“Solos em Todos os Solos”, projeto digital de apresentação, valorização e conexão de monólogos de artistas das artes cênicas, chega a sua segunda edição. O projeto traz como recorte uma mostra de sete espetáculos soteropolitanos, quatro oficinas e lives com diálogos com as equipes dos monólogos entre os dias 19 de março e 10 de abril.
O projeto, desenvolvido pelos atores Fabio Vidal e Vinícius
Piedade, apresenta virtualmente produções contemporâneas de realizadores de
Salvador e traz um repertório de espetáculos múltiplos, reunindo diferentes
gerações, grupos, dramaturgias e temáticas envolvidas.
“Fico muito orgulhoso por oferecer ao público, nesse momento
de delicadeza, tantas cenas realizadas aqui em nossa cidade por talentosas e
talentosos artistas. Queremos levar e promover ‘Solos em Todos em Solos’ em
outras partes do mundo. Promover uma diversidade de discussões e gerar espaço
para que a arte se desenvolva cada vez em maior intensidade”, comenta o
coordenador do projeto Fabio Vidal.
A mostra ganhará forma com os espetáculos “Aos 50, quem me
aguenta?”, com Edvana Carvalho, “Qualquer coisa a gente inventa”, com Meran
Vargens; “Sobretudo amor”, de Mônica Santana, “A mulher que matou os peixes”,
que tem atuação de Maira Lins, “Retratos imorais”, com João Guisande e “O Barão
nas árvores”, com Marcos Lopes e “Joelma”, com Fábio Vidal.
Diante do atual cenário de isolamento social, um projeto de
veiculação virtual foi estabelecido entre os artistas, que adaptaram seus trabalhos
ao formato digital e criaram novas maneiras de realizarem suas ações
artísticas. As encenações serão exibidas nos fins de semana, no canal do
YouTube www.youtube.com/territoriosirius.
A cada semana, o projeto promove o “Encontro Solos”, um
espaço de diálogo entre o coordenador Fábio Vidal e os artistas que se
apresentarão no fim de semana. O encontro virtual será realizado no Instagram
@siriusterritorio.
Com o propósito de formação e trocas, os participantes do
projeto ministrarão oficinas abertas ao público. A diretora e atriz Meran
Vargens ministra a oficina “Contadores de histórias: Inventação Coletiva” e
Mônica Santana, encenadora e jornalista, ministra a oficina “Mulheres negras e
re(in)venções de si - Corpo, poética e política na cena”, ambas tem como base
pesquisas e processos que deram origem aos espetáculos apresentados na mostra.
As oficinas de auto produção artística, com o encenador
Fábio Vidal, e a de elaboração de projetos, apresentada pela produtora cultural
Ana Paula Vasconcelos buscam trazer informações para profissionalizar a atuação
de artistas, produtores e estudantes no campo das artes cênicas.
“Solos em Todos os Solos” é uma realização do Território
Sirius e Multi Planejamento Cultural, contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de
Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de
Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos
oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo
Federal.
Espetáculos
“Aos 50, quem me aguenta?”
O espetáculo, que tem como ponto de partida textos autorais
da atriz Edvana Carvalho, trata da sua experiência como mulher negra,
nordestina, professora, artista, que, com mais de 50 anos, passa a lidar com
desafios que a idade impõe à mulher contemporânea. O monólogo, dirigido por
Marcelo Praddo, explora de forma leve e bem-humorada situações vividas pela
mulher madura diante de uma sociedade que ainda se guia pela valorização da
juventude e de diversos preconceitos em contraponto ao movimento de
empoderamento feminino. Edvanda Carvalho foi indicada ao Prêmio Braskem de
Teatro na categoria “Atriz”, pela sua atuação em “Aos 50, quem me aguenta?”.
“Qualquer coisa a gente inventa”
Sessão interativa de improviso, o espetáculo conta com a
participação do público em que, por meio de memórias, referências e sugestões,
Meran Vargens constrói um espetáculo único, encaminhando momentos poéticos,
artísticos e filosóficos. O espetáculo, dirigido por Meran, tem duração média
de uma hora e faz o espectador transitar por sensações e referências
diferenciadas. Jogos cênicos se estabelecem e o espectador é convidado a
interagir e a participar da tessitura do espetáculo inventado no aqui e agora.
“Sobretudo amor”
Ao unir a voz e vivências da autora e diretora Mônica
Santana com as vozes e perspectivas de mulheres entrevistadas, o espetáculo
revela a intimidade e questionamentos com o único intuito de aproximar e
dialogar com o público sobre vivências e experiências, construindo juntos suas
cartas, memórias e ritual. “Sobretudo amor” promove uma conversa da criadora
com essas mesmas vozes, que impregnaram a obra – ao falar de si, de solidão, de
encontro e de coletividade.
