quinta-feira, 24 de março de 2022

Especialista ensina a identificar violência psicológica nas relações



A violência doméstica é realidade no Brasil e com a pandemia ficou ainda mais evidente. A maioria das pessoas, no entanto, considera violenta “apenas” as agressões físicas, sem considerar manipulação, xingamentos e até chantagens, que compõem a violência psicológica sofrida por muitas pessoas.
A especialista em Direitos da Mulher, Sabrina Donatti, explica que a violência pode ser física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. Ela afirma que todas estão descritas e elencadas na Lei Maria da Penha, no artigo 7º, das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Sabrina lembra que violência, independentemente de qual seja, não tem classe social, raça ou credo e pode ocorrer em qualquer relacionamento. “Um dos problemas da violência psicológica é que ela é tão comum em todo tipo de relação que as pessoas acreditam que certas atitudes são normais, mas não são”, diz. Para identificar a violência psicológica é preciso atenção e conhecimento. Primeiro porque, segundo a especialista, há quem acredite que certos comportamentos sejam característica de amor, já que às vezes as mesmas violências podem ter ocorrido na família de origem, ainda na infância. “Muitos pais justificavam certas atitudes como amor, zelo, proteção e preocupação como forma de educar, mas nem sempre era”, explica.

Sabrina ressalta que na própria Lei Maria da Penha há a informação de que a proteção não serve somente para relações amorosas ou íntimo afetivas, mas também às relações familiares. Ela explica que o abuso psicológico pode acontecer de diversas formas, entre elas estão a distorção das informações, omissão da verdade, mentiras e a manipulação, em que a vítima questiona a própria sanidade e inteligência. “É muito comum os agressores chamarem a vítima de louca”, comenta.

Mulheres que têm filhos, por exemplo, tendem a pensar neles para não sair desse tipo de relacionamento tóxico. “Justamente para preservar os filhos é que essas mulheres precisam dar um basta na situação. Isso fere demais as crianças e atrapalha o desenvolvimento emocional delas, as suas seguranças.”, enfatiza.

Confira 10 sinais de abuso psicológico, denuncie ou procure ajuda o quanto antes

Especialista ensina a identificar violência psicológica nas relações

Manipulação, xingamentos e até chantagens compõem atitudes do agressor


 A violência doméstica é realidade no Brasil e com a pandemia ficou ainda mais evidente. A maioria das pessoas, no entanto, considera violenta “apenas” as agressões físicas, sem considerar manipulação, xingamentos e até chantagens, que compõem a violência psicológica sofrida por muitas pessoas. A especialista em Direitos da Mulher, Sabrina Donatti, explica que a violência pode ser física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. Ela afirma que todas estão descritas e elencadas na Lei Maria da Penha, no artigo 7º, das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher.


Sabrina lembra que violência, independentemente de qual seja, não tem classe social, raça ou credo e pode ocorrer em qualquer relacionamento. “Um dos problemas da violência psicológica é que ela é tão comum em todo tipo de relação que as pessoas acreditam que certas atitudes são normais, mas não são”, diz. Para identificar a violência psicológica é preciso atenção e conhecimento. Primeiro porque, segundo a especialista, há quem acredite que certos comportamentos sejam característica de amor, já que às vezes as mesmas violências podem ter ocorrido na família de origem, ainda na infância. “Muitos pais justificavam certas atitudes como amor, zelo, proteção e preocupação como forma de educar, mas nem sempre era”, explica.


Sabrina ressalta que na própria Lei Maria da Penha há a informação de que a proteção não serve somente para relações amorosas ou íntimo afetivas, mas também às relações familiares. Ela explica que o abuso psicológico pode acontecer de diversas formas, entre elas estão a distorção das informações, omissão da verdade, mentiras e a manipulação, em que a vítima questiona a própria sanidade e inteligência. “É muito comum os agressores chamarem a vítima de louca”, comenta.


Mulheres que têm filhos, por exemplo, tendem a pensar neles para não sair desse tipo de relacionamento tóxico. “Justamente para preservar os filhos é que essas mulheres precisam dar um basta na situação. Isso fere demais as crianças e atrapalha o desenvolvimento emocional delas, as suas seguranças.”, enfatiza.


