Joaquim
Corsino contou que sonha em ser delegado.
Ele disse que gasta
1h30, entre Cariacica e Vitória |
Para
estar cada vez mais perto de realizar um grande sonho, o pedreiro Joaquim
Corsino dos Santos pedala, diariamente, entre Cariacica, onde mora, até
Vitória, onde fica a faculdade de Direito em que ele estuda. A distância, cerca
de 21 quilômetros entre um município e outro, não desanima o estudante.
Gastando mais de uma hora para chegar à faculdade, agora ele decidiu largar o
trabalho para focar nos estudos. “É meu
sonho, e chegarei lá”, garante.
Joaquim
nasceu em Tarumirim, Minas Gerais. O pai, Agenor, e a mãe, Ana Clara, eram trabalhadores rurais. Ele
contou que quando mais novo ajudava a família na roça, mas sempre sonhou alto.
“Não queria aquela vida para mim. Queria mesmo era estudar”, contou. Com mais
de 20 anos, ele terminou o curso técnico de Administração. Segundo ele, na
época, precisou trabalhar e passou anos
sem estudar.
Em 1980,
Joaquim tentou vestibular na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes),
para Ciências Contábeis, e não passou. Depois disso, ele foi trabalhar como
auxiliar de pedreiro e, mais tarde, como pedreiro, ganhando um salário
melhor. Mesmo assim, nunca abandonou o
sonho de ser advogado. “Passei a guardar parte do que ganhava para pagar uma
faculdade de Direito. Ao todo, em toda a minha vida de trabalho, consegui
juntar uns R$ 50 mil”, disse.
Ele
contou que, ao mesmo tempo, foi construindo a casa, que hoje é um prédio de
três andares localizado em Bandeirantes, Cariacica, onde mora com com três
irmãos. Durante um período, a vontade de ser delegado foi interrompida por medo
de não conseguir arcar com as despesas do curso. “Em 2008, passei num processo
seletivo em uma faculdade privada, onde cursei dois anos de Direito. Mas aí um
amigo me pediu R$ 4.500 emprestados, e eu, com receio de não ter como bancar os
estudos, tranquei a matrícula no curso”.
Depois
disso, ele trabalhou mais um ano como pedreiro para recuperar o prejuízo e
voltou à faculdade, 2012, na Serra. “Como o trajeto de casa até lá era longo,
comprei até uma moto, que está parada – ainda não tirei carteira. Essa
distância contribuiu para eu mudar de faculdade. Hoje, faço o nono período de
Direito em Vitória. Sou o mais velho da turma”, contou.
Segundo
ele, o trajeto feito entre a casa e a faculdade dura mais de uma hora. Além da
distância e do cansaço, ele ainda teve que enfrentar outros contratempos. “Saio
de casa, de bicicleta, para estudar à noite, e levo quase uma hora e meia só de
ida. Há uns seis meses, roubaram uma roda bicicleta, e tive que voltar de
ônibus”, contou.
Focado
no futuro, ele contou que parou com o trabalho para se dedicar ao sonho.
“Agora, decidi dar uma parada no trabalho só para estudar. Adoro ler a
Constituição Federal. Meu sonho é concluir o curso, tirar minha carteira da
Ordem dos Advogados e passar em concurso para ser delegado de polícia. É meu
sonho, e chegarei lá", finalizou.Fonte G1 ES
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