“A mulher que matou os peixes - Uma pop-bossa samba’n roll”
Em “A mulher que matou os peixes – Uma pop-bossa samba’n
roll”, Clarice Lispector, mãe e escritora revela seu descuido com os peixes de
estimação de seu filho, ato que resultou na morte dos dois “vermelhinhos” e,
durante toda a peça, tenta conquistar o espectador por meio de microrrelatos em
que apresenta sua convivência com diversos animais, em situações de grande
musicalidade, lirismo e identificação. O monólogo conta com texto e direção de
Djalma Thürler e atuação da atriz e cantora Maira Lins.
“Retratos imorais”
Estreado em Portugal em 2018 e apresentado em diversas
cidades brasileiras, a encenação se constrói de forma lírica, irônica e
bem-humorada ao adaptar dois contos do escritor Ronaldo Correia Brito, “Mãe em
Fuligem de Candeeiro” e “Mãe numa Ilha deserta”. Edmundo e Marivaldo são
personagens que se revelam opostos e desconhecidos, que compartilham uma
solidão habitual de muitos moradores de ilhas desertas e paisagens com
aglomerações. Os dois monólogos se unem em um só espetáculo pelo fio invisível
da poética nos avessos de duas almas, propositadamente abandonadas, no universo
do absurdo da solidão humana. O espetáculo, dirigido por Moncho Rodriguez,
rendeu a João Guisande o Prêmio Braskem no mesmo ano da sua estreia.
“O Barão nas árvores”
Lúdico e poético, o espetáculo conta a história de Cosme
Chuvasco de Rondó, filho de nobres que aos 12 anos decide subir nas árvores e
nunca mais descer, se transformando em um grande defensor da natureza. Ao
misturar teatro, música e contação de histórias, as aventuras do barão,
narrativa adaptada da obra de Ítalo Calvino, traz antigas brincadeiras infantis
e manifestações da cultura popular nordestina. “O barão das árvores” impõe
reflexões acerca de escolhas feitas na infância, preservação do meio ambiente e
poder de transformação da realidade por meio da arte. O espetáculo
infanto-juvenil é o primeiro solo do ator e produtor Marcos Lopes e tem direção
de Guilherme Hunder.
“Joelma”
“Joelma” traz à cena a história de uma das mais longevas
mulheres trans do Brasil. Para além dos aspectos sobre sexualidade e gênero, a
narrativa também apresenta a trajetória religiosa da personagem, que, hoje, aos
76 anos, vive em Ipiaú. A montagem afirma toda a trajetória de reinvenção de
si, estabelecida por Joelma, mesmo frente a preconceitos e injustiças,
instaurando respeito e dignidade e pautada numa postura ética de vida. Trata-se
de uma encenação que transita por diversas linguagens artísticas: teatro,
cinema, música e dança, apresentando um uso inovador da tecnologia na produção
cênica. Em “Joelma”, temos o requinte da palavra e o refinamento do movimento
em prol de possibilidades poéticas da cena. Espetáculo dirigido por Edson
Bastos e Fabio Vidal, que também assume a atuação da obra.
Mais informações no site: www.territoriosirius.com.br/solos
Programação
Encontro Solos
19/3 (sexta-feira), às 19h - Fábio Vidal convida Edvana
Carvalho e Meran Vargens
26/3 (sexta-feira), às 19h - Fábio Vidal convida Mônica
Santana e Maira Lins
2/4 (sexta-feira), às 19h - Fábio Vidal convida João
Guisande e Marcos Lopes
8/4 (quinta-feira), às 18h - Fábio Vidal convida Edson
Bastos e Vinicius Piedade
Espetáculos
20/3, às 19h - “Aos
50, quem me aguenta?”
21/3, às 15h - “Qualquer coisa a gente inventa”
27/3, às 19h - “Sobretudo amor”
28/3, às 15h - “A mulher que matou os peixes”
3/4, às 19h -
“Retratos imorais”
4/4, às 15h - “O Barão nas árvores”
10/4, às 19h - “Joelma”
Oficinas
Contadores de histórias: Inventação coletiva
22, 24, 29 e 31/3 (segundas e quartas-feiras), de 18h às 21h
com Meran Vargens
Carga horária: 12h
Mulheres negras e re(in)venções de si - Corpo, poética e
política na cena
24, 25 e 26/3, 14h às 18h
com Mônica Santana
Carga horária: 12h
Auto produção artística
29, 30, 31/3 e 1/4, 9h às 12h
com Fábio Vidal
Carga horária: 12h
Elaboração de projetos
5, 6 e 7/4, 9h às 13h
com Ana Paula Vasconcelos
Carga horária: 12h
Gratuito
Informações do projeto e inscrições das oficinas:
www.territoriosirius.com.br/solos
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