mais de 3h para a partir dos 11 anos. Isso, claro, sempre com pausas a cada meia hora”, disse a médica do IOFV.
A oftalmologista recomenda que, nos casos de crianças acima dos dois anos, é necessário uma avaliação anual para detectar possíveis problemas que não são possíveis perceber no dia a dia.
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