segunda-feira, 11 de abril de 2022

A Cocada do Amaro Branco convida grupos locais e regionais para celebrar o coco de roda em festival on-line



A programação da “Celebração: se tem coco, tem Cocada!” reúne shows e participações de 18 grupos de coco, rodas de conversa sobre cultura popular e sessões de cineclube entre os dias 14 e 17 de abril, com acesso gratuito pelo Youtube

A 1ª edição do festival “Celebração: se tem coco, tem Cocada!” chega para reverenciar, difundir e preservar as manifestações do tradicional coco de roda, contando com shows e participações de 18 grupos de coco de Pernambuco e também de outros estados do Nordeste. O evento é idealizado e promovido pelo grupo A Cocada, que tem a comunidade do Amaro Branco como berço e celeiro do coco de roda de Olinda-PE, e acontece entre os dias 14 e 17 de abril (quinta e sexta-feira a partir das 18h30h, sábado e domingo a partir das 16h30h). O acesso é gratuito pelo canal do grupo A Cocada no Youtube.

A programação dos quatro dias de festividade contempla, ainda, rodas de conversa sobre produção cultural e cultura popular, além de sessões de cineclube com a exibição de uma série de curtas-metragens. O festival foi gravado no Teatro Fernando Santa Cruz, que fica dentro do Mercado Eufrásio Barbosa, e toda a transmissão terá acessibilidade através de legendas e intérprete de libras. O projeto tem incentivo da Lei Aldir Blanc PE, contemplado pelo edital Festivais, Mostras e Celebrações LAB PE 2021.

Mãe Beth de Oxum, Ialorixá e Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, está na linha curatorial do evento ao lado de Wellington Felipe, coordenador e produtor do grupo A Cocada, e Felipe França, coordenador geral e produtor executivo do festival Celebração.


Abrindo a programação, na quinta-feira (14/04), a partir das 18h30, haverá a primeira sessão de cineclube da Celebração, com a exibição do primeiro dos quatro episódios da série inédita de curtas intitulada "Do Zambê ao Pisado Alagoano", que conta sobre o dia a dia, a resistência, as dificuldades e as glórias de alguns dos mestres que estão participando do festival Celebração, com direção e roteiro de Felipe França.  Em seguida, haverá uma roda de conversa com produtores culturais e fazedores de cultura sobre produção cultural, coco de roda e cultura popular.

Participarão das rodas de conversa: Mãe Beth de Oxum - Realizadora do  Centro Cultural Coco de Umbigada, Altamiza Melo – Presidenta da CUFA/PE, Aneide Santana – Historiadora/Arquivo Público de Olinda, Jadion Santos – Produtora e Articuladora Cultural, Adriana do Frevo – Realizadora Cultural e Vice-presidenta do Conselho de Cultura de Olinda, Tarsis Farias – Produtora e Realizadora Cultural Coco Zambê Gameleira/RN, Cláudia Alves – Mediadora, Afonso Oliveira – Criador do Método Canavial de Ensino de Produção Cultural, Wellington Biés – Produtor Cultural, Marcos Moraes – Produtor e Realizador Cultural, Roberto Pereira (Mestre Beto) – Realizador do Grupo A Cocada e Felipe França – Mediador. Também farão parte das rodas de conversa integrantes da Secretaria de Patrimônio, Turismo e Cultura da Cidade de Olinda: Gabriela Campelo – Secretária de Patrimônio, Turismo e Cultura da Cidade de Olinda, e Rodrigo Silva – Secretário Executivo de Cultura da Cidade de Olinda.

 Às 19h20, Arnaldo do Coco (Olinda-PE) dá início à programação musical, seguido do Coco das Mulheres (Recife-PE), às 20h, do Samba de Coco Xener de Jurema (Pesqueira-PE), às 20h40, e da Mestra Ana Lúcia (Olinda-PE), que fecha a noite às 21h20.

No segundo dia, sexta-feira (15/04), a partir das 18h30, a programação começa com roda de conversa e em seguida dá continuidade às exibições da série de curtas "Do Zambê ao Pisado Alagoano". Os shows começam às 19h20, com o Coco Popular de Aliança (Aliança-PE). Em seguida, às 20h, sobem ao palco mestres do coco pernambucano (Pontezinha-PE). Às 20h40, será a vez do Coco de Pneu (Olinda-PE). E para fechar a segunda noite, às 21h20, o Coco de Umbigada (Olinda-PE) promete arrastar o tamanco de todo mundo que vai estar em casa celebrando.  

No sábado (16/04), a partir das 16h30, a programação se inicia com mais uma sessão de cineclube. Na sequência, às 17h20, o Samba de Coco Toypé do Ororubá (Pesqueira-PE) abre as festividades. Às 18h, o grupo Coqueiro Alto (Campina Grande-PB) sobe ao palco, seguido do Coco de Seu Mané (Olinda-PE), às 18h40. Com apresentação marcada para as 19h20, o grupo Bongar (Olinda-PE) fecha a noite confraternizando e entregando muito coco ao público.

O domingo (17/04), último dia festival, terá uma programação mais que especial. O quarto e último episódio da série de curtas "Do Zambê ao Pisado Alagoano" será exibido às 16h30. Já às 17h20, quem abre a roda é o Coco de Seu Vira/Coco Pisado das Alagoas (Arapiraca-AL). Às 18h, é a vez do Coco Zambê de Gameleira/Grupo Herdeiros de Zumbi (Pipa e Sibaúma-RN). Às 18h40, Dona Glorinha (Olinda-PE) promete levantar poeira. E a culminância do evento não poderia ser diferente, com o grupo anfitrião A Cocada (Olinda-PE) subindo ao palco às 19h20.  

