Uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia, realizada no ano passado, apontou que a pandemia fez os brasileiros usarem mais remédios. De acordo com o CFF, 77% das pessoas usam o medicamento sem prescrição médica, sendo que quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês e um quarto (25%), todo dia ou pelo menos uma vez por semana.
“Com a pandemia, houve o uso exacerbado de vitaminas e outros suplementos, além de outros medicamentos que acabaram faltando para as suas ‘verdadeiras’ indicações, devido ao consumo irracional da população. Atualmente, estamos presenciando o ‘boom’ relacionado à semaglutida, que tem sua indicação para o diabetes mellitus, tipo II e, por isso, o uso ‘off label’ com indicação especializada é uma prática”, disse Flávia Morais, coordenadora do curso de Farmácia da FPS.
“A semaglutida, com estudos clínicos e apresentação para a obesidade, ainda não está sendo comercializada, a previsão é para o segundo semestre de 2023. Porém, o que se vê são vários relatos de automedicação com esse medicamento que interfere no metabolismo do indivíduo e sem acompanhamento do especialista. Vale salientar que é um medicamento de custo relativamente alto e, mesmo assim, já se tem registrado sua falta nas farmácias”, acrescentou Flávia.
De acordo com a doutora em Ciências Farmacêuticas, esses exemplos mostram que o tema não pode ser pontual e precisa ser abordado de forma contínua. Flávia Morais destaca que o uso racional vai além da automedicação, pois pode acontecer quando se tem o acesso ao medicamento por prescrição, porém, sem acontecer a adesão ao tratamento.
“Nesse ponto, é muito importante destacar, por exemplo, o tratamento de uma doença negligenciada como a tuberculose. Tanto a Organização Mundial de Saúde, como o Ministério da Saúde indicam um esquema padronizado que constam da associação de antimicrobianos contendo Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol, que deve acontecer por seis meses”, exemplificou Flávia.
“Por ser um tratamento longo a adesão é o grande desafio, por se ter muitos efeitos colaterais durante o tempo de tratamento, sua descontinuação é frequente. Ficando o alerta, pois o tratamento incompleto poderá desenvolver bactérias resistentes que exigirão tratamentos com internação e mais custos para o sistema de saúde, também podendo levar o usuário à morte”, concluiu a farmacêutica.
SERVIÇO
O QUE: Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos
QUANDO: sexta-feira, 05 de maio
HORÁRIO: 8h às 13h
LOCAL: Praça da Santa, dentro do IMIP. Rua dos Coelhos, 300, Boa Vista.
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