Como provar a violência psicológica?


A especialista em Direito das Mulheres, Sabrina Donatti, explica que essa é parte mais difícil, porque diferente da violência física, que deixa marcas visíveis no corpo da vítima, a psicológica só pode ser provada com laudo técnico, assinado por um médico ou especialista. Ela afirma que a violência psicológica deixa marcas profundas e prejudica a saúde mental e a autodeterminação. “Existem casos em que as vítimas sofrem tanto que não têm mais noção do quanto sofrem. Há casos em que os filhos precisam tirar a mulher de casa e levar para fazer a denúncia, pois ela já não consegue mais escolher por si mesma”, diz.


Outra forma de comprovar esses abusos emocionais é com testemunhas, pessoas que viram ou ouviram, como vizinhos, familiares, amigos e colegas de trabalho, entre outros. “Gravação de áudios, filmagens, prints de mensagens. Tudo o que consiga demonstrar o quanto a pessoa é agressiva ajuda o promotor a fazer a denúncia. Infelizmente, a agressão psicológica acontece em casa e como o agressor quer sempre demonstrar para os outros que é ótima pessoa, é difícil pegar os momentos em que esquece e agride na frente de terceiros”, comenta.

Sabrina lamenta que seja mais difícil comprovar a violência psicológica, mas ressalta a importância de denunciar ou procurar ajuda. “Normalmente, a violência psicológica é um passo para que as outras violências aconteçam, principalmente a física e a sexual. Até a mulher conseguir fazer a denúncia costuma passa por vários atendimentos. Ela tentar se separar, mas não consegue. Em muitos casos as amigas e familiares precisam intervir.


Para a especialista é fundamental ter cuidado, conversar e aconselhar, mesmo que seja difícil para a vítima tomar a decisão de terminar o ciclo vicioso da violência. “Muitas vítimas acreditam nos poucos momentos de afeto do agressor. Até mesmo as delegacias precisam saber acolher a vítima na hora da denúncia. Violência psicológica é crime, punível em lei, está no art. 147-B do Código Penal, desde julho de 2021, com pena de reclusão de 6 meses a 2 anos e multa”, finaliza.

Confira 10 sinais de abuso psicológico e, se for o caso, denuncie ou procure ajuda o quanto antes.


Na violência psicológica o agressor:


1- Nega a verdade, mesmo com provas. Isso faz a vítima questionar a realidade e suas convicções.


2- Sempre fala coisas ruins para a vítima, desde xingamentos até chantagens, sempre deixando-a para baixo.


3- De repente, passa a elogiar a vítima, que se ilude com a possibilidade de mudanças e recomeça o ciclo repetitivo da violência.


4- Usa o que a vítima gosta contra ela mesma, como o trabalho. O agressor passa a dizer que ela não é tão boa no trabalho ou que nunca deveria ter sido mãe, por exemplo. Com o tempo, a pessoa começa a se perguntar sobre suas capacidades.


5- Tentará controlar as ações da vítima: com quem sai, a que horas, quem são os colegas de trabalho, amigos e amigas. O agressor começa a reclamar de algumas pessoas e aos poucos faz a vítima ficar sozinha, somente com ele.


6- Vai colocar em xeque suas crenças, decisões e prejudicar ou perturbar seu pleno desenvolvimento. Isso será feito com ameaças, constrangimentos e humilhação.


7- Faz ameaças, diz que vai embora, que vai te deixar sozinha, que vai se matar, que vai mostrar momentos íntimos de vocês para outros.


8- Quando há filhos, usa a criança como 'moeda de troca' e, por vezes, agride a criança também.


9- Se faz de ‘bonzinho’ para as pessoas e costuma ser provedor.


10- Usa o ciúme como “prova de amor”, mas na verdade é manipulação.


Sobre Sabrina Donatti

Formada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, Sabrina Donatti é especialista em Direitos das Mulheres. Em seus canais do Instagram e do Youtube aborda temas que vão do Direito à Política, de Legislação à Educação Infantil. Além de assuntos do dia a dia, como violência doméstica, depressão e assuntos que estimulam, incentivam, empoderam e ajudam mulheres a ficarem menos sobrecarregadas e a viverem com boa autoestima, de maneira leve e descomplicada.

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