O festival “Celebração: se tem coco, tem Cocada!” será um momento de reverenciar aqueles que fizeram história no coco de roda de Amaro Branco e de toda região, e também de homenagear em vida os que continuam valorizando a tradição:

“O grupo A Cocada tem a influência muito forte do coco do Amaro Branco, trazida pelos pescadores para a casa de Dona Maria Belém. É também com a grande influência dos grandes mestres de coco que passaram, se encantaram e deixaram esse legado para darmos continuidade. Mestres como Zito Preto, Mestre Dedo, Alonsinho, seu Mano, Benedito Grande, Zezinho Calça Frouxa, Zé Aruá e Pombo Roxo. Falando de todo esse povo, que com certeza esqueci mais alguns nomes, não poderia deixar de falar de seu Tomé, uma figura muito importante que abriu as portas de sua casa para que fossem realizados os festejos de São João, São Pedro e Santana. A influência da Cocada vem desse povo”, revela Mestre Beto Pesão do grupo A Cocada.

"A Associação Cultural e Musical A Cocada existe desde o ano 2000. Nós estamos concorrendo há muito tempo a vários editais e, dessa vez, depois de muita luta, graças a Deus e a todos os Orixás, a São Jorge guerreiro que é o nosso patrono, conseguimos. A ideia da Celebração é de celebrar todos os coquistas juntos. Durante a pandemia a gente via os companheiros vendendo os instrumentos, desistindo de tudo, e a gente pedindo a Deus para ser contemplados pelo festival. Fomos atendidos e conseguimos. Mais um sonho da Cocada realizado e vamos à luta atrás de mais para não deixar a cultura cair, principalmente o coco, porque é uma luta, só quem tem sangue na veia e ama a cultura é que encara a desigualdade social e a discriminação. Não podemos esquecer dos nossos ancestrais", expressa Wellington Biés, que junto com o Mestre Beto tocam A Cocada.

“A realização do festival é a reafirmação da força em forma de cultura, o fortalecimento de uma rede. O Amaro Branco é um quilombo urbano, o berço do coco de roda praiano olindense, de lá vem vários mestres e seus discípulos, como no meu caso, que tive Mestre Dedo e Mestre Alonsinho como primeiras influências de coco. Então a Celebração foi pensada também com a intenção de manter a memória destas mestras e mestres, como dona Neuza do Coco, dona Selma do Coco, dona Aurinha, Pombo Roxo, Ferrugem... E tantos outros já encantados, através das apresentações das mestras e mestres que estão vivos fazendo as sambadas no Amaro Branco como, dona Glorinha, Mestra Ana Lúcia, Mãe Beth de Oxum, Arnaldo do Coco, Mestre Beto Pesão e Mestre Lu do Pneu. Na minha visão, assim como toda forma de cultura popular tradicional no Brasil, o coco de roda sofre forte perseguição, tendo em vista que os investimentos ao fomento da cultura ainda não atuam de forma igualitária, não atendem aos mestres mais antigos, quilombolas e povos tradicionais, ou ainda realizadores de cultura que residem em locais mais afastados da cidade, pela forma ainda bastante burocrática que se apresentam os editais públicos. Isso inibe que as novas gerações enxerguem a cultura tradicional como forma de vida e meio de geração de renda. O maior objetivo de ser produtor cultural na periferia é proporcionar uma forma justa de viver da nossa arte, sem atravessadores ou produtores que não conhecem e não vivenciam o dia a dia da cultura popular e tradicional. Onde houver uma cultura forte e atuante, não haverá espaço para a violência!”, conclui Felipe França, que começou sua trajetória cedo produzindo festas nos terreiros e nas sambadas, e é um dos idealizadores, produtor executivo, e um dos curadores do festival, assim como também é representante da sociedade civil no conselho de cultura da cidade de Olinda na cadeira de Cultura Popular, além de fundador do Ponto de Cultura Batá Kossô. 

 

SERVIÇO:

1ª edição do festival “Celebração: se tem coco, tem cocada!”

Quando: 14 a 17 de abril de 2022 (quinta-feira a domingo)

Onde assistir: canal do grupo A Cocada no Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCRAL1ADoFTLF7tzFavP57-w)

Acesso: gratuito e livre ao público de todas as idades

Acessibilidade: legendas e intérprete de libras


Programação completa:


Quinta – 14/04/2022

18h30- Sessão de cineclube + roda de conversa

19h20 – Arnaldo do Coco - PE

20h – Coco das Mulheres - PE

20h40 – Samba de Coco Xener de Jurema - PE

21h20 – Mestra Ana Lúcia - PE


Sexta – 15/04/2022

18h30- Sessão de cineclube + roda de conversa

19h20 – Coco Popular de Aliança - PE

20h – Mestres do Coco Pernambucano - PE

20h40 – Coco de Pneu  - PE

21h20 – Coco de Umbigada - PE


Sábado – 16/04/2022

16h30 - Sessão de cineclube + roda de conversa

17h20 – Samba de Coco Toypé do Ororubá - PE

18h – Coqueiro Alto - PB

18h40 – Coco de Seu Mané - PE

19h20 – Bongar - PE


Domingo – 17/04/2022

16h30 - Sessão de cineclube + roda de conversa

17h20 – Coco de Seu Vira/Coco Pisado das Alagoas – PE/AL

18h – Coco Zambê de Gameleira/Grupo Herdeiros de Zumbi -RN  

18h40 – Dona Glorinha - PE

19h20 – A Cocada - PE


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