Nesse período, fosse navegando pelas redes, ou lendo e assistindo os noticiários, histórias sobre os impactos na vida das mulheres pululavam. Assuntos que antes eram praticamente invisibilizados, como a sobrecarga, especialmente de mulheres mães, vinham à tona e pintavam um ‘retrato expressionista’ da situação vivida de norte a sul do país, numa pandemia que exacerbava questões de gênero. Fosse como reino, fosse como prisão, a casa (para as que a tinham) foi palco de experiências intensas e, por vezes, avassaladoras para as mulheres.
Desse cenário veio o desejo da autora em conhecer e contar as histórias: “pesquisando quarentena e mulheres só vi coisas muito difíceis: violência, sobrecarga… E isso me levou a não somente querer visibilizar essa experiência, mas também a querer conhecer essa experiência para além das manchetes”. Para tanto, dentro de um ano pandêmico, Karuna pôs-se a conversar com outras mulheres acerca de suas memórias da quarentena. Realizou um questionário virtual, entrevistas individuais e rodas de diálogo – e desse material (e da própria vida) criou as histórias vividas por Bhumi, Lucy, Moara, Valquíria, Ana, Iara, Glória e Fátima, as personagens principais nas tramas criadas por ela.
Mulher Vestida de Casa traz o cotidiano na vida de cada uma de suas personagens e, talvez, essas cenas e os dramas do dia a dia sejam o que o torna tão humano e de tão fácil identificação. As experiências vividas pelas personagens não são grandiloquentes, são internas e silenciosas e, tal qual o vírus, podem deixá-las sem ar, “mostrando à humanidade que o invisível é o que há de mais real” (trecho retirado do capítulo Respiro).
Dividido em três partes, o livro traz histórias de mulheres diversas, trata de medo, resiliência, morte, empatia, amor, esperança, cuidado e união. Expõe a necessidade de uma mudança de regras para que mulheres possam viver com mais leveza, e também a necessidade de um olhar mais amoroso sobre si mesmas e sobre a capacidade de criar beleza em meio ao caos, como fizeram as personagens Glória e Fátima, no capítulo Brechas, Frestas e Arestas, que imergiam e submergiam dentro de si, buscando e conseguindo fôlego para seguir adiante.
Assim como as personagens, Karuna também traçou sua estratégia de sobrevivência e criou em meio aos caos. Segurou suas mãos nas de outras mulheres para trazer suas histórias à tona e tentarem, juntas, quem sabe, respirar melhor. Em 2021, desenvolveu a pesquisa com mulheres acerca de suas memórias da quarentena de 2020, utilizando questionário online, entrevistas individuais e rodas de diálogo entre mulheres, como recursos metodológicos. Essa pesquisa compunha a parte inicial do projeto.
Além dos contos, o livro Mulher Vestida de Casa traz um álbum virtual com obras das artistas Joana Pena, Bela Faria, Marcela Lins, Jane Pinheiro e Joana Velozo, que, com técnicas de ilustração, colagem, desenho e bordado, apresentam suas interpretações, em imagens, sobre o livro de Karuna. O álbum tem projeto gráfico (a partir do design do livro) de Bela Faria, e apresentação de Karuna de Paula. Mulher Vestida de Casa é uma publicação da Editora Titivillus, com capa e ilustrações de Joana Pena. A revisão e copidesque é de Suelany Ribeiro. O livro, bem como o álbum, já está disponível, gratuitamente, no site da editora. O projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc.
Sobre Karuna de Paula
Karuna de Paula é mãe de Lila, escritora e pesquisadora. É mestre em história cultural pela UFPE e coautora do livro premiado com a menção honrosa da Academia Pernambucana de Letras – prêmio Amaro Quintas - Ópera no Recife: vozes, bastidores e espectadores (Ed. Tititvillus, 2018). Em 2019, trabalhou como produtora e pesquisadora do III Seminário Biblioteca nas Escolas (uma realização da editora Cubzac com o patrocínio da CEPE, escrevendo um livro que aguarda a publicação da CEPE, sobre trajetórias biográficas-profissionais de professoras readaptadas para a função de coordenadoras de bibliotecas. Karuna de Paula é mãe de Lila, escritora e pesquisadora. Possui mestrado em História Cultural pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Serviço
Editora Titivilus: https://www.titivilluseditora.com.br/
*16 de junho – quarta às 15:30h*
Devolutiva da pesquisa desenvolvida para escrita do livro “Mulher Vestida de Casa”
Encontro e leitura do livro com mulheres entrevistadas dos bairros de Aguazinha e Xambá (Olinda) // local: Estrada de Aguazinha
*17 de junho – quinta às 16h* (YouTube - Equinócio Criações)
Lançamento Álbum Mulheres Vestidas de Casa – conversa com as artistas
Joana Pena, Isabela Faria, Joana Velozo, Marcela Lins, Jane Pinheiro
*II. Literatura*
*15 de junho – terça às 19h* YouTube - Equinócio Criações
Ouvir, escrever: livros que re-contam
Priscila Urpia: Relatos de Ovelhas; Jane Pinheiro: Tiritot; Karuna de Paula: Mulher vestida de casa
*18 de junho – sexta às 19h* YouTube - Equinócio Criações
A escrita e a leitura na vida das mulheres
Suelany Ribeiro, Ane Montarroyos, Rodrigo Acioli, Karuna de Paula
*III. Cuidar, Cuidar-se*
*16 de junho – quarta às 19h* (@kaarunita)
Cuidado e estratégias de fortalecimento
Karuna de Paula conversa com Edna Granja
*IV. Maternidades*
*19 de junho – sábado às 16h* (YouTube - Equinócio Criações)
Amor, Maternagens e rotina
Carla Pires, Carol Cardoso, Janaína Serra, Áurea Adisvari, Sandriane Lourenço.
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