Jogos de
dominação, sadomasoquismo, quarto da dor, romance e sexualidade são alguns dos
elementos contidos na famosa trilogia ‘Cinquenta Tons de Cinza’. Após quase
quatro anos do lançamento dos livros de E. L. James, agora, os fãs da história
vão poder ver nas telas dos cinemas o quente relacionamento da estudante
Anastasia Steele com o empresário Christian Grey.
Lançado
nacionalmente no dia 12 de fevereiro – aproveitando o clima do Valentine’s Day
– e em cartaz no Cinespaço Mag Shopping, o filme já está entre os mais
comentados do momento, principalmente pelas cenas de sexo, que envolvem
sadomasoquismo e submissão. Dividindo a opinião dos leitores, o comportamento
dos protagonistas pode passar de aventuras sexuais a situações “anormais”,
consideradas, física e psicologicamente, dolorosas.
No
entanto, de acordo com a psicóloga do Hapvida Saúde, Lívia Vieira, nem sempre é
possível dizer o que é normal em um relacionamento. “Os comportamentos só se
tornam anormais ou patológicos, a partir do momento que causam sofrimento, dor
psíquica, influindo na qualidade de vida das pessoas e em suas necessidades
bio-fisiológicas, como, por exemplo, causando insônia ou inanição”, explica. E
esses detalhes podem ser notados logo nas primeiras páginas, como conta Jucymara
Lacet, a designer de interiores que já leu os três livros da escritora
britânica. “Já no início da leitura, dá a entender que a relação deles iria ter
algo de diferente, e fica claro que os dois se gostam, mas encontram diversas
barreiras para que se torne uma relação ‘comum’.”
De
qualquer forma, segundo a especialista é preciso ter atenção ao começar um
relacionamento, preocupando-se com limites e respeito ao espaço do outro.
Porém, as restrições variam de acordo com o casal e os desejos de cada um.
“Ninguém é dono ou propriedade de ninguém, não vale tudo no relacionamento, mas
não podemos condenar aqueles que precisam se sentir dominados e que se saciam
disso”, afirma. Talvez isso tenha levado os dois a uma relação, pois, ao
descrever e primeira impressão da protagonista em relação ao comportamento de
Christian, a fã relata que, Anastasia deixa claro que não encarava de uma boa
forma os hábitos do empresário, mas que queria entendê-lo melhor. “Ele mostrou
a ela como vivia e o que fazia, e ela aceitou. Tinham regras e limites
estabelecidos e nada era feito contra a vontade dela.”
Esse
comportamento de dominação na história também é refletido no relacionamento
sexual dos personagens, que tem como base o sadomasoquismo, cujo prazer está
ligado às questões de poder e domínio. A psicóloga do Hapvida Saúde explica que
o sadomasoquismo é considerado por alguns pensadores um distúrbio, por outros
uma opção sexual e, na abordagem científica, como disfunção sexual.
De
acordo com Lívia Vieira, o sadomasoquismo possui implicações mais amplas do que
o prazer sexual. “É algo do caráter, portanto, para diagnosticar alguém como
masoquista ou sádico, primeiro se investiga as manifestações sexuais em toda a
vida sexual da pessoa. Eles sentem prazer em mandar e muitas vezes o que não é
feito com os seus parceiros sexuais acaba sendo levado para outros momentos da
vida”, esclarece.
Segundo
a psicóloga, o sadomasoquismo só pode ser avaliado como doença quando estiver
impondo conflito, sofrimento, dor psíquica ou infelicidade. Ou seja, quando o
parceiro não está aceitando esse tipo de relação é que se constitui o conflito
e, por consequência, a doença é diagnosticada. E, apesar de ser lembrado apenas
pelo sadomasoquismo e as cenas de sexo, o filme é considerado pelos leitores
como um romance. “Cada romance tem a sua maneira, e este tem a sua. Muitos
julgam a história por comentários que ouvem, mas, quem deixa esses julgamentos
de lado enxerga uma história além disso. Sim, tem cenas picantes! Mas com o
desenrolar da história, passa a ser irrelevante. Você está envolvido com a
história de cada personagem, curioso com os mistérios do passado do
Christian... Na sua forma, continua sendo um romance”, finaliza a fã.
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