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A
Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa (OSMJP) abre a temporada 2015 de
concertos com uma homenagem ao escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna,
no próximo sábado (14), às 19h. A apresentação, intitulada “A Revolução com
Música”, será no auditório Celso Furtado do novo Centro Cultural Ariano
Suassuna, obra anexa ao Tribunal de Contas do Estado, em Jaguaribe. A entrada é
gratuita.
Com
regência do maestro e diretor artístico Laércio Sinhorelli Diniz, a
apresentação vai dedicar a primeira parte a obras do Movimento Armorial,
fundado por Suassuna, e fechar com a 5ª Sinfonia de Beethoven. Comporão a
primeira sessão “Mourão” e “Galope”, do compositor brasileiro César
Guerra-Peixe, “Asa Branca”, do violinista e maestro potiguar Cussy de Almeida,
e “Repente”, de Antônio Madureira.
“Com
este concerto, procuramos estabelecer um elo entre o compositor Ludwig van Beethoven e Ariano Suassuna, que
embora nascidos em épocas, geografias e realidades totalmente diferentes,
tinham no sangue o princípio da revolução como signo dos seus trabalhos. A
Quinta de Beethoven foi apresentada ao público em 1808, em Viena (na Áustria) e
é uma das peças mais representativas da ‘virada’ do estilo Clássico para o
Romântico na música erudita - uma obra extremamente revolucionária em forma e
caráter, que se tornou o pilar de todo um movimento musical”, destaca Diniz.
“Já o
Movimento Armorial era um manifesto que procurava esclarecer as questões de uma
arte erudita baseada nas raízes populares da cultura brasileira. Rapidamente,
se tornou um forte estilo musical, representando e direcionando através dos
sons todo um sentimento regional e nacional, e mudando a forma de ouvir as
nossas raízes”, completa. Com a Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes
em obras, o Centro Cultural Ariano Suassuna do TCE passa a ser, então, a nova
sede de concertos da orquestra.
O Movimento
Armorial - Fundado por Ariano Suassuna em 1970, com o apoio de artistas e
escritores nordestinos, o Movimento Armorial foi uma iniciativa artística que
visava a criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular
regional, reunindo música, dança, literatura, artes plásticas e cênicas,
cinema, arquitetura, entre outras expressões. Seu objetivo foi o de valorizar a
cultura popular do Nordeste, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a
partir das raízes populares da cultura do País.
Para o escritor, “armorial” era o
conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo. O movimento
deu grande importância à literatura de cordel (por reunir três linguagens em
uma: poesia, xilogravura e música), aos espetáculos populares, como o boi e o
cavalo-marinho, e ao teatro de bonecos.
A
Sinfonia n. 5 de Beethoven
A Quinta de Beethoven é a síntese da
Sinfonia Romântica, e dela derivam inspirações para muitas obras posteriores (a
ponto de algumas a “citarem”, literalmente, como as Quintas de Sibelius,
Shostakovich e Mahler). Ainda que estruturalmente seja clássica — o primeiro
movimento em Allegro, seguido de um movimento lento, depois um Scherzo, e por
fim o Allegro final — ela inova ao aglutinar os dois últimos movimentos, os
colocando em sequência sem interrupção, e surpreende, ao deixar recair no final
a grande marcha triunfal.
Para a estrutura da Sinfonia, foi algo
revolucionário para a época: as sinfonias anteriores tinham seu “peso
dramático” no primeiro movimento, e o que vinha a seguir (movimento lento,
minueto e finale) eram meros desdobramentos. Já esta é, desde a primeira nota,
um percurso heroico, antecipação da trajetória mítica traduzida em música, que
somente Mahler poderia compreender, quase um século depois.
Concertos
didáticos - Não só de apresentações oficiais se sustenta o trabalho da
Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa, que tem na música um forte aliado
no processo de aprendizado das crianças em idade escolar e no despertar do
interesse face a face com o instrumento. A temporada de concertos didáticos nas
escolas do município também será aberta na terça-feira (17), às 15h, no Centro
Recreativo da Juventude Tony Cássio Estrela, no Alto do Mateus, sob regência do
maestro Gustavo de Paco. O repertório é também baseado no Movimento Armorial e
em obras românticas e regionais.
“Tanto
para eles, quanto para nós, o concerto didático é uma ocasião especial de poder
apresentar-lhes a sonoridade de cada instrumento isolado e a força da
combinação de 60 deles numa música”, pontua o argentino Paco, que é também
professor de flauta transversal da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A
experiência é um mergulho nas obras clássicas e do cancioneiro popular,
explicada com bom humor e didatismo, visto que para a maioria do alunado,
orquestras são uma realidade vista apenas pela TV. “Apresentamos músicas que
facilitam a imersão neste contato inicial”, relata o regente.
Concerto
oficial:
Data:
14/03 (sábado)
Horário:
19h
Local:
Centro Cultural Ariano Suassuna (Rua Professor Geraldo Von Sohsten, 193,
Jaguaribe)
Entrada
gratuita
Programa:
-
“Mourão” (César Guerra-Peixe);
-
“Galope” (César Guerra-Peixe);
- “Asa
Branca” (versão armorial) (arr. de Cussy de Almeida);
-
“Repente” (versão armorial, Antônio Madureira);
- 5ª
Sinfonia de Beethoven.
Concerto
didático:
Data:
17/03 (terça-feira)
Horário:
15h
Local:
Centro Recreativo da Juventude Tony Cássio Estrela, Alto do Matheus (R. Luiz
Pimentel Batista, Alto do Mateus)
Programa:
-
Concerto para dois violinos em Ré menor de (J.S. Bach);
-
“Mourão” (C. Guerra-Peixe);
-
Abertura da ópera “O Barbeiro de Sevilha” (G. Rossini);
-
“Galope” (no estilo de cantoria armorial, de Guerra-Peixe);
-
Abertura da ópera “Os Maestros Cantores de Nuremberg” (R. Wagner);
-
Abertura de “O Guarani” (Carlos Gomes);
- “Climb Every Mountain” (Richard Rodgers);
-
Seleção brasileira de xotes, de Luiz Gonzaga.
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